Negócios

A guerra dos biquínis no maior mercado do mundo

Brasil representa mais de 10% do mercado mundial de moda praia, e grifes adotam novas estratégias para crescer

Salinas: 30% do faturamento da companhia é investido em novos negócios (SelmiYassuda/Veja)

Salinas: 30% do faturamento da companhia é investido em novos negócios (SelmiYassuda/Veja)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 5 de novembro de 2010 às 05h36.

São Paulo - Neste verão, além de biquínis, maiôs e sungas para serem usados na época mais esperada do ano, será comum encontrar outras peças nas gôndolas das lojas do segmento. Cangas, sacolas, sandálias e demais acessórios fazem agora parte da lista de itens da moda praia, setor que ganhou maior abrangência de conceito e espaço comercial nos últimos anos.

A explicação vem, em boa parte, da Europa. O Brasil está seguindo a tendência das marcas de moda praia europeias que não se limitam apenas a criar roupas de banho, mas também desenvolver os demais produtos que acompanham essas peças. Aos poucos, encontrar acessórios, roupas e até calçados para usar a beira-mar passou a ser uma exigência também das consumidoras brasileiras.

“O Brasil demorou um pouco até absorver essa nova ideia de moda praia e, aliada à melhora do poder aquisitivo das mulheres brasileiras, a expectativa é que o setor cresça a cada ano movido por novidades da moda”, afirma Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

Lucro à beira-mar

Por aqui, as empresas do segmento estão adaptando seus negócios a novas tendências. E, com a concorrência mais acirrada, vale de tudo para chamar a atenção dos clientes. A Rosa Chá é um bom exemplo disso. Antes tida apenas como fornecedora de peças de banho, a marca dobrou sua produção este ano, com a inclusão em seu portfólio de lingerie, bolsas, acessórios, roupas e calçados (inclusive jaquetas e botas).

Cerca de 5 milhões de reais foram investidos pela empresa na abertura de lojas da marca. “Sabíamos que existia uma forte demanda no mercado por peças como essas, mas não supríamos porque estávamos focados apenas em biquínis”, diz Ronaldo Mattos, diretor executivo da Rosa Chá. “As lojas serão uma vitrine de todos os novos produtos de maior valor agregado”.

Outra marca tradicional de biquínis no país, a Salinas, também resolveu focar seus esforços em inovação. “Hoje, investimos 30% de nosso faturamento em novos negócios que incluem produtos que compõem o conceito moda praia e vão além das peças de banho”, diz Jacqueline de Biase, estilista da Salinas.


A companhia não abre seu faturamento, mas a estimativa é de faturar 40% mais este ano, em especial, pela venda de novos produtos. O otimismo em relação ao aumento de vendas é seguido também pela Rosa Chá. “O simples fato de iniciarmos as vendas de peças avulsas de biquínis faz com que as clientes comprem mais, por elas poderem fazer suas próprias combinações”, afirma Mattos.

A nova postura das fabricantes refletiu também na maneira de atuar da Lycra, fornecedora de elastano para 80% do mercado. A empresa teve de começar a vender no país, a pedido dos clientes, um material antes feito apenas para exportação: o Xtra Life. “Trata-se de um tecido mais leve, de textura fina e secagem mais rápida, capaz de ser usado na modelagem de biquínis com mais versatilidade”, afirma Silvana Eva, gerente de moda praia da marca Lycra. Outras novidades estão sendo pesquisadas pela companhia.

Líder mundial

No mundo, o mercado de moda praia e verão gira em torno de 12 bilhões de dólares, segundo o Global Market Review of Swimwear and Beachwear, e o Brasil lidera o ranking, com a produção de 1,5 bilhão de dólares por ano. Cerca de 274 milhões de peças do segmento por ano pelas 2.300 empresas nacionais do setor.

“Mas ainda exportamos pouco. Apenas 1% do total produzido no segmento beachwear é enviado a outros países”, diz o presidente da Abit. “Acredito que muitas inspirações podem sair daqui, já que temos a brasilidade como forte apelo comercial, agregando valor aos nossos produtos”, afirma Aguinaldo.

Grande parte das exportações é feita pelas empresas nacionais com marca reconhecida lá fora. A Salinas, do grupo de moda InBrands, exporta 15% de tudo o que produz para 40 países. Já a Rosa Chá exporta 20% de sua produção para 12 país - entre eles, Portugal, Turquia e Itália. “Aos poucos, estamos aumentando as exportações. Neste ano, apenas para os Estados Unidos, venderemos 26% mais este ano em relação a 2009”, diz Mattos.

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