Disney troca de CEO após 15 anos e Bob Chapek assume o cargo
Na era da expansão do streaming, Bob Chapek assume o cargo de CEO após liderar a divisão de Parques, Experiências e Produtos da Disney
Karin Salomão
Publicado em 26 de fevereiro de 2020 às 09h19.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2020 às 19h08.
A Walt Disney Co . informou nesta terça-feira (25) que Bob Iger não é mais o CEO da empresa, cargo que ele exerceu durante 15 anos e nos quais a transformou na líder mundial de entretenimento. O conselho de Administração do grupo nomeou Bob Chapek, um executivo veterano com 27 anos de experiência na Disney, para assumir imediatamente a posição mais alta da Disney.Chapek é o sétimo CEO na história de quase 100 anos da empresa.
Bob Iger se tornará o diretor do conselho de administração até o fim de seu contrato, em dezembro de 2021, e "dirigirá os esforços criativos da companhia", segundo comunicado. Nos seus 15 anos como CEO, Iger liderou as maiores aquisições da Disney: a compra da Pixar por 7,4 bilhões de dólares, da Marvel por 4 bilhões de dólares e da Lucasfilm por 4 bilhões de dólares. A maior aquisição da história da dona do Mickey aconteceu em março de 2019, com a compra da Fox de Rupert Murdoch por 71,3 bilhões de dólares.
Também lançou o serviço de streaming Disney Plus em novembro, que já tem 28,6 milhões de inscritos.De 55 bilhões de dólares em 2015, o valor de mercado da Disney chegou a 231 bilhões de dólares hoje. Iger foi o CEO mais bem pago no mundo de entretenimento, recebendo 65,6 milhões de dólares em 2018 e 47,5 milhões de dólares no último ano fiscal.
Se Iger liderou as aquisições da Marvel, Pixar e Fox, Chapek trabalhou para incorporar os temas e personagens aos parques. Ele criou a área mais imersiva e tecnológica dos parques, a Star Wars: Galaxy's Edge no Disneyland Resort e no Walt Disney World Resort. Também desenvolveu brinquedos e atrações da Marvel em parques em todo o mundo.
Parques e experiências imersivas
Chapek, 60, assinou um contrato de três anos. O executivo não tem experiência na área de criação de conteúdo, mas sim em desenvolvimento de produtos e expansão de parques e experiências.
Antes de entrar na Disney, Chapek trabalhou em gerenciamento de marcas na Heinz e em publicidade na J. Walter Thompson. Ele é formado em microbiologia e possui MBA pela Michigan State University.
"Quando eu era criança em Hammond, Indiana, filho de um veterano da Segunda Guerra Mundial e de mãe trabalhadora, meus pais nos levavam todos os anos para férias em família no Walt Disney World", disse ele durante conferência com investidores na tarde de terça-feira. "Foi aí que desenvolvi um profundo amor pela Disney e tudo o que ela representa. Esse garoto nunca imaginou que um dia teria a chance de liderar essa empresa extraordinária como o sétimo CEO em seus quase 100 anos de história”, disse.
Na Disney, seu cargo anterior era de diretor da divisão de Parques, Experiências e Produtos, que foi criada em 2018. Antes disso, foi diretor de Parques e Resorts desde 2015.
A sua divisão de Parques e Experiências compreendia seis resorts nos Estados Unidos, Europa e Ásia, uma linha de cruzeiro e um programa de viagens. Já a divisão de produtos gerencia o programa de licenciamento de produtos, brinquedos, itens de casa, games e aplicativos, bem como as lojas da Disney pelo mundo e sua plataforma de comércio eletrônico.
Durante seu mandato, a Disney Parks viu o maior investimento e expansão em seus sessenta anos de história, diz a empresa, incluindo a abertura do Xangai Disney Resort. Também dobrou a frota de cruzeiros.
Atualmente, parte dessas iniciativas é impactada pelo surto do coronavírus. Os parques de Xangai e de Hong Kong estão fechados atualmente por conta da epidemia e há preocupações de que o lançamento de filmes como Mulan possa ser prejudicado uma vez que os cinemas na China estão fechados.
Sob a direção de Chapek, a Disney deve continuar investindo na experiência dos consumidores."A abordagem centrada no hóspede de Chapek se concentra em garantir que todos os aspectos da experiência sejam únicos e superem as expectativas dos hóspedes dos parques", diz a empresa.
O grupo pretende aumentar o volume do conteúdo original, aproveitando seu gigantesco portfólio de títulos, que incluem franquias como "Star Wars" e relacionadas aos super-heróis da Marvel. A competição com a Netflix ficará mais acirrada e a empresa do Mickey deve mostrar a relevância de sua história centenária.