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A OGX pode ser salva (mesmo) pelo campo de Tubarão Martelo?

Se tudo der muito certo, Tubarão Martelo valerá até US$ 1,6 bilhão – mas a OGX já deve três vezes mais

Eike, o dono da OGX: campo de Tubarão Martelo até ajuda a empresa, mas não salva (Marcos Issa/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2013 às 06h00.

São Paulo – Em meio à tentativa de salvar a problemática OGX , virou consenso afirmar que o campo de Tubarão Martelo é a sua última esperança. Colocá-lo em operação vai gerar as receitas necessárias para tirar a OGX do fundo do poço. Mas, até que ponto Tubarão Martelo pode, mesmo, salvar a empresa?

A resposta mais honesta é que Tubarão Martelo está longe de ser um tônico milagroso para a petroleira de Eike Batista .

Basicamente, há dois cenários em que o campo de petróleo pode ser útil ao resgate da OGX. O primeiro: Tubarão Martelo entra em operação, gera caixa para a OGX e, ao longo de sua vida útil, ajuda a empresa a pagar suas pesadas dívidas e a dar fôlego para companhia investir e crescer.

Há alguns pontos que tornam esse cenário menos colorido. O primeiro é, efetivamente, colocar o campo em condição de funcionar – o que demandaria de 150 milhões a 200 milhões de dólares em novos recursos, segundo as informações da imprensa em geral.

Quanto rende?

A injeção desse dinheiro é um dos pontos negociados pelos representantes das OGX nas últimas semanas. O motivo é simples: o caixa da OGX estaria prestes a secar. De acordo com a Folha de S.Paulo, haveria apenas 200 milhões de reais, suficientes para chegar ao fim deste mês. As últimas notícias indicam que haveria investidores dispostos a bancar essa jogada.

Se a OGX conseguir o dinheiro e colocar o campo em operação, há um incômodo detalhe: para quem a empresa vai vender petróleo? Mesmo quando Tubarão Azul, o poço-problema que afundou a empresa ao apresentar menos produção que o estimado, era festejado por Eike como o primeiro da “mini Petrobras”, o contrato obtido com a Shell foi de apenas vender os lotes decorrentes de testes – e não um acordo de longo prazo.

Mas, supondo que a OGX encontre compradores firmes para o óleo de Tubarão Martelo, vem a última dúvida: quanto ele vai gerar em receita? A estimativa mais otimista traçada pela DeGolyer & MacNaughton no relatório sobre o campo é que, entre reservas provadas, prováveis e possíveis, o campo produza 108,482 milhões de barris de petróleo até 2037. Isso corresponderia a 11,2 bilhões de dólares de receita bruta total ao longo destes anos.


Nesse cenário, é preciso descontar 6,4 bilhões de dólares para bancar o “dia a dia” da produção de Tubarão Martelo, composto pelos custos operacionais e pelos royalties que precisam ser pagos pelo direito de extrair petróleo. Logo, os credores e novos investimentos terão que disputar sua fatia dos 4,8 bilhões de dólares restantes – lembrando que este é o melhor cenário e o dinheiro seria gerado ao longo de 20 anos.

Quanto vale?

O outro cenário, segundo as informações que circulam, é que os credores querem apenas colocar Tubarão Martelo em operação e vendê-lo para recuperar seu dinheiro rapidamente. Seria uma solução mais rápida e prática. O novo dono de Tubarão Martelo ficaria encarregado dos investimentos para expandir a produção e dos riscos de que o potencial não seja o esperado – como em Tubarão Azul.

Mas quanto os credores poderiam cobrar por Tubarão Martelo? No cenário mais otimista da DeGolyer & MacNaughton, o campo valeria entre 645 milhões de dólares a 1,6 bilhão de dólares, dependendo da taxa de desconto: 20% para o primeiro valor; 8% para o último. No cenário mais detalhado pela auditoria, o valor é de 1,4 bilhão, com uma taxa de desconto de 10%.

É aí que a situação fica apertada para a OGX. Segundo a Folha de S.Paulo, as dívidas já estão em 5 bilhões de dólares. O total de ativos da empresa seria de 2,7 bilhões de dólares (não está claro em quanto essa conta avalia Tubarão Martelo).

De qualquer modo, mesmo com o campo que é a maior esperança de salvação de Eike, hoje, a OGX só conseguiria pagar metade de suas dívidas.

