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Bônus em bancos de investimento vão cair até 25% neste ano

Executivos de bancos de investimento terão mais um ano desencorajador, já que instituições irão pagar bônus até 25% menores nas áreas que tiveram desaceleração


	Notas de real: receita dos bancos com comissões ficaram no nível mais baixo em nove anos
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Notas de real: receita dos bancos com comissões ficaram no nível mais baixo em nove anos (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2015 às 19h31.

São Paulo - Os executivos de bancos de investimento do Brasil terão mais um ano desencorajador nesta temporada de pagamento de bônus, que termina em fevereiro.

Com a receita com comissões no nível mais baixo em nove anos, os bancos vão pagar bônus até 25 por cento menores nas áreas que tiveram as maiores desacelerações, como a de emissão de ações, de acordo com headhunters e executivos. Os banqueiros que assessoram fusões e aquisições poderão ter bônus em alta em alguns bancos.

“Os bancos de investimento têm respondido ao enfraquecimento da atividade no Brasil com aperto de pessoal, redução de gestores e corte nos bônus entre 10 e 25 por cento”, disse Ricardo Amatto, sócio na empresa de recrutamento Amrop Panelli Motta Cabrera, em entrevista, em São Paulo. Os funcionários do ramo de ações sofrerão o maior impacto porque as eleições de 2014 e a Copa do Mundo causaram o maior prejuízo a esse mercado, disse Amatto.

A redução nos bônus, de em média 10 por cento, se segue a um corte também de cerca de 10 por cento no ano passado, e vem em resposta a uma retração na receita com comissões de assessoria em fusões e aquisições, emissões de ações e de dívida de 22 por cento sobre 2013, para US$ 670 milhões, segundo a Dealogic.

Os bancos não estão apenas controlando os bônus. O Goldman Sachs Group Inc. eliminou o posto de chairman no Brasil e o Banco Itaú BBA SA, com sede em São Paulo, não contratou ninguém para repor três importantes executivos que saíram desde novembro de 2013, promovendo candidatos internos, em vez disso, e reduzindo o tamanho de sua equipe no Brasil.

Perspectiva para contratações

“Poucas empresas estão contratando no setor de investment banking”, disse Vinicius Bolotnicki, sócio-gerente em São Paulo da firma de recrutamento Options Group, com sede em Nova York. Ele disse que algumas empresas estão adicionando funcionários em outras áreas, incluindo controles de risco, operações e compliance.

As perspectivas para 2015 não parecem muito melhores, disse Bolotnicki, citando o crescimento econômico fraco do Brasil e as investigações sobre supostas propinas na Petrobras e em algumas de suas fornecedoras como os motivos pelos quais os investidores continuam cautelosos.

As ofertas de ações no Brasil atingiram US$ 8,3 bilhões em 2014, nível mais baixo desde 2005, segundo dados compilados pela Bloomberg. O volume diário de ações no mercado secundário caiu 10 por cento, para US$ 3,1 bilhões, maior baixa em cinco anos, mostram dados da BM&FBovespa SA.

No Grupo BTG Pactual, os bônus para o setor de investment banking, que incluem assessoria a fusões e subscrição, tiveram pouca mudança em relação aos níveis de 2013, disse uma fonte familiarizada com o assunto, que pediu anonimato porque o valor dos pagamentos é confidencial. Para a empresa como um todo, os bônus subiram 20 por cento, disse a fonte.

Ajuda das commodities

A receita do BTG, único banco de investimento de capital aberto do Brasil, aumentou 25 por cento nos três primeiros trimestres de 2014 em relação ao mesmo período do ano anterior, porque áreas como a de commodities ajudaram a compensar os declínios em alguns dos negócios de investment banking da companhia.

Itaú BBA, do Goldman Sachs e do BTG preferiram não comentar a respeito dos bônus.

O Itaú BBA, braço corporativo e de investment banking do Itaú Unibanco Holding SA, está recompensando seus executivos com promoções e contratou 10 banqueiros seniores para a área de investment banking na América Latina nos últimos dois anos, disse a empresa em um comunicado enviado por e-mail.

Galvão, Ejnisman

O Bradesco também reduziu sua folha de pagamento no setor de investment banking quando Luiz Galvão, chefe das duas corretoras da empresa, saiu em outubro e foi substituído de forma interina por Renato Ejnisman, diretor-gerente que manteve seu título anterior de chefe de investment banking. Bradesco preferiu não comentar a respeito das remunerações da empresa.

O ramo de fusões e aquisições foi o de melhor desempenho em 2014, com um aumento de 14 por cento na receita com comissões em todo o setor, para US$ 305 milhões, disse a Dealogic. O Itaú BBA foi o maior assessor, com mais de duas vezes o número de transações do segundo colocado, o BTG, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Jean-Marc Etlin, CEO de investment banking do Itaú BBA, disse no mês passado que 2014 foi um recorde para as receitas desse setor no banco.

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