Boeing admite erros em sistema de alerta nos 737 MAX
"Não implementamos esta função corretamente", disse o diretor-executivo da empresa em entrevista à rede de televisão CBS
AFP
Publicado em 30 de maio de 2019 às 10h06.
O diretor-executivo da Boeing , Dennis Muilenburg, reconheceu nesta quarta-feira "erros" na implementação do alerta sobre problemas no sistema de estabilização MCAS do 737 MAX , origem de dois desastres aéreos, que deixaram 346 mortos.
"Não implementamos esta função corretamente", disse Muilenburg em entrevista à rede de televisão CBS, a primeira de um diretor da Boeing desde o acidente de 10 de março com um 737 MAX da Ethiopian Airlines, que matou 157 pessoas.
Em 29 de outubro, outro 737 MAX - da companhia indonésia Lion Air - caiu em situação semelhante matando as 189 pessoas a bordo.
Chamada de "luz de divergência" na linguagem da Boeing, o sinal dispara em caso de informação errada transmitida por um dos sensores de "ângulo de ataque" (AOA) do sistema de estabilização MCAS.
Segundo as primeiras informações da investigação sobre o acidente da Lion Air, um dos sensores AOA falhou, mas apesar disto continuou transmitindo informação ao MCAS.
Neste momento, o procedimento correto seria desativar o MCAS, mas a tripulação da Lion Air não tinha acesso ou conhecimento do sinal de advertência.
A Boeing não informou sobre esta função à companhia, apesar de considerá-la importante para a segurança da aeronave.
"Nossa comunicação sobre o sinal de advertência não foi o que deveria ter sido", admitiu Muilenburg nesta quarta-feira. "Falhamos completamente nisto (...). A implementação foi um erro, não a implementamos corretamente".
No final de abril, fontes especializadas disseram à AFP que a Boeing havia desativado o sinal de advertência sem avisar aos reguladores ou às companhias aéreas.
Só informou sobre isto após o acidente da Lion Air, mais de um ano depois da entrada em serviço do737 MAX.
Finalmente, a Boeing decidiu tornar o sinal de advertência uma função básica e gratuita para todos os clientes do 737 MAX, após o aval dos reguladores.