Para fazer com que a dívida e o valor da empresa se encontrem, é que Eike e seus representantes tentam convencer os credores a converter parte dos compromissos em ações ou dar um desconto no que lhes devem. Ou até ambos. Seja qual for a solução, Tubarão Martelo será uma peça importante, mas não será o poço dos desejos do qual vai jorrar um milagre.

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A resposta mais honesta é que Tubarão Martelo está longe de ser um tônico milagroso para a petroleira de Eike Batista .

Basicamente, há dois cenários em que o campo de petróleo pode ser útil ao resgate da OGX. O primeiro: Tubarão Martelo entra em operação, gera caixa para a OGX e, ao longo de sua vida útil, ajuda a empresa a pagar suas pesadas dívidas e a dar fôlego para companhia investir e crescer.

Há alguns pontos que tornam esse cenário menos colorido. O primeiro é, efetivamente, colocar o campo em condição de funcionar – o que demandaria de 150 milhões a 200 milhões de dólares em novos recursos, segundo as informações da imprensa em geral.

Quanto rende?

A injeção desse dinheiro é um dos pontos negociados pelos representantes das OGX nas últimas semanas. O motivo é simples: o caixa da OGX estaria prestes a secar. De acordo com a Folha de S.Paulo, haveria apenas 200 milhões de reais, suficientes para chegar ao fim deste mês. As últimas notícias indicam que haveria investidores dispostos a bancar essa jogada.

Se a OGX conseguir o dinheiro e colocar o campo em operação, há um incômodo detalhe: para quem a empresa vai vender petróleo? Mesmo quando Tubarão Azul, o poço-problema que afundou a empresa ao apresentar menos produção que o estimado, era festejado por Eike como o primeiro da “mini Petrobras”, o contrato obtido com a Shell foi de apenas vender os lotes decorrentes de testes – e não um acordo de longo prazo.

Mas, supondo que a OGX encontre compradores firmes para o óleo de Tubarão Martelo, vem a última dúvida: quanto ele vai gerar em receita? A estimativa mais otimista traçada pela DeGolyer & MacNaughton no relatório sobre o campo é que, entre reservas provadas, prováveis e possíveis, o campo produza 108,482 milhões de barris de petróleo até 2037. Isso corresponderia a 11,2 bilhões de dólares de receita bruta total ao longo destes anos.


Nesse cenário, é preciso descontar 6,4 bilhões de dólares para bancar o “dia a dia” da produção de Tubarão Martelo, composto pelos custos operacionais e pelos royalties que precisam ser pagos pelo direito de extrair petróleo. Logo, os credores e novos investimentos terão que disputar sua fatia dos 4,8 bilhões de dólares restantes – lembrando que este é o melhor cenário e o dinheiro seria gerado ao longo de 20 anos.

Quanto vale?

O outro cenário, segundo as informações que circulam, é que os credores querem apenas colocar Tubarão Martelo em operação e vendê-lo para recuperar seu dinheiro rapidamente. Seria uma solução mais rápida e prática. O novo dono de Tubarão Martelo ficaria encarregado dos investimentos para expandir a produção e dos riscos de que o potencial não seja o esperado – como em Tubarão Azul.

Mas quanto os credores poderiam cobrar por Tubarão Martelo? No cenário mais otimista da DeGolyer & MacNaughton, o campo valeria entre 645 milhões de dólares a 1,6 bilhão de dólares, dependendo da taxa de desconto: 20% para o primeiro valor; 8% para o último. No cenário mais detalhado pela auditoria, o valor é de 1,4 bilhão, com uma taxa de desconto de 10%.

É aí que a situação fica apertada para a OGX. Segundo a Folha de S.Paulo, as dívidas já estão em 5 bilhões de dólares. O total de ativos da empresa seria de 2,7 bilhões de dólares (não está claro em quanto essa conta avalia Tubarão Martelo).

De qualquer modo, mesmo com o campo que é a maior esperança de salvação de Eike, hoje, a OGX só conseguiria pagar metade de suas dívidas.

Para fazer com que a dívida e o valor da empresa se encontrem, é que Eike e seus representantes tentam convencer os credores a converter parte dos compromissos em ações ou dar um desconto no que lhes devem. Ou até ambos. Seja qual for a solução, Tubarão Martelo será uma peça importante, mas não será o poço dos desejos do qual vai jorrar um milagre.

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