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Anos incríveis: a volta do Hippo

Um espaço exclusivo, para poucos, uma casa que recupere o charme perdido dos charmosos clubes noturnos. É o que pretende o empresário Ricardo Amaral com a reinauguração, prevista para julho, do Hippopotamus, o lendário night club que viveu o seu apogeu dos anos 1970 a 1990, com sede em três capitais: Rio, São Paulo e […]

HIPPOPOTAMUS, NOS ANOS 70:  a casa noturna vai reabrir no Rio para 2.500 sócios  / Dedoc

HIPPOPOTAMUS, NOS ANOS 70: a casa noturna vai reabrir no Rio para 2.500 sócios / Dedoc

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Da Redação

Publicado em 10 de junho de 2016 às 15h57.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h34.

Um espaço exclusivo, para poucos, uma casa que recupere o charme perdido dos charmosos clubes noturnos. É o que pretende o empresário Ricardo Amaral com a reinauguração, prevista para julho, do Hippopotamus, o lendário night club que viveu o seu apogeu dos anos 1970 a 1990, com sede em três capitais: Rio, São Paulo e Salvador.

O novo Hippo, como a boate era chamada pelos seus frequentadores, vai funcionar na mesma quadra da Rua Barão da Torre, em Ipanema, onde nasceu a versão carioca, a mais bem-sucedida e badalada, que reinou sozinha durante anos no Rio – em São Paulo, o Hippo sempre teve a incômoda concorrência do Gallery, a casa comandada por José Victor Oliva. Com o tempo, as duas boates, porém, perderam espaços para o surgimento de grandes casas noturnas que, mesmo com espaço reservado para os chamados VIPs, não tinham o mesmo charme e exclusividade dos nights clubs dos anos 1970 e 1980. O Hippo do Rio, aberto em 1974, fechou de forma melancólica, em 2001, já sem a mesma clientela de outrora.

É justamente esse público, órfão de boates mais exclusivas, seletivas, que Amaral pretende chamar de volta com a inauguração do novo Hippo, projeto que custou cerca de 7 milhões de reais. “A partir dos anos 1990, tudo ficou muito grande, as casas eram enormes e, mesmo criando os seus nichos, os espaços para os VIPs, não havia mais aquela atmosfera intimista, uma boate onde as pessoas podiam se encontrar para conversar, beber e comer, sem ser incomodadas”, afirma Amaral.

“Esse modelo over ficou muito associado a um público mais juvenil, afastando justamente a clientela que gostava e ainda gosta de frequentar a noite, mas que não quer necessariamente frequentar uma balada com as de hoje”. O novo Hippo terá três ambientes: um longe com pista de dança no primeiro andar; no segundo um restaurante comandado pelo chefe Claude Lapeyre, o mesmo da antiga boate (e que dessa vez dividirá a cozinha com o filho, o também chef Ricardo Lapeyre), e no terceiro uma tabacaria ao ar livre.

Só para sócios

E como tornar a boate um espaço para poucos, exclusivo, e ao mesmo tempo heterogêneo, uma das marcas do primeiro Hippo? Amaral inspirou-se nos clubes americanos e europeus. Só os sócios podem frequentá-lo. Tudo é na base do boca a boca. Um amigo convida o outro, que convida o outro e pronto: está formada a confraria. O novo Hippo terá 2.500 sócios, 1.500 do Rio e 1.000 de outras cidades.

A casa vai disponibilizar vários tipos de serviços para os sócios, de reservas de hotéis – no caso dos não residentes – com preços mais convidativos, ao acesso ao “Clube do Vinho”, que terá curadoria de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho. “Vamos conseguir vinhos de excelente qualidade com preços mais acessíveis. A ideia é que o Hippo seja um segunda casa para quem o frequenta e não um lugar que ele vai apenas gastar seu dinheiro, sem vínculo afetivo”.

Os convites para os sócios serão distribuídos semanas antes da inauguração. Amaral espera que o novo Hippo tenha uma clientela tão exclusiva – e diversificada  – quanto a boate original, frequentada por grandes empresários e celebridades como Pelé, Ayrton Senna, Gilberto Braga, Sônia Braga, Vera Fisher e Cazuza. Se conseguir o mesmo sucesso dos anos dourados, o empresário não terá concorrentes, a não ser que a moda dos nights clubs volte com tudo.

Em 1974, quando abriu o Hippo em São Paulo, Amaral reinou sozinho até a chegada do Gallery. “Eu tinha o único clube privado da cidade e quando o Gallery abriu eu me senti copiado. O curioso é que o (Victor) Oliva provou do próprio veneno quando o Regine’s foi aberto e parte da clientela do Gallery migrou pra lá”, diz Amaral. Se o novo Hippo fizer sucesso, será quase impossível, admite o empresário, evitar o surgimento de novos concorrentes.

Ele acha que a volta dos clubes privados é uma tendência que veio pra ficar e cita o exemplo do Loulou’s, boate londrina que virou a favorita do príncipe William e de Kate Middleton. Lá, os sócios só podem levar quatro amigos por dia. Os homens não podem tirar os seus ternos e o espaço se parece muito mais uma casa com vários ambientes do que propriamente com  uma “balada”.

Não se sabe ainda se o novo Hippo terá o mesmo charme e encanto da antiga boate. A missão de Amaral é espinhosa. A noite do Rio, nos anos 1970 e 1980, ainda competia de igual para igual com a noite paulistana. Hoje, até os cariocas admitem que a cidade de São Paulo não tem rivais à altura.

O empresário, porém, está otimista. Ele lembra que o Hippo passou a ser conhecido no mundo inteiro como um dos mais charmosos clubes privados da América do Sul após uma visita do Príncipe Charles aos Brasil, em meados dos anos 1970 . Ele teria se encantando tanto com a efervescência da casa que, já em Londres, perguntando qual era o melhor night club do mudo, não titubeou: “O Hippo, no Rio”. “Minha esperança é que o William e a Kate troquem o mais rapidamente possível o Loulo’s pelo Hippo. Eu preciso lotar isso aqui de gente interessante”,  brinca Amaral.

(Tom Cardoso)

 

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