Bain irá investir US$ 1 bi em trabalhos voluntários até 2025
O objetivo é engajar os funcionários e organizar o trabalho voluntário, que já era realizado informalmente pela companhia
Karin Salomão
Publicado em 21 de junho de 2019 às 08h00.
Última atualização em 21 de junho de 2019 às 08h01.
A Bain & Company, consultoria estratégica, irá investir 1 bilhão de dólares em serviços pro bono até 2025. A companhia irá prestar serviços de consultoria para ONGs e organizações sociais, sem custo para elas.
O objetivo é engajar os funcionários e organizar o trabalho voluntário, que já era realizado informalmente pela companhia. Segundo uma pesquisa interna, cerca de 70% de seus 8 mil funcionários em todo o mundo participaram de alguma forma de trabalho social no ano passado.
Os investimentos trazem um benefício extra para a consultoria: ao trabalhar em projetos sociais, os funcionários se sentem mais felizes e motivados. Assim, a consultoria melhora a retenção de talentos e diminui a rotatividade.
Os projetos visam tornar as organizações mais profissionais e eficientes. Há outros projetos em que é preciso rever toda a estratégia e o próprio modelo de negócio. A empresa não abre quantas instituições já foram atendidas. As organizações não fazem parte dos mesmos mercados que são atendidos normalmente pela consultoria.
Para atender uma ONG, uma equipe de consultores da Bain se dedica por três a quatro meses ao projeto, durante o horário de trabalho. "O rigor e cobrança nesses projetos sociais é o mesmo que em qualquer trabalho", diz Wanessa Ferreira, gerente da Bain & Company. Se um funcionário passou os últimos meses trabalhando em um projeto pro bono, é avaliado nas análises semestrais como se tivesse atuado em um projeto normal.
O valor que seria cobrado dessas organizaçõe se torna uma doação da Bain. É assim que a empresa espera alcançar 1 bilhão de dólares em investimentos em impacto social até 2025.
Para selecionar os grupos que participarão de uma consultoria, a Bain firmou parcerias com organizações sociais do mundo, como Acumen, Endeavor, Accion, The Nature Conservancy, KIPP e Teach for America.
Entre as ONGs que já participaram do projeto, estão a Fundação Amazonas Sustentável (FAS), do Governo do Estado do Amazonas e pelo Banco Bradesco, Ensina Brasil, de desenvolvimento de lideranças, Vetor Brasil, organização da sociedade civil que atua para melhorar a eficiência em governos, e planejamento estratégico e a Associação Vaga Lume, que promove a leitura e a gestão de bibliotecas comunitárias.
Um dos projetos mais recentes foi o realizado com a Amigos do Bem, organização sem fins lucrativos voltada ao desenvolvimento de comunidades do sertão nordestino, com a geração de empregos no sertão a partir de processos produtivos (fábricas de castanha de caju e grupos de costureiras, por exemplo).
O trabalho da Bain incluiu análises de portfólio de produtos, canais, logística, fluxo de caixa, parcerias, estrutura organizacional, entre outros aspectos, em um plano estratégico de cinco anos. Entre os objetivos, é aumentar em quatro vezes o número de empregos e em cinco vezes a margem gerada pela comercialização dos produtos.
Outra iniciativa de impacto social é a licença para trabalhos voluntários. Os funcionários podem sair por alguns meses para atuar em alguma instituição - normalmente em outro país - e retornam à vaga de trabalho e retomar a carreira.