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Aporte bilionário reforça a febre pelos coworkings

O bilionário japonês Masayoshi Son, dono do banco SoftBank, investiu 4,4 bilhões de dólares na startup de coworking americana WeWork

Wework: startup de escritórios compartilhados recebeu aporte de 4,4 bilhões do SoftBank (WeWork/Divulgação)

Wework: startup de escritórios compartilhados recebeu aporte de 4,4 bilhões do SoftBank (WeWork/Divulgação)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 25 de agosto de 2017 às 10h23.

Última atualização em 2 de agosto de 2019 às 18h17.

O superciclo dos coworkings, espaços de trabalho compartilhados, acabou de ganhar um novo marco nesta sexta-feira. O bilionário japonês Masayoshi Son, dono do banco SoftBank, investiu 4,4 bilhões de dólares na startup de coworking americana WeWork, no maior aporte da história do setor. Do total investido pelo SoftBank, 3 bilhões vão para a própria WeWork, e outros 1,4 bilhões serão destinados à expansão das operações na Ásia, em países como China, Coreia do Sul e o próprio Japão.

Fundada em 2010 e com sede em Nova York, nos Estados Unidos, a WeWork oferece espaços de trabalho compartilhado em mais de 150 endereços ao redor do mundo — incluindo no Brasil, onde já opera com duas unidades em São Paulo, na Paulista e na Faria Lima. Mesmo antes do aporte do SoftBank, a WeWork já estava entre as dez startups mais valiosas do mundo, segundo o jornal The Wall Street Journal, com um valor de mercado de mais de 17 bilhões de dólares. Agora, analistas afirmam que a conta pode subir para 20 bilhões, o que colocaria a WeWork no sexto lugar de uma lista liderada pela empresa de transportes Uber, avaliada em 68 bilhões de dólares.

A WeWork é só mais uma das empreitadas de Masayoshi Son e de seu Fundo Visionário, que tem em caixa 100 bilhões de dólares a procura de investimentos lucrativos e inovadores. O apetite de Son não é pequeno: o maior exemplo foram os 32 bilhões de dólares pagos pela compra da empresa de semicondutores britânica ARM Holdings, no ano passado.

Em março, a WeWork já havia recebido um aporte de 300 milhões do SoftBank, mas, agora, os japoneses oficializaram de vez a parceria. Para Paulo Humberg, presidente da companhia de investimentos em tecnologia A5 digital, de São Paulo, o novo aporte reafirma o ótimo momento do espaços de trabalho compartilhados. Ele mesmo está investindo no lançamento de um coworking em São Paulo. “Para o fundo do SoftBank, 4 bilhões é um ticket médio de investimento. E com isso eles investem numa área que tem um grande potencial de crescimento”, diz Humberg. “Para o WeWork, tão importante quanto o dinheiro é o conhecimento que o SoftBank tem do mercado asiático, evidentemente um dos com maior potencial do planeta”.

Embora estejam associados a locais de trabalho para startups moderninhas, a grande aposta dos coworkings é conquistar os grandes conglomerados. Nos Estados Unidos, a WeWork já tem entre seu porfólio de clientes empresas como a Microsoft, que levou 300 de seus funcionários para um espaço de coworking em Nova York. A ideia é que os funcionários saiam da caixinha do escritório. No Brasil, grandes empresas como a consultoria Accenture ou a operadora de cartões Mastercard também têm mesas alugadas em espaços compartilhados. Ali eles podem dividir mesas, trocar ideias, tomar uma cerveja e compartilhar carregadores de celulares.

Se tanta integração vai dar resultado, é cedo para dizer. Mas enquanto a conclusão não chega, a WeWork faz sua parte num marketing caprichado. Seus espaços são “ambientes dinâmicos para criatividade, concentração e colaboração” capazes de fazer o colaborador “aprenda a gostar das segundas-feiras”, como diz o site da WeWork. No Brasil, para usar o espaço, os clientes pagam de 700 reais por uma mesa a 1.500 por um escritório privativo.

Desde sua fundação, a WeWork já recebeu mais de 2 bilhões de dólares em investimentos, incluindo parceiros como os bancos JPMorgan e Goldman Sachs. Na mais recente rodada de investimentos, em julho, a empresa levantou 760 milhões de dólares, segundo uma fonte informou ao jornal The Wall Street Journal. O presidente e co-fundador da companhia, Adam Neumann, disse em maio que a expectativa era lucrar 1 bilhão de dólares em 2017.

Seu modelo de negócios é híbrido. A WeWork compra ou aluga com desconto andares em prédios nos grandes centros financeiros e comerciais do mundo e, depois, os aluga para que diferentes empresas aloquem seus funcionários, a um preço mensal pelo uso das mesas. A margem de lucro, segundo a WeWork, é de mais de 40%.

Os usuários de coworking, no Brasil e no mundo, são em sua maioria jovens profissionais especializados, entre 26 e 35 anos, segundo a pesquisa Global Coworking Survey, da Deskmag, revista especializada no setor. Alguns são profissionais liberais e freelancers, não necessariamente vinculados a uma empresa, mas que preferem usar o espaço de coworking do que trabalhar sozinhos em casa.

No Brasil, a WeWork abriu em março seu primeiro espaço, na avenida Paulista. De lá para cá, uma nova unidade foi aberta na Faria Lima, e outros cinco locais serão inaugurados em breve, na Berrini e na Torre JK, em São Paulo, e em Ipanema, na avenida Almirante Barroso, e em Botafogo, no Rio. Outra forte marca no nascente setor de coworkings brasileiro é a holandesa Space, dona do grupo de escritórios compartilhados Regus, e a Cubo, do Itaú, que foi pioneira na área por aqui.

Os coworkings chegaram ao Brasil por volta 2010 e, nos últimos cinco anos, os espaços de trabalho compartilhado saltaram de cerca de 70 em 2013 para mais de 400. Com o novo aporte bilionário da WeWork, a euforia só deve aumentar. Se há mercado para tanta gente dividir mesas de trabalho com desconhecidos, é outra história.

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