Agnelli diz que presidência da Vale pertence a acionistas
Em entrevista na Bolsa de Nova York, presidente da mineradora nega pressão política para deixar o cargo
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2010 às 19h44.
São Paulo - O presidente da Vale, Roger Agnelli, evitou comentários sobre a possibilidade de deixar o cargo, no caso de uma vitória da candidata petista, Dilma Rousseff, na corrida presidencial. À medida que a eleição se aproxima, ressugem os rumores de que o grupo de Dilma estaria articulando a saída de Agnelli e sua substituição por um nome mais "político" e alinhado ao PT.
"Se os acionistas da Vale desejarem mudanças, eles vão mudar. É natural", afirmou nesta segunda-feira (18/10), em coletiva de imprensa na Bolsa de Nova York, onde a companhia comemorou o Vale Day. Agnelli negou, porém, que haja pressões para que deixe o cargo. Também negou que haja pressão de petistas para que cargos de diretoria sejam ocupados por aliados do partido. "Não houve isso, e não tenho mais comentários a fazer", disse.
Privatizada em maio de 1997, a Vale tem seu controle concentrado na Valepar, que detém 52,70% das ações ordinárias da mineradora. Já a Valepar é um veículo de investimento cujo controle é dividido pela Bradespar - o braço de participações do Bradesco -, e fundos de pensão de empresas estatais, como a Previ, dos funcionários do Banco do Brasil.
Descontentamento
Agnelli mantinha uma boa relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva até a eclosão da crise mundial em 2008. No final daquele ano, em meio às turbulências da crise, Lula criticou publicamente a intenção da Vale de promover demissões para cortar custos. O presidente também afirmou, na época, que a Vale era excessivamente tímida nos investimentos. A decisão da mineradora de encomendar a estaleiros chineses uma frota de cargueiros também irritou Lula.
Desde então, os rumores de que Agnelli poderia deixar a Vale vão e voltam. Com a proximidade do segundo turno, os boatos ganharam nova força, e Agnelli tem evitado se manifestar. "O que está dito, está dito, e não há mais o que comentar", disse, por fim, na coletiva desta segunda.