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BDO contesta união de KPMG e Trevisan no Cade

Segundo a antiga sócia da Trevisan, negócio geraria concentrações de 80% em alguns mercados

KPMG: união com Trevisan passará pelo Cade (Getty Images)

KPMG: união com Trevisan passará pelo Cade (Getty Images)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 21 de julho de 2011 às 18h40.

São Paulo – A BDO, antiga parceira da consultoria Trevisan no Brasil, decidiu entrar na briga para barrar a união de sua ex-sócia com a KPMG, anunciada em março. O negócio deve ser analisado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). E é nesta instância que a BDO quer provar que a parceria pode gerar concentrações de até 80% em alguns mercados, como o de agroindústria, por exemplo, embora, no mercado geral de auditorias, a concentração seja de 30%.

Segundo um interlocutor da BDO no processo, a associação das duas companhias gera concentração excessiva, aumento de preços e, consequentemente, prejuízos para o mercado de auditoria no país. “Acho difícil que haja uma decisão parcial do Cade no processo. Trata-se de uma operação que será ou tudo ou nada”, disse a fonte a EXAME.com.

A BDO participa do processo como um terceiro interessado. A companhia julga como ilegal a associação das duas empresas. “Não é de interesse da empresa retomar a parceria com a Trevisan, mesmo porque não há clima para isso. A BDO não vai ganhar nada diretamente, mas pode contribuir para que a concorrência do setor seja mais saudável”, afirmou.

O processo está agora sob análise da Secretária de Acompanhamento Econômico (Seae), que fará um estudo sobre o mercado de auditoria. “A Seae está conversando com diversas empresas para colher o material necessário, já que não é de interesse da KPMG apresentar as informações”, disse a fonte.

Segundo ela, o processo deve demorar cerca de um ano para ser concluído e corre sérios riscos de ser vetado pelo órgão antitruste. “Caso isso ocorra, a Trevisan poderá se associar a outra companhia ou mesmo continuar operando sozinha”, afirmou.


De acordo com o relator do caso, Olavo Chinaglia, a discussão envolvendo a concorrência entre auditorias no Brasil é inédita e diferente de todos os casos analisados pelo Cade. “Não estamos falando da aquisição de unidades industriais ou de marcas, mas sim, da transferência de capital intelectual”, disse Chinaglia ao jornal Valor Econômico.

O caso

Em outubro do ano passado, a EXAME antecipou a informação que a KPMG estava negociando a aquisição da operação da BDO no país. Em março deste ano, o negócio foi confirmado. Segundo estimativas, a operação foi avaliada em 150 milhões de reais.

A estrutura comprada pela KPMG é composta por 28 sócios, 1.200 funcionários e 18 escritórios. Após a saída da Trevisan, a BDO se associou à RCS.

Em nota, a KPMG afirmou que  a compra da operação brasileira da BDO pela KPMG não altera de modo significativo a composição de participação do mercado nas áreas de atuação da KPMG, nem tampouco inibe a concorrência efetiva entre as empresas que atuam nesse mercado.

"A transação, como qualquer negócio similar, encontra-se atualmente, por iniciativa da própria KPMG, em análise pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Justiça. A KPMG tem colaborado com esse órgão governamental no intuito de fornecer esclarecimentos e contribuir para o bom andamento do processo e aguarda a sua conclusão", disse a companhia.

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