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Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2011 às 18h25.
A subsidiária brasileira da Alcatel registrou redução de 90% em seu prejuízo líquido no ano passado em relação a 2002. As perdas baixaram de 90 milhões de reais para 9 milhões, apesar da queda de 20% das receitas líquidas no período. Segundo o vice-presidente da companhia no Brasil, Horacio Carbone, trata-se de uma conquista, já que, no ano passado, o mercado total de telecomunicações caiu 40%. "Se perdemos 20% de receita num mercado que encolheu 40%, então ampliamos nossa participação", afirmou.
O faturamento líquido, no Brasil, recuou de 837 milhões de reais, em 2002, para 667 milhões no ano passado. Para abater os prejuízos, a Alcatel promoveu uma forte redução de custos operacionais e encerrou contratos que não eram vantajosos para a empresa. As ações refletiram-se também na reversão da geração de caixa da empresa. Em 2002, foi registrado um endividamento líquido de 184 milhões de reais. No ano passado, a cifra passou para 111 milhões positivos. "Reestruturamos nosso setor de recebimento de dívidas e conseguimos antecipar receitas de vendas feitas a prazo", disse Carbone.
O mercado de telefonia fixa representou 55,3% da receita líquida da companhia no ano passado, seguido pela telefonia móvel (23,9%), operação e manutenção de sistemas (13,1%), e segmento privado (7,8%). Em 2002, essas participações foram de 59,7%, 19,9%, 4,8% e 15,7%, respectivamente.
Os números acima referem-se apenas ao desempenho da Alcatel Telecomunicações, subsidiária da companhia francesa. Quando se consideram negócios que foram fechados diretamente entre a matriz e os clientes brasileiros, sem a intermediação da unidade local, o Brasil rendeu 746 milhões de reais em receitas para o grupo no ano passado, ante 948 milhões em 2002. O país representa de 2% a 3% das vendas mundiais do grupo, conforme a taxa de câmbio. Em 2003, as receitas mundiais somaram 12,5 bilhões de euros, com resultado operacional de 332 milhões e prejuízo líquido de 1,944 bilhão de euros.
Expectativas
Segundo o presidente da Alcatel no Brasil, Jonio Foigel, 2004 apresentará números semelhantes aos do ano passado. A diferença é que a empresa está obtendo contratos de maior prazo, que garantirão geração de receita por mais tempo. Conforme Foigel, a carteira de pedidos está equilibrada em 900 milhões de reais.
A empresa está investindo 700 mil dólares para produção de equipamentos xDSL para acesso à banda larga. Os artigos serão fabricados por uma empresa terceirizada, a Jabil. Em junho, a Alcatel também iniciará investimentos de 600 mil dólares na primeira fase de produção de estações rádio-base para GSM, em parceria com a terceirizada Sanmina. A segunda fase do projeto envolve mais 2 milhões de dólares e deve começar no segundo semestre, com o objetivo de aumentar a taxa de nacionalização dos equipamentos. "Estamos analisando a possibilidade de fabricarmos os rádios no Brasil a partir de 2005, mas não há nada decidido", disse.
Não se sabe, ainda, quais serão os efeitos da joint venture firmada entre o grupo Alcatel e a TCL Communication Technology, segunda maior fabricante de telefones celulares da China. Anunciada em abril, a parceria é composta por 55% de participação dos chineses e 45% da Alcatel. A intenção é reforçar a presença do grupo francês no mercado asiático e aumentar o potencial de negócios dos chineses no continente americano e europeu. Conforme Foigel, ainda não se definiu o papel do Brasil no processo. "Na próxima semana, receberei uma missão da Alcatel e da TCL para discutirmos alternativas", disse.