(Regis Duvignau/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de fevereiro de 2020 às 06h32.
Última atualização em 13 de fevereiro de 2020 às 06h48.
São Paulo — Enquanto a brasileira Embraer e a americana Boeing aguardam a aprovação de sua negociação, uma outra parceria da aviação mundial estará nos holofotes nesta quinta-feira, 13.
A fabricante canadense de aeronaves Bombardier divulga pela manhã seus resultados referentes ao quarto trimestre de 2019, em meio a uma crise em seu relacionamento com a francesa Airbus, que também divulgou seus números do trimestre nesta madrugada.
Em 2017, com sérios problemas financeiros, a Bombardier vendeu para a Airbus o controle da sua endividada divisão de jatos comerciais, a CSeries, que foi rebatizada como A220. Agora, diante da necessidade de fazer um aporte no empreendimento para aumentar sua capacidade de produção, a Bombardier está avaliando pular fora da parceria para se concentrar na unidade de jatos executivos.
A canadense avisou os investidores em 16 de janeiro sobre a possibilidade de abandonar o negócio — que consumiu, ao longo dos anos, investimentos de 6 bilhões de dólares. No mesmo dia, informou que suas vendas no período de outubro a dezembro de 2019 atingiram 4,2 bilhões de dólares, menos que os 4,6 bilhões de dólares projetados pelos analistas do mercado financeiro.
Em reação à notícia, as ações da Bombardier despencaram 32%, para 1,22 dólar canadense. Desde então, subiram 29%, mas os investidores estão ansiosos para saber se a fabricante de aviões vai anunciar hoje, junto com o balanço, a sua decisão quanto à parceria com a Airbus.
A estimativa dos especialistas é de que o lucro da canadense no quarto trimestre do ano passado tenha crescido 5% ante o mesmo período de 2018, para 57 milhões de dólares.
A Airbus tem se mostrado resignada diante da hesitação de sua sócia. Disse que vai continuar investindo na divisão de jatos comerciais até que o negócio comece a dar lucro. E sinaliza que pode comprar a fatia de 31% da Bombardier no empreendimento, aumentando sua participação para 81,01%.
A parceria entre Bombardier e Airbus também passou a fazer cada vez mais sentido depois que a Boeing, concorrente direta da Airbus, comprou no ano passado a divisão de jatos comerciais da brasileira Embraer, rival da Bombardier. O negócio foi aprovado por reguladores nos Estados Unidos e no Brasil, e aguarda aprovação da União Europeia para ser concluído.
As ações da Airbus estão bem perto do seu máximo preço histórico, cotadas a 136,60 euros, depois de terem ganhado 60% desde o início de 2019 por conta do forte aumento nas entregas de aeronaves.
Mais cedo nesta quinta-feira, a francesa anunciou lucro operacional de 1,3 bilhão de euros em 2019, queda de 73% — a cifra inclui um acordo milionário com a Justiça sobre um escândalo de corrupção, o que, na prática, fez a empresa fechar 2019 com prejuízo líquido acima de 1 bilhão. O faturamento em 2019 subiu 11%, a 70,5 bilhões de euros.
Com a crise do 737 Max da concorrente Boeing, impedido de voar, a Airbus vendeu um recorde 863 aeronaves em 2019, alta de 8%. Para 2020, a meta é de cerca de 880 aeronaves. Assim, o negócio da Airbus nunca esteve tão bem. Mas ter que pilotar sozinha a divisão A220 daqui para a frente pode forçar a francesa a diminuir bastante a velocidade de crescimento.