Após cerveja gelada, Stanley tem uma nova aposta para crescer no mercado nacional
Com crescimento de 42% em 2022, marca quer repetir case do copo térmico de cerveja em outra categoria
Repórter de Negócios
Publicado em 29 de março de 2023 às 08h04.
Última atualização em 29 de março de 2023 às 12h03.
De tempos em tempos, a opinião pública brasileira é tomada por questões que demandam uma resposta clara: gosta ou não – às vezes, vale até um “odeio”. E foi o que aconteceu com a Stanley.
A marca americana começou à jornada pelo sul do país em 2015, acompanhando o gosto do público local pelo chimarrão.Quando iniciou a subida no mapa com a proposta de oferecer um copo térmico para lidar com o problema de cerveja quente, os ânimos se exaltaram – e a marca ganhou mais dinheiro.
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“As críticas ajudaram a gente. Quando os memes começam, o awareness [reconhecimento de marca] sobe. Como tivemos sempre a estratégia de boca a boca, nós tínhamos uma legião de fãs”, afirma Pedro Ipanema, vice-presidente de Marketing da PMI, empresa responsável pela marca desde 2002.
Um dos primeiros funcionários da Stanley no país, Ipanema conta que a explosão de vendas foi tamanha que a marca só conseguiu corrigir a relação entre produção e demanda entre o fim de 2021 e começo de 2022. A campanha que levou ao boom dos copos térmicos entrou em circulação em 2019.
“A gente lançou o produto, fez uma expectativa de vendas e foi muito maior”, diz. A movimentação fez com que os produtos da linha para bar respondam atualmente por mais da metade do faturamento da marca no país.
O restante é originado pela venda itens para:
- Mate e hidratação, disputando o segundo lugar
- Café
- Camping, com participação mais tímida
Qual é o novo mercado
Mundialmente, hidratação é quem está no topo da pirâmide. E, no Brasil, a categoria começa a ter a mesma prioridade que os produtos de bar dentro da estratégia da marca.
Em 2022, a linha de hidratação registrou um avanço de 200% na receita. Para efeito de comparação entre os momentos e penetração de cada unidade de negócio, bar teve alta de 20%.No cômputo geral, a Stanley cresceu 42% em vendas.
“Queremos repetir o case de bar”, afirma Ipanema. Para buscar a meta, a Stanley tem repetido a estratégia: influenciadores, patrocínios a eventos e lançamento de produtos para ocasiões de consumo diversas, como trabalho, academia e consumo ao longo do dia.
Uma das barreiras de crescimento é o próprio “mercado”. O brasileiro não tem um hábito arraigado de andar para cima e para baixo com garrafas de água – no máximo, usa as garrafas recicláveis.
O consumo deste tipo de produto hoje é mais restrito ao ambiente corporativo, resultado de adoção de políticas que retiraram os copos plásticos das copas, kits de boas-vindas e de brindes entregues em eventos de mercado.
Por outro lado, a Stanley quer aproveitar essa realidade para ter papel central na construção da categoria por aqui. A estratégia parte de um aprendizado que a companhia teve nos Estados Unidos. Lá, a marca teve que suar e muito para chegar à liderança.
Outras companhias como Hydro Flask e Yeti ocuparam a posição de desenvolvedoras do setor e, por anos, mantiveram o domínio das primeiras posições em participação de mercado.
Qual é a novidade da empresa em hidratação
Por aqui, a linha de hidratação ganhou um reforço midiático nas últimas semanas, o Quencher. O copo é considerado a atual estrela da marca após se tornar viral em redes como TikTok e Instagram nos Estados Unidos ao longo dos últimos anos. As filas chegaram a mais de 150 mil clientes em 2022, segundo números da empresa.
O item desembarcou em versões a partir de 887 ml e preço iniciando em R$ 285,00 no site da empresa. Encorpado, ele tem a proposta de ser usado ao longo do dia. Assim como os demais itens da Stanley, carrega a técnica criada por William Stanley Jr, o engenheiro elétrico que inventou o modelo em 1913 nos Estados Unidos.
O segredo dos copos e garrafas Stanley está no vácuo entre as paredes ,recurso que impede a troca de temperatura.
As ações para lidar com cópias e falsificações
Além dos memes, o crescimento da marca pelo país foi acompanhado por uma onda de cópias e falsificações. Os primeiros não abalaram os números, de acordo com a PMI, já os últimos continuam sendo um problema.
“Está cada dia mais difícil. Antigamente, todo produto falsificado era aço polido, agora já tem aço escovado. Não tinha informação no fundo, agora já tem, o que torna mais difícil de o consumidor identificar. A grande saída é continuar inovando”, afirma.
Segundo o executivo, a marca está investindo em novas ações para tornar mais difícil a cópia e deve anunciá-las em breve. O pacote deve incluir um pilar de estratégias mais repressivas.
Na América Latina, o Brasil é o país mais problemático, até pelo tamanho da operação. Hoje, a Stanley tenta conter o problema tanto sob o viés judicial quanto com o uso de tecnologia.
No digital, há dois anos a empresa contratou uma ferramenta que faz varreduras e derruba anúncios de produtos falsificados em ecommerces. “A quantidade de derrubada é enorme”, afirma.