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Após ser demitida do CLT, ela criou negócio de seis dígitos que ensina pessoas a lidar com dinheiro

O negócio de Mila Gaudencio saiu do improviso para um modelo escalável, com cursos, parcerias e a comunidade Irene$, que reúne dezenas de pessoas em acompanhamento financeiro

Mila Gaudencio: após 15 anos na mesma multinacional, a demissão impulsionou o início da carreira como empreendedora (Arquivo Pessoal/Montagem EXAME)

Mila Gaudencio: após 15 anos na mesma multinacional, a demissão impulsionou o início da carreira como empreendedora (Arquivo Pessoal/Montagem EXAME)

Guilherme Santiago
Guilherme Santiago

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Publicado em 3 de dezembro de 2025 às 13h52.

Última atualização em 3 de dezembro de 2025 às 14h11.

Recomeços profissionais costumam nascer sem planejamento e sob pressão. Para muitos, a mudança aparece no aperto financeiro, no desgaste emocional ou no fim de uma relação de trabalho. Com Mila Gaudencio não foi diferente.

Ela passou 15 anos na mesma multinacional. Entrou como estagiária e logo foi promovida. Virou analista, coordenadora e gerente. Atravessou fusões, atuou em áreas estratégicas, liderou projetos na América Latina e viveu uma carreira de ascensão contínua. E, mesmo depois de tudo isso, Mila foi demitida.

Mas ela não quis buscar outra vaga. Decidiu que o seu recomeço viria criando o próprio negócio. Lançou um curso simples, vendeu para 14 pessoas e gravou tudo no celular. Era o começo da MG Educação Financeira e Gestão Empresarial, empresa que hoje fatura mais de seis dígitos por ano

“Eu precisei voltar a acreditar em mim”, diz.

A vida antes do empreendedorismo

Mila cresceu em uma família sem escassez, mas também sem excessos. Guardava moedas do lanche para comprar o que queria. Aos 13 anos, juntou metade do valor para comprar uma bota que tanto queria. Não à toa, entrar na faculdade de economia parecia o caminho mais óbvio, mas a chance real só apareceu aos 17 anos, quando encontrou um cursinho comunitário. 

Primeira turma do curso próprio teve 14 alunos e foi gravada pelo celular durante a pandemia (Arquivo Pessoal)

Era o Educafro, uma organização com sede no centro de São Paulo que atua na defesa dos direitos humanos e no combate ao racismo e promove a inclusão de pessoas negras e de baixa renda por meio de bolsas e apoio educacional. Mila passou a estudar aos sábados, das oito da manhã às oito da noite. O resultado veio com a bolsa de 80% em Ciências Econômicas.

No segundo ano da faculdade, conseguiu o estágio que mudaria tudo. Foi efetivada nove meses depois e teve a chance de passar por diferentes áreas da empresa – contratos, planejamento, inteligência de mercado e precificação. Fez especialização, MBA e assumiu liderança durante uma fusão que reduziu equipes. Mila permaneceu. “Entendi que era uma peça importante ali”, diz.

Anos mais tarde, a empresa passou por mudanças. Mila recebeu a notícia da demissão e o impacto foi rápido. “Minha autoconfiança foi para o chão”, diz. Esse intervalo trouxe uma conclusão: seguir na CLT significaria ficar vulnerável a decisões que não dependiam dela. Foi quando ela decidiu empreender.

A construção do negócio

Sem renda estável e ainda tentando lidar com a saída, Mila começou a ajudar pequenos empreendedores em 2020, nos primeiros meses da pandemia. Aplicava o que sabia de precificação e organização financeira.  

Em agosto do mesmo ano, lançou o primeiro curso pago. Gravou em um fim de semana. Continuou com lives, vídeos e testes de formato. O começo foi curto e difícil. Em seis meses, faturou R$ 12 mil – menos que a remuneração mensal no CLT. Em 2021, pouco mais de R$ 58 mil. Em 2022, o negócio ganhou forma e, pela primeira vez, Mila faturou mais de R$ 100 mil. Em 2025, o faturamento total supera R$ 400 mil.

Objetivo atual é escalar a comunidade Irene$ mantendo preços acessíveis e aprofundamento no aprendizado. (Arquivo Pessoal)

A produção constante atraiu marcas. Vieram consultorias, aulas em cursos e MBAs, palestras e novos cursos digitais. 

“Meu negócio segue a regra máxima da economia de nunca colocar todos os ovos na mesma cesta”, brinca.

O negócio hoje

A MG Educação Financeira e Gestão Empresarial funciona em múltiplas frentes, todas ancoradas em educação financeira. A reúne consultorias, aulas em cursos e MBAs, palestras, conteúdos digitais e parcerias com marcas. A produção constante nas redes sociais sustenta o fluxo de alunos e contratos. 

Em julho de 2025, mais um braço para a empresa: a Irene$ - Comunidade de Finanças, criada a partir da figura que representa a “versão futura” de cada pessoa, que virou um núcleo próprio com mais de 30 participantes, trilhas de estudo, encontros mensais e acompanhamento financeiro em um aplicativo dedicado.

O foco agora é transformar a comunidade Irenes no centro do negócio. Mila quer ampliar o número de participantes, fortalecer o aplicativo e criar produtos que permitam manter preços acessíveis. A ideia é escalar sem perder profundidade. “Meu desejo é que a Irene ganhe força”, afirma.  Para isso, ela aposta na própria credibilidade, que vem sendo construída desde 2020.

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