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Após prejuízo com despesas financeiras, Marfrig vê 4o tri melhor

Gastos com a compra da Keystone fizeram o resultado do trimestre anterior cair

A Marfrig é responsável por 18,9% das exportações brasileiras de carne bovina (Divulgação/Exame)
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Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2010 às 15h26.

São Paulo - O Marfrig, grupo brasileiro do setor de alimentos com atuação global, sofreu um prejuízo no terceiro trimestre devido a despesas financeiras relacionadas a "hedge" cambial e pagamento de juros das debêntures emitidas para a aquisição da Keystone, um negócio que envolveu 1,2 bilhão de dólares.

Os gastos com os juros somaram 233 milhões de reais, enquanto as despesas com as operações nos mercados no terceiro trimestre atingiram 154 milhões de reais, informaram executivos da empresa nesta quinta-feira.

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Com esses gastos, o Marfrig registrou prejuízo de 30,1 milhões de reais entre julho e setembro, ante lucro de 200,5 milhões de reais em igual período do ano passado. No segundo trimestre deste ano, o Marfrig lucrou 127,4 milhões de reais.

"Quando fechamos a aquisição da Keystone, o dólar estava a 1,82 real. Se tivesse fechado com esse câmbio, a Keystone ia entrar a 1,82 real. Mas decidimos... fazer um hedge e pagamos em outubro com dólar de 1,76 real. Então tivemos um ganho na aquisição da Keystone que vai aparecer no quatro trimestre", destacou Marcos Molina, presidente do Marfrig, em teleconferência com analistas.

Para a compra da Keystone, que garantiu ao Marfrig ser um dos principais fornecedores do McDonald's, a companhia emitiu cerca de 2,5 bilhões de reais em debêntures, subscritas integralmente pelo BNDESPar, o braço de participações do BNDES.

Os resultados da Keystone, a propósito, serão contabilizados para o Marfrig a partir do atual trimestre.

Se a parte financeira pesou nos resultados, a operacional apresentou dados positivos. A receita líquida foi de 3,9 bilhões de reais no terceiro trimestre, alta de 8,3 por cento em relação ao segundo trimestre e crescimento de 60,5 por cento ante o mesmo período do ano passado, quando a companhia ainda não contabilizava as operações da Seara.

A receita foi impulsionada pelo aumento de vendas nos mercados domésticos (incluindo food service) e de exportação das divisões de Bovinos-Brasil e da Nova Seara.

A participação de market share da Marfrig no abate total de gado sifado no país, que era de 7 por cento no terceiro trimestre de 2009 e de 11 por cento no segundo trimestre, cresceu para 14 por cento, apesar da forte alta dos preços do boi no mercado interno.

"Temos uma grande diversificação de plantas no Brasil e temos investido em confinamento. Acredito que fomos bem sucedidos na estratégia de transferência de preços, com um mercado interno bastante forte... E os preços de exportação aumentaram no período. Isso possibilitou esse ganho de market share...", disse o diretor de Relações com Investidores, Ricardo Florence.


O Marfrig aumentou sua participação de market share nas exportações brasileiras de carne bovina para 18,9 por cento, ante 11,6 por cento no mesmo período do ano passado.

"Acho que as vendas do 4o trimestre estão muito boas. Na parte de bovinos, mesmo como o aumento do gado, temos repassado aumento de preços, e eu vejo um cenário mais otimista que no terceiro trimestre", completou Molina.

A companhia afirmou ainda que a marca Seara também registrou aumento de vendas e ganhos de market share no mercado interno, cuja fatia passou de 6,2 por cento em dezembro de 2009 para 7,8 por cento recentemente.

Maiores custos

A empresa só sentirá plenamente o aumento dos custos dos grãos, após a recente disparada das cotações das commodities, no primeiro trimestre de 2011, declarou o diretor de Aves, Suínos e Industrializados do Marfrig, Mayr Bonassi, acrescentando que, por outro lado, o mercado está absorvendo uma alta nos preços dos produtos acabados.

Ele explicou que o impacto da alta das matérias-primas no quarto trimestre não será totalmente sentida no período porque a empresa tinha estoques e estava protegida em mercados futuros.

"Quando começou a alta de preços, tínhamos um estoque bom, nesse período da alta fomos comprando alguma coisa e fazendo um pouco de média, no pico maior seguramos as compras na esperança de uma estabilidade", disse.

"Sem dúvida nenhuma o grão vai impactar os custos mais fortemente no próximo trimestre, mas há abertura maior para repasse de preços, principalmente na área internacional, na chamada food inflation."

"Para o início do ano que vem, sim, os grãos chegarão com custos totais para a produção de aves e suínos."

Por volta das 14h15 (horário de Brasília), as ações do Marfrig perdiam 2,5 por cento na Bovespa, enquanto o índice principal da bolsa subia 1,15 por cento.

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