Negociação Walmart-Carrefour favoreceu fusão Pão de Açúcar-Casas Bahia
As conversas começaram há 90 dias e ganharam ênfase há dois meses com especulações de uma possível associação entre os dois rivais
EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.
O Grupo Pão de Açúcar e as Casas Bahia assinaram acordo de associação nesta sexta-feira (4/12), às 6h, surpreendendo quase todo o mercado. A união das duas empresas cria um gigante com 40 bilhões de reais em faturamento. Só a parte de bens duráveis (móveis e eletrodomésticos) terá uma receita de 18,5 bilhões de reais, 1.015 lojas e 62 mil funcionários (mais do que o dobro das demais). "Quando eu soube que as Casas Bahia abriram uma unidade na favela de Paraisópolis, senti uma inveja...Agora, a nossa intenção é ocupar todos os municípios do país", afirma Diniz. A expectativa é que a operação gere sinergias de 2 bilhões de reais.
Segundo fontes ouvidas pelo Portal EXAME, as negociações começaram em meados de setembro deste ano, quando Abílio Diniz procurou Michael Klein com uma proposta oficial de fusão. A conversa entre os dois empresários foi encaminhada para avaliação do fundador das Casas Bahia, Samuel Klein. Um dos principais argumentos que pesou na decisão favorável da família Klein foi a especulação de que o Walmart poderia se associar ao Carrefour e se tornar líder no varejo brasileiro. Assim, há dois meses, foi resolvido que o acordo seria assinado entre as empresas varejistas. Em homenagem à operação, o dono do Grupo Pão de Açúcar estourou uma champagne. A partir daí, Abílio Diniz contratou os serviços da Estáter, consultoria especializada em fusões.
O anúncio do acordo estava previsto para a próxima quarta-feira (9/12). Mas ele teve de ser antecipado para esta sexta-feira depois de uma notificação enviada na quinta pela BM&FBovespa, questionando sobre a alta dos papéis do Ponto Frio (GLOB3). Nesta quinta, as ações tiveram uma alta de 35,42%, para 14,49 reais.
Com isso, o empresário Abílio Diniz, que estava sobrevoando Salvador com o seu Falcon, teve de adiar uma viagem rumo a Paris, onde participaria de uma reunião de conselho do grupo francês Casino, seu sócio no Pão de Açúcar. Por volta das 23h, ele chegou a São Paulo, onde algumas horas depois se encontrou com Michael Klein para assinar o contrato definitivo de fusão. Ao longo da madrugada, os dois empresários leram e revisaram o acordo na Estáter. Aproximadamente às 6h, o negócio foi fechado. Só que, desta vez, nenhuma champagne foi estourada porque todos estavam cansados e precisavam descansar antes de anunciar a criação da nova companhia.
Depois do anúncio oficial, as ações preferenciais do Pão de Açúcar registram forte alta de 8,50%, negociadas a R$ 61,79. Os papéis da Globex, cuja liquidez é muito restrita, ficaram em leilão por mais de uma hora e abriram em forte alta. Por volta das 12h30, disparavam 23,40%, para R$ 17,88. O volume negociado era de R$ 3,69 milhões.
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