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Ainda é difícil que as mulheres cheguem a ser CEO nos EUA

Apesar das conquistas em cargos de alto escalão, maioria das mulheres não estão nos tipos de trabalhos operacionais que levam ao melhor escritório das empresas

Mary Barra, CEO da General Motors: primeira mulher CEO de uma grande fabricante internacional de carros (Rebecca Cook/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2014 às 23h29.

Southfield - Mary Barra fez história no segmento corporativo, sete meses atrás, quando se tornou a primeira mulher CEO de uma grande fabricante internacional de carros.

Mas apesar de todas as vitórias das mulheres nos níveis mais altos das empresas dos EUA, a maioria ainda está no cargo errado se deseja seguir os passos da carreira de Barra.

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Isso porque, diferentemente de Barra, que vinha comandando o setor de desenvolvimento de produto da General Motors dois anos antes de sua nomeação, a maioria das mulheres bem classificadas no índice Standard Poor’s 500 não estão nos tipos de trabalhos operacionais que levam ao melhor escritório das empresas.

Em vez disso, 55 por cento delas são diretoras financeiras, advogadas ou chefes de recursos humanos, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Cerca de 94 por cento dos CEOs do S&P 500 tinham altos cargos em operações logo antes de chegarem ao posto mais elevado, e o número relativamente baixo de mulheres na supervisão de linhas de produtos ou de empresas inteiras pode desacelerar seu avanço até o topo.

Esse dado mostra que a próxima geração de mulheres executivas está mal posicionada para capitalizar o recente progresso em um momento em que empresas como a Google e a Apple estão revelando sua falta de diversidade para ajudar a aumentar o número de mulheres e de minorias na força de trabalho.

O fato de as mulheres serem mantidas fora do caminho rumo ao cargo de CEO pode ser visto em todos os escalões da carreira corporativa, dizem os recrutadores.

As mulheres, devido à falta de modelos, tendem a começar em cargos funcionais e, em 2014, ainda há maior probabilidade de as empresas promoverem um homem para um posto de comando do que uma mulher.

E por isso os conselhos de administração, que são predominantemente masculinos, não identificam mulheres executivas promissoras que poderiam ser colocadas em funções operacionais e preparadas para o cargo principal como parte dos planos de sucessão.

‘Muito difícil’

Dawn Lepore, que agora é diretora de várias empresas, diz que provavelmente não teria sido contratada como CEO da Drugstore.com Inc. em 2004 se não tivesse dirigido antes uma unidade da Charles Schwab.

“É muito difícil ir de um posto funcional para um emprego de CEO”, disse Lepore.

“Você normalmente não consegue simplesmente passar de diretor financeiro ou chefe de marketing a CEO. Mais mulheres precisam conseguir esses empregos operacionais. O fato de eu ter administrado uma unidade com receita de US$ 1 bilhão fez uma enorme diferença”.

As 24 CEOs do S&P 500 hoje são um recorde, mas ainda são menos de 5 por cento do total, apesar de as mulheres representarem cerca de metade da força de trabalho total dos EUA.

Nas camadas logo abaixo do cargo mais alto, as mulheres respondem por cerca de 8 por cento dos mais de 2.000 executivos entre os cinco postos mais bem remunerados em cada empresa do S&P 500, segundo relatórios das administrações.

Cerca de 42 por cento dessas mulheres no topo do ranking que não eram CEOs estavam em cargos operacionais, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Mary Barra

A única forma de haver mais mulheres CEOs é promover um esforço consciente dentro das corporações para identificar futuras líderes no início de suas carreiras e direcioná-las a cargos operacionais, segundo especialistas em relações trabalhistas.

Os conselhos de administração também devem ser mais conscientes e proativos: eles precisam preparar mais presidentes, diretoras de operações e chefes de unidades mulheres que, em troca, se tornarão modelos para a próxima geração.

Em outras palavras, mais Mary Barras. Engenheira por formação, ela, que tem 52 anos de idade, passou mais de 30 anos na GM, que tem sede em Detroit.

A empresa confiou a ela cada vez mais responsabilidades, incluindo a de gerenciar uma fábrica e o cargo de vice-presidente de engenharia de fabricação.

Outro exemplo é Susan Cameron, que retornou para a Reynolds American Inc. em maio após comandar a fabricante de cigarros Camel de 2004 a 2011. Aos 55 anos, ela é uma gerente experiente.

De 2001 a 2004 ela foi CEO da Brown Williamson antes de a empresa combinar seus negócios nos EUA com a Reynolds, e permanecerá no controle da Reynolds após o término de sua aquisição de US$ 25 bilhões da Lorillard Inc.

Cargos de direção

Outras nomeações recentes para o posto mais alto incluíram duas ex-diretoras de operações no ano passado: Marillyn Hewson, 60, da Lockheed Martin, e Phebe Novakovic, 56, da General Dynamics Corp.

“As mulheres precisam assumir esses cargos de comando, exigir isso e focar neles como caminho para suas carreiras”, disse Lepore, que agora é diretora da AOL, da RealNetworks e da Coupons.com e é ex-diretora da Wal-Mart Stores Inc. e da EBay Inc.

As empresas também têm maior probabilidade de preparar um homem para um cargo mais alto quando ele mostra potencial, disse Doreen Wright, ex-diretora de TI da Campbell Soup Co. e da Nabisco Inc. e atualmente membro do conselho da Crocs Inc.

De certa forma, as empresas não pensam com suficiente antecipação a respeito de futuros candidatos ao cargo de CEO, disse John Wood, vice-presidente da recrutadora de executivos Heidrick Struggles, em Nova York.

As mulheres frequentemente se tornam chefes de negócios não operacionais porque começam nessas áreas.

Os conselhos de administração precisam garantir que os executivos que se mostram promissores tenham uma chance em um emprego de comando mais cedo, independentemente de seu gênero, disse ele.

A falta de experiência operacional também está prejudicando as chances das mulheres de sentarem nos conselhos de administração das empresas do S&P 500, nos quais as diretoras respondem por 18 por cento do total.

As empresas raramente nomeiam chefes de Recursos Humanos para cargos de direção, disse Julie Daum, que administra o setor de práticas de conselhos norte-americanos na empresa de recrutamento de executivos Spencer Stuart, em Nova York.

‘Nada mudou’

“As pessoas vêm falando sobre isso há muito tempo e claramente nada mudou”, disse Daum, que recrutou diretores para empresas como General Electric, Amazon.com e Wal-Mart.

“A questão é, as mulheres optam por esses empregos ou eles são até aonde as pessoas permitem que elas cheguem porque está tudo bem em ter uma mulher na área de recursos humanos?”.

O livro da diretora de operações da Facebook, Sheryl Sandberg, “Faça acontecer”, está repercutindo entre as mulheres precisamente porque não há um número suficiente de mulheres assumindo o risco e ocupando cargos operacionais, disse Jane Stevenson, que administra o setor de práticas globais de sucessão na empresa recrutadora Korn/Ferry International.

Contudo, os modelos continuam sendo raros para as mulheres motivadas a serem bem-sucedidas, disse J. Veronica Biggins, diretora-geral da Diversified Search na Filadélfia e diretora da Southwest Airlines.

“Só recentemente as mulheres têm sido capazes de olhar para outras mulheres em cargos nos quais elas podem dizer ‘uau, eu poderia ser a CEO dessa empresa’”, disse Biggins. “Não faz muito tempo que se pode ver isso”.

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