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Barbie que conversa com crianças é acusada de ser espiã

Modelo da boneca criada pela Mattel para interagir com suas donas recebe críticas antes mesmo de chegar ao mercado


	Barbie: diálogos seriam gravados para serem usados por anunciantes posteriormente
 (Richard Newton/Creative Commons)

Barbie: diálogos seriam gravados para serem usados por anunciantes posteriormente (Richard Newton/Creative Commons)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 16 de março de 2015 às 18h21.

São Paulo – Entre bonecas que falam e carrinhos ultramodernos, parece cada vez mais difícil inventar algo realmente novo para a indústria de brinquedos.

A Mattel, no entanto, quis se superar ao lançar a Hello Barbie há cerca de um mês. O brinquedo não só fala, como é capaz de manter um diálogo complexo com a sua dona.

Tida como o grande trunfo para que a Barbie voltasse ao reinado de bonecas - as vendas caem desde o ano passado -, a novidade está causando preocupações mesmo antes de começar a ser vendida.

Feita em parceria com a empresa US Toy Talk, a Hello Barbie se conecta à internet via wi-fi e usa a tecnologia de reconhecimento de voz para responder as perguntas. 

Ela, então, grava as conversas que podem ser ouvidas posteriormente pelos pais.

Acontece que o conteúdo é enviado, de imediato, para a Toy Talk, que faz a interpretação e armazena as frases antes de enviar uma resposta pré-gravada pela boneca à criança.

Com isso, Hello Barbie  pode responder a perguntas desenvolvidas a partir de dados colhidos em conversas anteriores, como a resposta da pergunta "o que eu deveria ser quando crescer?".

É aí que, apontam especialistas em privacidade, pode morar o perigo: ter revelados os pensamentos íntimos e detalhes das rotinas das crianças para desconhecidos.

Boneca espiã

“Na demonstração da Mattel, a Barbie faz perguntas que buscam obter um monte de informação sobre a criança, como seus interesses e sua família”, disse a professora Angela Campbell, da escola de Direito da Universidade de Georgetown, ao jornal The Guardian.

“Essas informações podem ter um enorme valor para anunciantes e poderiam ser usadas para tentar vender produtos às crianças.”

A empresa alega que os dados não seriam usados para tal finalidade e que as conversas gravadas apenas serviriam para que melhoras no sistema fossem sempre feitas.

Um apelo contra a boneca, que deve chegar ao mercado americano antes do Natal por US$ 75, foi lançado pela entidade Campanha por uma Infância Livre de Comerciais nos EUA.

Se a boneca estará ou não nas lojas até dezembro só o tempo dirá. Mas já é real que a Hello Barbie conseguiu chamar atenção (mesmo que negativa) do público. 

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