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Ambev segurou preços para atrair clientes na crise

A crise econômica, o desemprego e a falta de confiança do consumidor levaram a companhia a manter os preços competitivos

Ambev: a crise econômica, o desemprego e a falta de confiança do consumidor levaram a companhia a manter os preços competitivos (ThinkStock)

Ambev: a crise econômica, o desemprego e a falta de confiança do consumidor levaram a companhia a manter os preços competitivos (ThinkStock)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 28 de outubro de 2016 às 18h14.

Última atualização em 28 de outubro de 2016 às 19h09.

São Paulo - Por conta da crise econômica, a Ambev resolveu adiar o aumento dos preços de seus produtos no Brasil, que normalmente ocorre no terceiro trimestre, para o quarto trimestre.

Com o contínuo aumento do desemprego, a pressão por preços ficou ainda maior. O clima também não ajudou. "Tivemos um inverno mais rigoroso. Mas estamos nos aproximando do verão", disse Bernardo Paiva, diretor geral da Ambev, em conferência com analistas.

"Sempre avaliamos, em conjunto, o volume de vendas, participação de mercado e preço, para decidir sobre qual é a melhor estratégia", afirmou, justificando a decisão de adiar a alta de preços.

Para a Ambev, o cenário macroeconômico no Brasil prejudicou o seu desempenho. "Estamos decepcionados com os números no Brasil", afirmou Ricardo Rittes, vice-presidente financeiro e de relações com investidores.

A inflação, alto índice de desemprego e a baixa confiança do consumidor afetaram o volume de vendas no país, que caiu 4,1%. A receita líquida no Brasil encolheu 6,6% e o Ebitda, 31,1%, chegando a R$ 2,02 bilhões. A receita com cervejas foi 5,3% menor no trimestre.

Consumidores também trocaram refrigerantes por água ou sucos em pó, mais baratos. As vendas nessa categoria despencaram 13,8% no trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior.

Aumento nos custos

Além da queda nas receitas, a companhia também amargou aumento nas despesas. O custo dos produtos vendidos no Brasil foi 24% maior no período.

O principal motivo foi o hedge feito pela empresa, ou seja, uma proteção contra a variação do real. Como o real desvalorizou 60% no segundo semestre de 2015, a recuperação da moeda foi refletida no aumento de custos.

Assim, os custos atrelados ao dólar, que são cerca de 40% do total, aumentaram em relação ao trimestre anterior. "2016 foi um ano muito desafiador em termos de volatilidade de câmbio no Brasil", afirmou Paiva.

Foco em garrafas retornáveis

Para oferecer produtos a preços mais atrativos, a Ambev investiu fortemente nas garrafas de vidro retornáveis de 300 mL. Elas já são responsáveis por 25% das vendas dos supermercados, número que ainda deve aumentar, segundo o diretor.

Além de serem mais acessíveis para os consumidores, as garrafas também são mais baratas para a companhia.

"O alumínio das latinhas é uma commoditie com preços que são bastante afetados pela variação do dólar. Não é o caso do vidro. A nossa exposição à variação da moeda é menor e os custos também são reduzidos", afirmou Paiva.

Com a melhora do cenário macroeconômico no Brasil e o aumento da renda e da confiança dos consumidores, a Ambev espera recuperar as vendas, principalmente no segmento de cervejas premium.

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