4 dúvidas com relação ao Novo Pão de Açúcar
Para o Itaú BBA, pontos como a absorção de sinergias com a Casas Bahia e a negociação com o Casino ainda são questionáveis
Da Redação
Publicado em 3 de julho de 2011 às 08h17.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h32.
São Paulo – A criação do Novo Pão de Açúcar com a fusão do Carrefour com o Pão de Açúcar, proposta na última terça-feira (28/6) ainda deixa dúvidas no mercado. Na visão de visão do relatório de Juliana Rozenbaum, Francine Martins e Enrico Grimaldi, do Itaú BBA entre as dúvidas principais estão o verdadeiro potencial de ganho de sinergias e a reação do Cade. O número somado de lojas dos dois grupos é de 1.202, espalhadas em todas as regiões do Brasil. A nova varejista vai nascer com mais de 216 mil funcionários, sendo 70,8 mil do Carrefour e 145 mil do Pão de Açúcar. O Casino afirmou que a proposta feita pelo BTG Pactual havia sido preparada ilegalmente por Abilio Diniz – e não recebeu o empresário, que tentou contato pessoalmente com representantes da rede na França.
São Paulo - “É difícil para nós entender o que motivaria o Casino a aceitar esse negócio”, dizem os analistas, em relatório do Itaú BBA. A proposta, como foi apresentada, dilui a participação do Casino, que tem o direito de assumir o controle da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD) em 2012. Além disso, para o Itaú BBA, comprar hipermercados na mesma região geográfica não faz muito sentido. Inicialmente, as ações do Grupo Pão de Açúcar subiram após o anúncio da proposta de operação. Mas, na noite de ontem (29/6) o Casino informou ao mercado que havia adquirido uma fatia de 6,2% da rede - elevando sua participação no grupo brasileiro para 43,1 por cento. “O movimento de alta nas ações da companhia nos últimos dois pregões foi certamente influenciado pela referida aquisição”, segundo relatório do Banco Fator, assinado pelos analistas Renato Prado e Ronaldo Kasinsky.
São Paulo - “Acrescentar outra distração à administração pode dificultar as coisas”, segundo o relatório do Itaú BBA. O Pão de Açúcar ainda não terminou de capturar as sinergias da operação com a Casas Bahia. Além disso, o Pão de Açúcar ganharia uma pressão adicional com o Carrefour – que recentemente trocou seu time administrativo no Brasil. O Carrefour seria administrado por um grupo totalmente diferente, segundo Cláudio Galeazzi, consultor e sócio do BTG. Outro ponto negativo é o “inevitável” desgaste gerado com o Casino. A participação de Galeazzi, por sua vez, foi festejada pelo analista Tobias Stingelin, em relatório do Santander. Uma possível participação dele na administração da nova empresa seria “muito bem vinda”, segundo o relatório, uma vez que a CBD já está envolvida com a Casas Bahia. Galeazzi auxiliou Abilio Diniz na reestruturação do Pão de Açúcar.
São Paulo - Se a fusão for concretizada, a nova rede terá 27% de participação no mercado de supermercados brasileiro, segundo relatório do banco Votorantim, assinado pelos analistas Luiz Cesta e Marco Richier. Por isso, a operação deverá ser submetida ao Cade. “O Cade é um risco para as sinergias totais, mas não para o negócio”, afirmam os analistas do banco Votorantim. Eles acreditam que, como as duas redes concentram-se no sudeste, elas devem ser obrigadas a vender algumas lojas em localidades específicas, o que pode reduzir as sinergias previstas inicialmente. Além da atuação em alimentos, o Carrefour também vende alguns eletro-eletrônicos – assim como a Casas Bahia e o Ponto Frio, do Grupo Pão de Açúcar. “Apesar da combinação entre Carrefour Brasil e CBD ser possível, a recente negativa do Cade à BRFoods claramente aumentou o risco”, segundo relatório do Santander.
São Paulo - O Itaú BBA não acredita que o Walmart irá apenas assistir a essa consolidação no mercado Brasileiro. Uma possibilidade aventada pelo Itaú BBA é que o Walmart procure algum tipo de enlace com o Casino. A eventual união do Pão de Açúcar com o Carrefour no Brasil criaria uma empresa com faturamento entre 52 bilhões de reais e 65 bilhões de reais. O valor chega quase ao triplo dos 22 bilhões de reais que o Walmart faturou em 2010, de acordo com o ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).