Banco Central autoriza compra da XP pelo Itaú, mas com restrições
Alvo de críticas, compra levou 15 meses para ser aprovada. Itaú assumiu o compromisso de não adquirir controle acionário da XP por oito anos.
Reuters
Publicado em 10 de agosto de 2018 às 09h05.
Última atualização em 10 de agosto de 2018 às 11h03.
São Paulo - Depois de quase 15 meses, o Banco Central aprovou a compra da empresa de investimentos XP pelo banco Itaú – mas com restrições. Houve mudanças em relação à operação original anunciada por XP e Itaú em maio de 2017.
O BC aprovou que, numa primeira fase, o Itaú compre 49,9% do capital da XP.A fatiacorresponde a 30,1% das ações ordinárias da empresa. A compra será feitapor meio de aporte de capital no valor de 600 milhões de reais e aquisição de ações detidas pelos acionistas vendedores no valor de 5,7 bilhões de reais.Além disso, o Itaú pode fazer uma nova aquisição, até 2022, de 62,4% do capital da XP, o que representa 40% das ações ordinárias. Essa segunda compra precisaria ser analisada pelo BC.
Quando anunciaram a operação, as instituições pretendiam que o Itaú pudesse comprar uma fatia adicional da XP, chegando a deter 74,9% do capital da empresa, o equivalente a 49,9% das ações ordinárias. Isso foi vetado pelo Banco Central. O BC também vetou a possibilidade de o Itaú comprar o controle da XP, como queriam as instituições. Além disso, o Itaú se compromete a não fazer uma oferta para comprar o controle da XP por oito anos.
A operação, e especialmente a possibilidade de o Itaú controlar a XP no futuro, estavam sendo criticadas por executivos do mercado financeiro – inclusive por Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central. O argumento era que isso poderia sufocar uma das poucas empresas que estavam conseguindo crescer e competir com grandes bancos no segmento de investimentos.
Quando avaliou e aprovou a compra, em março deste ano, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) fez algumas exigências. Por exemplo: proibiu que o Itaú ofereça produtos exclusivamente para a XP e que a XP venda apenas produtos do Itaú. A XP também se comprometeu a manter taxa zero para alguns investimentos, como os que são feitos por meio do Tesouro Direto. O Cade também limitou a participação do Itaú no conselho de administração da XP: pode indicar dois dos sete membros.
Os limites impostos pelo BC podem levar a XP a abrir o capital no próximo ano. EXAME apurou que essa é uma possibilidade para captar recursos e permitir que sócios minoritários, como o fundo General Atlantic, vendam sua participação na empresa.
Após a aprovação pelo BC, a XP divulgou um comunicado em que Guilherme Benchimol, fundador e presidente da empresa, diz que a “operação aumenta ainda mais nosso potencial de crescimento, solidez e credibilidade, mantendo nossa total autonomia e independência no controle e gestão da companhia”.
Candido Bracher, presidente do Itaú, afirmou, em nota, que “este é um modelo de negócios diverso daquele que pode ser perseguido pelo banco diretamente, que acreditamos ter grande potencial de crescimento, e se enquadra na nossa estratégia de reforçar as receitas não diretamente vinculadas a risco de crédito ou de mercado”.