Acionistas da Embraer aprovam acordo com a Boeing
Assembleia da Embraer aprovou o acordo, chamado pelas empresas de "parceria estratégica", com registro de 96,8 por cento dos votos válidos
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de fevereiro de 2019 às 11h12.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2019 às 11h25.
São José dos Campos - O acordo para combinação de negócios entre a Embraer e a Boeing foi aprovado nesta terça-feira, 26, com 96,8% dos votos válidos, grupo que representa 67% dos acionistas (entre presentes e votos a distância). Agora, o acordo aguarda aprovação dos órgãos regulatórios, o que deve acontecer até o final do ano, segundo expectativa da empresa brasileira.
A votação ocorreu rapidamente e a decisão foi tomada e anunciada em meia hora.
O acordo aprovado pelos acionistas prevê a combinação das duas companhias e já recebeu o aval do governo Jair Bolsonaro no mês passado.
O negócio prevê a venda de 80% da área de jatos comerciais da brasileira à norte-americana, mediante o pagamento de US$ 4,2 bilhões. O contrato, portanto, determina a criação de uma nova companhia, na qual a Boeing terá 80% de participação e a brasileira, 20%.
As áreas de defesa e de aviões executivos continuarão com a fabricante de aviões brasileira. A Embraer terá, como sócia minoritária, impacto limitado nas decisões da nova joint venture. A cadeira concedida à brasileira no conselho de administração do novo negócio terá caráter consultivo, sem poder de veto.
Pouco antes do fechamento deste texto, a companhia divulgou fato relevante sobre o resultado da reunião e disse que a consumação da operação continua sujeita à aprovação por autoridades concorrenciais do Brasil, dos Estados Unidos "e de outras jurisdições aplicáveis", bem como "à satisfação de outras condições usuais em operações desta natureza".
Liminares
Pela manhã, a fabricante de aviões conseguiu derrubar a liminar que impedia a realização da Assembleia, anunciada na sexta-feira, pelo juiz federal Victorio Giuzio Neto, da 24.ª Vara Cível Federal de São Paulo. A decisão de Giuzio Neto atende a uma ação civil pública movida por diversas entidades sindicais - como o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região - e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Sindicalistas temem demissões em massa na companhia.
A ação movida pelos sindicatos pedia pela anulação do negócio entre as duas empresas, por suposta violação às garantias previstas na golden share detida pelo governo federal. A ação especial exige que o Estado brasileiro conceda seu aval a operações relevantes na companhia. Essa autorização, porém, já foi dada pelo governo.
O acordo também foi analisado pelo ministro da Defesa, general do Exército Fernando Azevedo e Silva, que visitou a Embraer na quinta-feira, 21. Silva viajou a pedido do vice-presidente da República, general Hamilton Mourão.
Em julho, o acionista minoritário Renato Chaves já havia tentando suspender a Assembleia Geral Extraordinária (AGE), ao apresentar uma reclamação a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na mesma semana da divulgação do acordo.O principal argumento do acionista era que a transação beneficia apenas o gigante americano, ao transferira equipe de pesquisa e desenvolvimento de uma das mais inovadoras companhias nacionais para a sociedade resultante do acordo, da qual a Boeing será a controladora.
A nova queixa, apresentada semana passada, sustenta-se no Manual da AGE. Segundo ele, o documento fica devendo informações relevantes para os acionistas. "Falta o laudo de avaliação para a parcela "acervo", o item "instalações atribuídas" está sob sigilo e não há nenhum detalhamento sobre o acordo de acionista da nova empresa", resume.
A expectativa para a parceria era alta, já que a Embraer corria riscos de ser ultrapassada pela concorrência, em um mercado cada vez mais concentrado.