Alimento para criança feito pela Mead Johnson Nutrition à venda em um supermercado de Nova York (Daniel Acker/Bloomberg News)
Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2014 às 17h23.
Nova York - Comprar a Mead Johnson Nutrition é uma forma de a Danone quebrar o cadeado que a Nestlé tem na indústria de alimentos para bebês.
A Danone poderia ajudar a financiar uma compra com o arrecadado da eliminação da sua unidade de nutrição médica, disse o Credit Suisse Group. A empresa de US$ 45 bilhões está ponderando uma venda do negócio em uma transação que poderia trazer mais de 3 bilhões de euros (US$ 4,1 bilhões), segundo uma fonte do setor. A Nestlé comprou a divisão de nutrição para bebês da Pfizer em 2012.
Os lucros da Danone, que é segunda e corre muito atrás da Nestlé no ramo de alimentos para bebês, caíram 15 por cento no ano passado por um susto com botulismo, que afetou a venda de leite em pó para bebês na Ásia. As dificuldades da empresa poderiam aumentar seu interesse pela Mead Johnson, que incrementou sua receita em quase 50 por cento desde sua separação da Bristol-Myers Squibb Co., em 2009, disse o Berenberg Bank. A Mead Johnson, da qual se especula que seja um objetivo desde a separação, poderia custar cerca de 15 bilhões de euros, disse o Jefferies Group.
Ainda que uma oferta fosse cara, “a Mead Johnson seria uma compra muito boa”, disse Ingrid Yin, analista com sede em Nova York da Oppenheimer Holdings, em entrevista por telefone. “É uma jogada pura. Seu foco inteiro está na nutrição de bebês e crianças. Pode ser atrativo aos olhos de muitas companhias”.
Representantes da Mead Johnson, a empresa de US$ 17 bilhões com sede em Glenview, Illinois, e da Danone, com sede em Paris, não quiseram comentar.
Maior vendedora
A Nestlé superou por pouco a Danone para adquirir a Wyeth, a unidade de alimentos para bebês da Pfizer, em 2012 e aumentar sua liderança como maior vendedora de produtos de nutrição para bebês. Sua oferta de US$ 11,9 bilhões superou outra de mais de US$ 11,6 bilhões da maior fabricante de iogurte do mundo, disse na época uma fonte do setor.
Antes dessa oferta, especulava-se que a Mead Johnson fosse um alvo potencial para a Nestlé, para a Danone e para a H.J. Heinz Co. Em setembro de 2009, a Danone negou um informe que dizia que estava ponderando realizar uma oferta pela fabricante do leite em pó para bebês Enfamil.
A Danone poderia estar mais entusiasmada por fazer uma oferta pela Mead Johnson agora, disse James Targett do Berenberg. As vendas da fabricante de iogurte estão prontas para crescer cerca de 1 por cento neste ano, a pior alta desde 2009, conforme dados compilados pela Bloomberg. A receita da Mead Johnson subirá 24 por cento nos próximos três anos, segundo estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg.
‘Bom crescimento’
Comprar a Mead Johnson daria à Danone maior presença no mercado de alimentos para bebês dos EUA e reforçaria sua posição na China, onde as vendas sofrem pressões desde que um fornecedor advertiu para a presença de bactérias que causam botulismo no leite em pó, desencadeando um recall, disse Amit Sharma, analista do Bank of Montreal com sede em Nova York. O susto acabou sendo um falso alarme.
“Você pode ver por que seria atrativo para a Danone adquirir uma empresa muito grande de alimentos para bebês”, disse Sharma em entrevista por telefone. “Dá-lhes um bom crescimento”.
O preço de cerca de 15 bilhões de euros estimado pelo analista do Jefferies Alex Howson coloca o valor da Mead Johnson como um dos maiores múltiplos de lucros pagos em uma transação no setor alimentar de mais de US$ 10 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.
A Danone poderia preferir realizar aquisições menores na Ásia, disse David Hayes, analista da Nomura Holdings Inc. com sede em Londres.
Mesmo assim, a Danone precisa de uma grande transação se tiver esperanças de tornar-se líder do leite em pó para bebês, conforme Alex Molloy, analista do Credit Suisse.
“Embora uma união não viesse sem desafios e sem um parceiro os recursos financeiros da Danone sofressem pressões, também seria a única forma realista de desafiar a Nestlé”, escreveu o analista.