Smartphones BlackBerry: a BlackBerry está solicitando mais propostas após aceitar uma oferta tentativa de US$ 4,7 bilhões da Fairfax, sua principal acionista (Valentin Flauraud/Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de outubro de 2013 às 12h01.
Toronto e Nova York - A BlackBerry Ltd. está mais perto de dissolver-se em meio a preocupação com que a Fairfax Financial Holdings Ltd. não consiga arrecadar o financiamento ou reunir os sócios para uma compra por US$ 4,7 bilhões, informou uma fonte do setor.
Companhias como a SAP AG, a Cisco Systems Inc. e a Samsung Electronics Co., procuradas por consultores da BlackBerry na semana passada, manifestaram interesse somente por partes da companhia, conforme fontes do setor. Uma dissolução permitiria que as partes realizassem ofertas pelas peças mais valiosas da BlackBerry, como suas patentes ou sua rede empresarial, afirmaram as fontes, que solicitaram o anonimato pelo caráter privado das discussões.
“Se a companhia fosse dissolvida, geraria mais valor do que tem atualmente”, disse Sachin Shah, estrategista em situações especiais e arbitragem de fusões na Albert Fried Co, sediada em Nova York. Independentemente do sucesso da oferta da Fairfax, “dissolver a companhia parece mais apetitoso para todos os envolvidos”, acrescentou.
A BlackBerry está solicitando mais propostas após aceitar uma oferta tentativa de US$ 4,7 bilhões da Fairfax, sua principal acionista, no mês passado. Sob esse acordo, a BlackBerry tem até 4 de novembro para considerar outras propostas enquanto a Fairfax e um grupo de investidores realizam os trâmites necessários e alinham o financiamento.
Os investidores se preocupam cada vez mais com uma possível quebra do acordo. As ações da companhia operam 10 por cento abaixo da oferta da Fairfax, de US$ 9 por ação.
Até agora, a única oferta pública pela BlackBerry é a da Fairfax. O presidente da companhia de investimentos, Prem Watsa, demitiu-se do conselho da BlackBerry em agosto para armar sua oferta. Watsa não divulgou os nomes dos outros membros de seu consórcio de aquisição. Embora o grupo esteja procurando financiamento de companhias, como a Bank of America Corp. e a BMO Capital Markets, nenhum acordo a respeito foi anunciado.
SAP, Cisco
No intuito de desencadear uma guerra de ofertas pela fabricante de smartphones, os assessores da BlackBerry têm visitado seus sócios tecnológicos para avaliar seu interesse, disseram as fontes. A SAP, a Cisco e a Samsung não estão interessadas em realizar ofertas pela companhia inteira, porém poderiam considerar partes específicas, disseram as fontes.
A carteira completa de patentes de smartphones e redes celulares da BlackBerry vale cerca de US$ 1,6 bilhões, estima Steven Li, analista na Raymond James Financial, em Toronto.
Christopher Marlett, presidente do MDB Capital Group, banco de investimento focado em patentes, estima que a carteira poderia alcançar entre US$ 2 bilhões e 3 bilhões.
Talvez o maior ativo da BlackBerry seja seu caixa, que era de US$ 2,6 bilhões no final de agosto.
Ganho nas ações
A especulação com uma possível oferta rival ajudou a impulsionar as ações em mais de 5 por cento nos últimos três dias. No entanto, elas continuam 32 por cento abaixo neste ano e já caíram quase 95 por cento depois do pico alcançado em 2008.
A recente tentativa da BlackBerry para achar compradores é a última de uma série. Antes de anunciar em agosto que estava considerando formalmente ofertas de aquisição, os banqueiros da companhia passaram quase um ano visitando potenciais compradores, informaram fontes do setor na época.
O JPMorgan Chase Co. e o RBC Capital Markets contataram discretamente possíveis compradores e encontraram pouco interesse pela companhia inteira, especialmente entre empresas de private-equity, afirmaram as fontes.
Lisette Kwong, porta-voz da BlackBerry, declarou que o conselho da companhia está trabalhando com assessores legais e financeiros independentes para realizar “uma revisão sólida e completa” das suas opções estratégicas. “Não pretendemos divulgar mais avanços do processo até aprovarmos uma transação específica ou concluirmos a revisão de alternativas estratégicas”, acrescentou Kwong.