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Brasil perde competitividade nos setores de alimentos e bebidas

Segundo relatório da Standard & Poor s, enquanto Argentina, Chile e México apresentam condições favoráveis para esses segmentos, Brasil sofre com juros altos e crise política

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

O Brasil está perdendo a competitividade nos setores de alimentos e bebidas para outros países latino-americanos, devido às restrições que o mercado interno sofre com os juros altos, que desaceleraram a economia e inibiram investimentos, e com a crise política, que contaminou a confiança dos consumidores. Enquanto isso, Argentina, Chile e México apresentam condições mais favoráveis para o desenvolvimento desses setores.

Segundo relatório da agência internacional de classificação de risco Standard & Poor s (S&P), a indústria brasileira de alimentos e bebidas já mostra sinais de desaceleração, depois dos bons resultados de 2004. "A desaceleração do crescimento reflete a adesão do governo local a uma política monetária rigorosa, que resultou em consecutivas altas dos juros desde o final de 2004. Além disso, a crise política corrente já afeta o nível de confiança dos consumidores", afirma a S&P.

A queda da taxa de desemprego nacional para 9,4%, em junho contra 10,8% em março e o aumento do salário mínimo para 300 reais, em maio, estimularam o consumo de bens não duráveis no segundo trimestre. Apesar disso, essa classe de consumo registrou alta de 3,5% no primeiro semestre, contra 20% no segmento de bens duráveis. O consumo de bebidas cresceu 10%, mas os alimentos ficaram abaixo do média dos não duráveis, com expansão acumulada de 3,2%.

A S&P assinala que, a despeito da elevada concentração no mercado de bebidas alcóolicas (em que 90% do mercado concentra-se nas mãos dos três maiores produtores), ainda há nichos que oferecem diversas oportunidades de fusão e aquisição. Um deles é o de bebidas não-alcóolicas. Um exemplo é o segmento de sucos prontos, no qual o mais recente movimento foi a aquisição da Sucos Mais pela Coca-Cola, no início de agosto.

Outros países

Segundo a S&P, a recuperação econômica da Argentina está assegurando a expansão do consumo. A agência lembra que, até julho, a atividade industrial cresceu 6,7% no país. Nos primeiros oito meses do ano, as companhias produtoras de bens de consumo verificaram uma mudança positiva no padrão de consumo das famílias argentinas, que voltaram a procurar marcas mais caras e, em decorrência, com maiores margens para os produtores.

No caso do Chile, os preços favoráveis do cobre no mercado internacional principal produto de exportação do país e o bom desempenho econômico também incentivam o consumo doméstico. Como resultado, os fabricantes de bens de consumo como alimentos e bebidas registraram um forte aumento de vendas e uma recuperação de suas margens.

Por fim, o México viu o custo de produção da indústria de alimentos e bebidas subir no primeiro semestre. Mas os investimentos em racionalização produtiva conseguiram amenizar os aumentos em várias empresas. Muitas companhias também procuram aumentar sua presença no mercado americano, por meio de maior divulgação junto à população latina que vive nos Estados Unidos.

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