A trajetória de Antônio Ermírio de Moraes em fotos
Presidente de honra do Grupo Votorantim, Antônio Ermírio ajudou o conglomerado a crescer e a se internacionalizar
Karin Salomão
Publicado em 20 de outubro de 2014 às 09h38.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h04.
Empresário e presidente de honra do Grupo Votorantim, Antônio Ermírio de Moraes faleceu na noite de domingo (24). Ele morreu de insuficiência cardíaca em casa, aos 86 anos e deixa a mulher, com quem teve nove filhos. Nascido em 4 de junho de 1928, em São Paulo, foi presidente do Grupo Votorantim e responsável pela instalação da Companhia Brasileira de Alumínio, inaugurada em 1955. Também trabalhou no hospital da Beneficência Portuguesa, onde seu corpo será velado nesta segunda-feira.
O Grupo Votorantim começou quando o pai de Antônio, o engenheiro e ex-senador José Ermírio de Moraes, comprou as ações de uma empresa de tecelagem instalada no bairro Votorantim, em Sorocaba (SP). O empreendimento já estava na família, já que a planta pertencia ao imigrante português Antonio Pereira Inácio, sogro de José Ermírio de Moraes – irmão de Antônio.
Em 1943, Antônio Ermírio de Moraes embarcou para os Estados Unidos para cursar engenharia metalúrgica nos Estados Unidos e se formou pela Colorado School of Mines. Quando voltou ao Brasil, Antônio iniciou a carreira no Grupo Votorantim em 1949. O grupo passou por diversos momentos econômicos, com transições de moedas e surgimento de crises. Mesmo assim, conseguiu crescer e se manter sob o controle da família
Em 1953, casou-se com Maria Regina Costa de Moraes, com quem teve nove filhos. A lua-de-mel do casal foi na Europa, e passearam pela Áustria e pela França. Foi quando Antônio Ermírio resolveu levar sua esposa para visitar fábricas de aço e de alumínio. A história é relatada no livro Antônio Ermírio de Moraes — Memórias de um Diário Confidencial, escrito pelo do economista José Pastore, amigo do empresário por muitos anos.
Em 1973, após a morte do pai, Antônio assumiu o comando do grupo Votorantim junto com o irmão, José Ermírio. Em sua biografia, Pastore afirma que Antônio Ermírio acompanhava todos os detalhes das fábricas, workaholic assumido. Na foto: Antonio Ermírio de Moraes e José Ermírio de Moraes Filho, ao fundo, e Luís Ermírio de Moraes e José Ermírio de Moraes Neto, em primeiro plano, do grupo Votorantim, na capa da revista Exame edição 717, de 28 Junho 2000.
Sob sua direção, o Grupo Votorantim se tornou o que é hoje. Os primeiros feitos foram a aquisição da companhia Nitro Química (1935) e a criação da Companhia Brasileira de Alumínio (1955). Na década de 80, o conglomerado industrial passou a investir no negócio de papel e celulose e, mais tarde, no setor financeiro. Hoje, o grupo atua em mais de 20 países e tem empresas nas áreas de cimento, celulose, papel, alumínio, zinco, níquel, aços longos, filmes de polipropileno biorientado, especialidades químicas e suco de laranja.
Em 1986, Antônio Ermírio candidatou- se ao governo de São Paulo, apesar de haver prometido nunca se envolver com política. Ao final, foi bem votado, mas não venceu. Já seu pai havia se tornado senador pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), exercendo o cargo entre 1963 e 1971.
Em meio a tudo isso, Antônio Ermírio ainda ajudava a administrar a Beneficência Portuguesa, hospital paulistano com quase 2.000 leitos — dois terços dos pacientes vêm do Serviço Único de Saúde. Ele passava na Beneficência três vezes por dia: de manhã, no intervalo do almoço e no fm do expediente, quando ia até a capela agradecer por ter podido ajudar os pacientes.
Em 1998, a saúde de Antônio Ermírio começou a ficar frágil, e ele passou a ter difculdades para cumprir sua rotina. Algum tempo depois, foi diagnosticado com mal de Alzheimer. Mesmo assim, continuou conduzindo sua grande paixão — a Companhia Brasileira de Alumínio, pertencente ao grupo.
Em 2001, aos 74 anos, ele deixou a presidência do conselho de administração e entregou o comando aos filhos e sobrinhos. À época, o Votorantim quase não tinha dívidas — o que é um grande feito, considerando seu tamanho (era um dos cinco maiores conglomerados de capital brasileiro). Em 2013, figurou na lista dos bilionários da Forbes. O empresário Antonio Ermírio de Moraes e sua família, donos do conglomerado Votorantim, tinham um patrimônio avaliado pela Forbes em US$ 12,7 bilhões, que os colocou no 3º lugar entre os bilionários brasileiros e na 74ª posição geral, ante a 67ª posição da lista passada.
Com a agenda cheia, o empresário ainda encontrou tempo para se dedicar ao teatro e escreveu três peças sobre a injustiça social brasileira: Brasil S.A., Acorda Brasil e S.O.S Brasil.
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