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Aurora dá férias coletivas em fábrica de SC por momento difícil no setor

Empresa disse que há "oferta excessiva e uma deterioração de preços" com decisão do governo de desabilitar indústrias avícolas a exportarem para Europa

Aurora: companhia informa que não está prevista a demissão de trabalhadores (Divulgação/Divulgação)

Aurora: companhia informa que não está prevista a demissão de trabalhadores (Divulgação/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 29 de março de 2018 às 16h50.

Última atualização em 29 de março de 2018 às 18h42.

São Paulo - A Aurora Alimentos, terceira maior processadora de aves do país, decidiu dar férias coletivas aos funcionários da unidade industrial de processamento de aves em Abelardo Luz, em Santa Catarina, entre os dias 1º e 30 de junho por causa do "difícil momento vivido pelo setor no Brasil".

Em comunicado nesta quinta-feira, a empresa afirmou que há uma "oferta excessiva e uma deterioração de preços", e cita entre as razões decisão do governo brasileiro de desabilitar indústrias avícolas no país a exportarem para a Europa desde o último bimestre de 2017.

"Grande parcela da produção nacional destinada à exportação acabou permanecendo no mercado doméstico", disse a Aurora. "Nesse estágio, a capacidade de armazenagem à frio, própria e de terceiros, chega ao seu limite, tornando-se imperiosa a necessidade de reduzir temporariamente a produção."

Em email à Reuters, o Ministério da Agricultura afirmou que muitas empresas saíram da lista para União Europeia, sendo algumas porque não exportavam mais para o bloco e outras por não cumprirem os requisitos de exportação para a região, incluindo cinco unidades da Aurora por não entregarem todos os laudos positivos para salmonella ao Serviço de Inspeção Federal (SIF).

A BRF , maior processadora de aves do país, que teve suspensa a produção e certificação sanitária de produtos de aves exportados do Brasil para a União Europeia, também dará férias coletivas a partir de maio para funcionários de uma de suas unidades em Santa Catarina.

A suspensão no caso da BRF ocorreu depois de a companhia ter sido alvo no começo do mês de uma nova fase da operação Carne Fraca da Polícia Federal, que investiga irregularidades na análise sanitária de produtos alimentícios. A medida afetou 10 fábricas da companhia.

Em teleconferência com analistas na quarta-feira, executivos da Marfrig afirmaram que estavam focando os esforços em posicionamente de marca e no mercado de exportação para enfrentar a competição no mercado brasileiro, com a maior oferta de proteínas de menor valor que a carne vermelha.

A JBS , dona da marca Seara, segunda maior processadora de aves do país, também afirmou que vai trabalhar o mix de produtos de maior valor agregado e focar nas exportações para driblar o momento do setor. Em teleconferência nesta quinta-feira, executivos da empresa disseram não ver redução no volume de produção.

Além da questão das exportações ao bloco europeu, a Aurora também citou efeito da suspensão temporária das importações da Rússia, que interrompeu as compras de carne suína do Brasil a partir de dezembro do ano passado, alegando a presença do aditivo alimentar ractopamina em alguns lotes importados.

O diretor global de operações da JBS, Gilberto Tomazoni, afirmou que é muito difícil prever a reabertura do mercado russo, destacando que se trata de uma negociação bilateral complexa. Na teleconferência desta quinta-feira, ele disse que a Rússia já é autossuficiente em aves e busca o mesmo para suínos.

A Aurora Alimentos explica sua decisão de férias coletivas citando ainda que o suprimento do milho, um dos principais insumos da avicultura industrial, passa por um período de retenção especulativa, cujo efeito é o inflacionamento artificial do preço.

"Essa situação agrava as dificuldades do setor e força as agroindústrias a obter no exterior o milho para a manutenção dos quase 520 milhões de aves alojadas em todo o país", informou.

No começo do mês, a Reuters noticiou que a JBS havia comprado 30 mil toneladas de milho da Argentina, para ser usado como ração, para entrega em abril em porto de Santa Catarina, segundo uma fonte com conhecimento do assunto, em razão da retenção de grãos por produtores locais.

A Aurora informa que não está prevista a demissão de trabalhadores, mas afirmou que decidirá em junho se haverá necessidade de colocar uma segunda planta industrial em regime de férias coletivas.

A unidade de Abelardo Luz que terá férias coletivas emprega 1.391 trabalhadores e abate 33,5 milhões de frangos por ano, o equivalente a 13,4 por cento do total abatido pela companhia.

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