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Ações da Sadia disparam com reinício das discussões com Perdigão

Fusão entre companhias de alimentos ainda não é garantida, mas mercado antecipa ganhos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

 As ações da Sadia estão entre as maiores altas desta segunda-feira devido ao reinício das discussões para fusão com a Perdigão, sua maior concorrente no mercado de alimentos. Às 12h10, os papéis preferenciais da Sadia subiam 9,26%, cotados a 4,13 reais, com um volume de negócio bem superior ao normal.

O comunicado divulgado pela Perdigão, na última sexta-feira, confirmou a viabilidade de uma associação entre ambas, porém ressaltou que nenhum documento legal foi assinado estipulando prazos para o fim das negociações.

A unificação de suas operações já tinha sido proposta pela Sadia em 2006, época que a empresa tinha maior capacidade de caixa. Porém, a Perdigão recusou. Somente no mês de março deste ano que a possível parceria veio à tona novamente, após a Perdigão ter confirmado, em comunicado, discussões com a Sadia.

No mesmo sentido da Sadia, às 11h45, os papéis ordinários da Perdigão ( PRGA3, com direito a voto) estavam em alta de 4,64%, para 32,70 reais, promovendo 1.685 números de negócios.

Segundo o analista da corretora Socopa, Gregório Mancebo Rodrigues, a união entre as empresas é uma alternativa possível que deve gerar importantes ganhos de sinergias.

O relatório ressalta, ainda, que além da parceria, uma possível ajuda do BNDES à Sadia deve resolver as grandes perdas cambiais por que a empresa enfrentou no final do ano passado. A corretora manteve sua preferência pelas ações da Perdigão em sua carteira recomendada.

Em relatório divulgado no início deste mês, a corretora Brascan estimou que o valor de mercado da Sadia e da Perdigão aumentaria cerca de 23% com a fusão das empresas.

A corretora Link, que nos últimos meses costumava recomendar as ações da Perdigão para o setor, mudou seu discurso diante da provável fusão. No relatório de hoje, a Link aconselha os acionistas a ficarem posicionados nos papéis da Sadia (SDIA4), que possuem 80% de tag along e estão com um desconto de quase 23% em relação às ações ordinárias.

No final de março, a corretora Link havia divulgado outro relatório em que analisava os possíveis ganhos para os acionistas da Sadia com o negócio. A Link analisou três cenários: 1) pagamento de 4 reais por ação ordinária (com direito a voto) pela Perdigão, contanto que as famílias controladoras da Sadia permaneçam na administração da nova empresa, 2) pagamento de 6 reais por ação com a troca de comando; 3) pagamento de 8 reais por ação com mudança no controle.

Como tanto as ações ordinárias quanto as preferenciais dão direito a tag along de 80% - o que significa que os acionistas minoritários da Sadia poderão vender seus papéis por 80% do preço pago aos controladores -, a Link acredita que as ações não oferecem potencial de ganho se a Perdigão pagar só 4 reais por ação. Nesse caso, a ação ordinária da Perdigão seria a melhor aposta

Caso o negócio seja fechado por 6 reais, a ação preferencial da Sadia teria de ser recomprada por 4,80 reais - contra os 4,10 reais da cotação atual. Nesse caso, a ação preferencial seria um ótimo negócio.

Já no caso de uma aquisição do controle por 8 reais por ação, tanto as ações preferenciais quanto as ações ordinárias poderiam subir para 6,40 reais - só que o ganho potencial é maior com as preferenciais.

No relatório de março, a Link deixou bem claro que o investimento em ações da Sadia só valerá a pena no curto prazo se a fusão for concluída. Para aqueles que não acreditam no avanço das negociações, o mais prudente seria se posicionar nas ações ordinárias da Perdigão (PRGA3), que tem melhores fundamentos, um caixa mais gordo e uma dívida muito mais fácil de ser administrada.

A Link também calcula que se a aquisição sair por 6 reais a ação, isso seria muito positivo para a Perdigão. O múltiplo pago seria inferior ao da própria Perdigão, de acordo com os valores de mercado das duas companhias, ainda sem contar as benesses decorrentes das sinergias entre as empresas e da saída de um competidor do mercado.
 

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