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Anglo paralisa produção de minério de ferro por 90 dias após vazamento

Anglo afirmou que precisará desses cerca de 90 dias para concluir a inspeção do mineroduto, que está com as operações suspensas por determinação do Ibama

Anglo American: empresa estimou até o momento em 60 milhões de reais o custo total das ações de reparação e recuperação (Germano Lüders/Site Exame)

Anglo American: empresa estimou até o momento em 60 milhões de reais o custo total das ações de reparação e recuperação (Germano Lüders/Site Exame)

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Reuters

Publicado em 3 de abril de 2018 às 17h05.

São Paulo/Rio de Janeiro - A mineradora Anglo American informou nesta terça-feira que as atividades de produção e escoamento de minério de ferro no sistema Minas-Rio ficarão paralisadas por cerca de 90 dias, após um novo vazamento em um mineroduto em Minas Gerais.

A empresa estimou até o momento em 60 milhões de reais o custo total das ações de reparação e recuperação operacionais, econômicas e socioambientais decorrentes dos incidentes com o mineroduto em Santo Antônio do Grama (MG).

O montante não considera prejuízos decorrentes da paralisação das exportações.

"Evidentemente que a perda de faturamento é maior do que isso (60 milhões de reais), porque a gente vai deixar de embarcar nos próximos meses", declarou o presidente da Anglo American no Brasil, Ruben Fernandes, durante evento em São Paulo.

Ele não comentou o valor do prejuízo em função da paralisação dos embarques, mas disse que a empresa já negocia com os clientes, uma vez que está ficando sem minério nos estoques.

"Em termos de estoques, estamos terminando os estoques do porto, não existe muito material mais para ser embarcado", disse ele.

"A gente já está conversando com os clientes para reprogramar os embarques. Assim que a gente retomar a produção, a gente pretende preparar toda a planta, toda a operação para voltar em um ritmo melhor de produção, a gente replanejaria esses embarques ao longo do ano."

Considerando que o sistema deveria exportar pelo menos 13 milhões de toneladas ao ano, a empresa deixaria de embarcar em 90 dias pouco mais de 3 milhões de toneladas.

A título de comparação, esse volume geralmente representa cerca de 10 por cento das exportações totais do Brasil em um mês. Os embarques do país são dominados pelas vendas da Vale, maior produtora global de minério de ferro.

Inspeção

A Anglo afirmou que precisará desses cerca de 90 dias para concluir a inspeção do mineroduto, que está com as operações suspensas por determinação do órgão ambiental federal Ibama após dois vazamentos em menos de um mês.

Com as operações paralisadas, a empresa afirmou que vai dar férias coletivas para parte do pessoal que trabalha na mina, usina e planta de filtragem por 30 dias, a se iniciar em 17 de abril. Para o período subsequente, a Anglo afirmou que vai conversar com o sindicato e autoridades "para definir as alternativas que sejam mais adequadas para seus empregados".

A Anglo interrompeu suas operações depois que um vazamento foi encontrado em 29 de março no mineroduto que transporta sua produção de minério de ferro de Minas Gerais até o Rio de Janeiro, em ponto 400 metros à frente do anterior.

A empresa já havia interrompido suas operações anteriormente, entre 12 e 27 de março, devido ao rompimento do mineroduto em Santo Antônio do Grama, que causou o despejo de 300 toneladas de uma polpa formada por uma mistura de minério de ferro com água em um córrego na região.

O minério da Anglo é transportado da mina e da usina de beneficiamento, em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas (MG), até o Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), ao longo do mineroduto de 529 quilômetros, que atravessa 33 municípios mineiros e fluminenses.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ajuizou, na segunda-feira, um pedido de tutela de urgência para que a Justiça determine a suspensão das atividades de transporte de minérios pelo empreendimento Minas-Rio até que seja concluída auditoria ambiental independente no local.

O MPMG destacou ainda que, em 16 de março, a Justiça deferiu pedido liminar determinando o bloqueio de 10 milhões de reais da mineradora, com o objetivo de garantir a reparação e indenização dos danos sociais e ambientais causados.

 

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