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Bilionária chinesa perde 66% da fortuna com guerra comercial

Zhou Qunfei, presidente do conselho da fornecedora de eletrônicos Lens Technology, perdeu US$ 6,6 bilhões - a maior queda entre os ricos da China.

Bandeiras da China e dos Estados Unidos em poste de Washington (Hyungwon Kang/Reuters)

Bandeiras da China e dos Estados Unidos em poste de Washington (Hyungwon Kang/Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 28 de outubro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 28 de outubro de 2018 às 06h00.

As telas sensíveis ao toque do iPhone e da Tesla fizeram dela a mulher mais rica da China. A guerra comercial entre EUA e China a tornou a maior perdedora de 2018 entre os bilionários chineses.

Zhou Qunfei, presidente do conselho da fornecedora de eletrônicos de consumo Lens Technology, perdeu neste ano 66 por cento de sua fortuna, ou US$ 6,6 bilhões -- a maior queda em termos percentuais entre os ricos da China --, segundo o Bloomberg Billionaires Index.

As ações da Lens Technology caíram 62 por cento neste ano devido à forte queda das fornecedoras da Apple em meio aos aumentos de tarifas aplicados à China pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e depois que Elon Musk renunciou à presidência do conselho da Tesla após investigação da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês).

A queda na riqueza também derrubou as fortunas de bilionários como o fundador da Alibaba, Jack Ma, e o CEO da Tencent, Ma Huateng. Os bilionários chineses que estão entre as 500 pessoas mais ricas do mundo perderam um total combinado de US$ 86 bilhões neste ano.

Relatório da Oxford Economics divulgado nesta sexta-feira concluiu que as ações chinesas foram as mais afetadas pelas notícias adversas sobre política comercial.

“As ações chinesas, em geral, têm reagido mais às notícias negativas sobre a guerra comercial nos últimos meses, têm se recuperado mais lentamente que as ações americanas e têm sido menos afetadas pelas notícias positivas a respeito da guerra comercial do que as demais”, escreveram os analistas Jamie Thompson e Liam Gallagher.

Muitas fornecedoras da Apple na Grande China, incluindo a Lens, caíram no mês passado depois que Trump afirmou que estava disposto a aplicar tarifas a mais US$ 267 bilhões em produtos chineses, que se somariam às taxas a US$ 200 bilhões em importações já estudadas por ele. Tarifas e realocações de fábricas nos EUA aumentariam custos, enquanto a possível ascensão do nacionalismo na China poderia levar ao boicote de marcas americanas como a Apple, prejudicando as fornecedoras, disse Yeason Jung, analista da Capital Futures, no mês passado.

A Lens também lamina painéis com telas para a Tesla. Muitas das fornecedoras asiáticas da Tesla caíram depois que a SEC acusou Musk de enganar os investidores ao tuitar que havia conseguido financiamento para fechar o capital da fabricante de veículos, o que resultou em um acordo de US$ 40 milhões.

Zhou nasceu em Xiangxiang, na província chinesa de Hunan, em 1970. Após trabalhar durante seis anos em uma fábrica de óculos, ela saiu e fundou sua própria empresa em Shenzhen, a antecessora da Lens Technology. A empresa começou a ser negociada no mercado Growth Enterprises em Shenzhen em março de 2015. O marido dela, Zheng Junlong, é acionista e vice-presidente do conselho da Lens.

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