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Alheios às crises globais, aviões privados ampliam espaço no mercado aéreo

Pandemia provocou cancelamento de voos comerciais e fez demanda por jatos particulares disparar, e nem crises econômicas, guerra e preço dos combustíveis parecem frear o setor

A nova aeronave para voos privados, Bombardier Global 7500, apresentada em 3 de março de 2022 em Genebra, na Suíça (Nathalie OLOF-ORS/AFP)

A nova aeronave para voos privados, Bombardier Global 7500, apresentada em 3 de março de 2022 em Genebra, na Suíça (Nathalie OLOF-ORS/AFP)

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AFP

Publicado em 13 de março de 2022 às 14h59.

Última atualização em 18 de março de 2022 às 11h03.

As companhias aéreas sofrem os efeitos da consciência climática, da pandemia e agora dos elevados preços do petróleo. Porém, os operadores de aviões privados, há tempos, não registravam resultados tão positivos.

O medo do coronavírus e a diminuição de muitos voos regulares durante a pandemia fizeram com que a demanda de jatos privados disparasse. Segundo o Eurocontrol, o organismo de vigilância do tráfego aéreo, os voos para negócios duplicaram em relação a 2019 e representaram 12% do transporte aéreo em 2021.

"A aviação privada, em seu conjunto, viveu um aumento incrível da demanda", confirmou à AFP Phillippe Scalabrini, diretor para o sul da Europa da empresa VistaJet. "As pessoas que podem se permitiram ter um avião inteiro à sua disposição, sem ter que compartilhá-lo", explica.

No ano passado, o efeito da covid-19 aumentou em 90% o número de horas de voo desta companhia de jatos privados.

A demanda é tal que a empresa, fundada em 2004 pelo milionário suíço Thomas Flohr, anunciou a compra da alemã Air Hamburg no final de fevereiro, três dias antes da invasão da Ucrânia, com o objetivo de aumentar em 30% suas horas de voo.

Ainda que seja um pouco cedo para avaliar as consequências do conflito, Scalabrini está otimista.

A clientela russa representa "menos de 5%" do seu volume de negócios. Com os problemas nas cadeias de abastecimento, "os empresários se orientam, de novo, ao seu fornecedores na Ásia, argumenta.

Um avião de 72 milhões de dólares

A VistaJet suspendeu todos os seus voos à Rússia antes das sanções internacionais até ver como se desenvolveria a situação.

"Tivemos medo de ver nossos aviões bloqueados na Rússia", disse Scalabrini, que apresentou, em Genebra, a pérola da frota da empresa, um bimotor Global 7500 da construtora alemã Bombardier, que custa 72 milhões de dólares.

Poltronas de couro, camas aconchegantes e degustação de vinhos: a companhia cuida de todos os detalhes a bordo deste avião, que prevê, inclusive, uma viagem prazerosa para os animais de estimação com brinquedos e comida.

Para limitar o cansaço vinculado ao fuso horário, a pressão da cabine é menor que em um voo comercial. Assim, o viajante "pode dormir como em sua casa de Saint-Moritz", uma luxuosa estação de esqui nos alpes suíços, compara Scalabrini. Os contratos de sua companhia com os seus clientes começam, em média, a partir de 500 mil dólares.

Dez vezes mais poluente

Consciente da importância de sua imagem e reputação, VistaJet espera chegar à neutralidade de carbono até 2025.

Porém um voo em um avião privado é 10 vezes mais poluente que um voo comercial, segundo a ONG Transporte e Meio Ambiente.

"Somos favoráveis aos combustíveis que reduzem o impacto da aviação no clima", assegura Matteo Mirolo, especialista no setor aéreo, destacando, no entanto, que alguns podem ser, inclusive, "piores", devido ao desmatamento que produzem, como os que são fabricados com azeite de palma e de soja.

As questões ambientais vão ser um dos "grandes desafios" dos voos privados, segundo Phillippe Berland, especialista em transporte aéreo na empresa Sia-Partners.

A curto prazo, a pergunta é como o transporte aéreo vai absorver o choque dos preços de petróleo e se as companhias de avião privado vão conseguir que a clientela que chegou com a pandemia permanecerá quando a normalidade dos voos comerciais voltar.

Os especialistas opinam que sim. O preço do petróleo não dissuadirá boa parte dos adeptos aos voos privados, segundo Pascal Fabre, especialista aeronáutico da firma Alix Patners.

Quando uma empresa ou um particular compram um avião "de várias dezenas de milhões de dólares, o o valor do combustível não é uma preocupação, mesmo quando o barril de petróleo chega a 100 dólares", assegura.

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