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Agora vai? Centauro eleva de novo oferta por Netshoes: US$ 115 mi

Companhia ainda anunciou empréstimo de 120 milhões de reais para eliminar dúvidas de continuidade das operações da Netshoes no curto prazo

Centro de distribuição da Netshoes, em Barueri (SP): entregar artigos como roupas demanda mais agilidade do que eletrônicos (Germano Lüders/Exame)
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Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2019 às 07h57.

Última atualização em 13 de junho de 2019 às 18h13.

No jogo de apostas que virou a disputa pela varejista de artigos esportivos Netshoes , a Centauro voltou a subir a mão. Na madrugada desta quarta-feira a companhia anunciou uma nova oferta, desta vez de 3,70 dólares por ação, avaliando a Netshoes em 115 milhões de dólares.

A Centauro anunciou ainda que, como parte da oferta, está disposta a emprestar 120 milhões de reais à Netshoes como reforço do caixa para capital de giro e que celebrou acordo adicional de financiamento com o Banco Votorantim para banca os custos da transação. Agora a Centauro tem à sua disposição um total de 375 milhões de reais de Votorantim, Bradesco e Itaú para bancar a compra da concorrente.

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O pacote é sob medida para tentar eliminar duas principais dúvidas quanto à celebração de um acordo com a Centauro. A primeira delas é de que uma demora para avaliação da oferta pelo Cade, o conselho de defesa da concorrência, poderia levar à quebra da Netshoes por falta de capital de giro. A segunda é a capacidade financeira da Centauro para bancar a compra.

A oferta desta quarta-feira é mais uma de uma intensa disputa que se estende pelas últimas semanas. Em 29 de abril, a Magazine Luiza iniciou a contenda com uma oferta de 2 dólares por ação para a Netshoes (cerca de 62 milhões de dólares). A escalada foi crescendo até a última oferta de Centauro, de 109 milhões de dólares, ante 87 milhões do Magazine Luiza.

O valor final da companhia já está perto de 1 bilhão de reais, se somados 480 milhões de reais em dívidas totais, dos quais 150 milhões são pendências ainda não reportadas no balanço.

Ainda assim, o conselho de administração da Netshoes recomendou a seus acionistas que aceitassem a oferta mais baixa, do Magalu, por motivos operacionais. A lógica é que, como já foi aprovada pelo Cade, a proposta injetaria mais rapidamente recursos no caixa da Netshoes, o que asseguraria a continuidade das operações da companhia. A assembleia de acionistas que deve definir o futuro da Netshoes está marcada para sexta-feira.

Com a oferta feita nesta quarta-feira, a Centauro coloca uma espada sobre a cabeça dos acionistas da Netshoes. Mesmo com as novas condições oferecidas pela Centauro, seguirão a recomendação do conselho e aceitarão a oferta mais baixa? O conselho da Netshoes vai mudar sua recomendação? A assembleia será adiada? As perguntas devem ser responsidas nas próximas horas. “O conselho da Netshoes está numa situação delicada. Com essa oferta, com dinheiro na frente, não há porque recomendar uma oferta mais baixa”, diz um executivo próximo à disputa. “O Magalu deve ter que aumentar a oferta de hoje para amanhã”.

O contra-ataque da Centauro era esperado entre os executivos de varejo. A companhia tem como acionista a GP Investimentos, conhecida pela agressividade nas negociações. “A GP não joga para perder”, diz um concorrente. A Centauro abriu capital este ano na B3 e prometeu a seus investidores ampliar sua presença online. Tem a seu favor um potencial ganho maior com sinergias e a possibilidade de usar imediatamente o estoque de produtos da Netshoes, avaliado em 400 milhões de reais.

Desde o início da disputa as ações da Netshoes, negociadas em Nova York, já subiram já subiram mais de 50%. No “pré-market” desta quarta-feira estavam em alta de 5% até as 8h. A única certeza é que, para os acionistas da Netshoes, após dois anos de pesadelo na bolsa, desde a abertura de capital em 2017, a disputa é muito bem-vinda.

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