"A experiência é a nova moeda": empresário apaixonado por NFL relata o que viu no jogo em São Paulo
Diego Ramos, presidente da Associação Catarinense de Tecnologia, já foi a dezenas de jogos nos EUA. Na Neo Química Arena, gostou da emoção, mas sentiu falta de comida, bebida e 5G
Redação Exame
Publicado em 8 de setembro de 2024 às 14h07.
Diego Brites Ramos é diretor geral da Teltec Solutions e presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE)
A minha conexão com o futebol americano se iniciou em 1994 com 16 anos de idade quando eu fui fazer um intercâmbio nos Estados Unidos e estudei numa high school do interior do Estado de Kentucky, e atuei uma temporada inteira como Kicker do time de futebol americano da escola, batendo inclusive alguns recordes do campeonato estadual daquele ano.
Depois, graças a atuação da minha empresa que possui parcerias com grandes players de tecnologia como Cisco e Microsoft que fornecem tecnologia para as grandes arenas americanas e para a própria liga NFL, tive oportunidade por diversas vezes de conhecer os bastidores in loco de como essas grandes arenas utilizam da tecnologia para elevar a experiência do fã e aumentar as receitas com vendas de mercadorias, comidas e bebidas antes, durante e após a realização das partidas.
Como entretenimento, já tive a oportunidade também de acompanhar dezenas de jogos ao vivo em diversas cidades americanas, tanto da liga profissonal (NFL) quanto Universitária (NCAA) que é outra grande paixão do americano. Em fevereiro de 2022 tive ainda a oportunidade de conhecer os bastidores e assistir a uma final do Super Bowl realizada em Los Angeles.
Nesses anos todos, aprendi que a experiência e a nova moeda, é um ativo valiosíssimo. Os americanos são especialistas no assunto, e a vinda da NFL para São Paulo fez com que eu e um grupo de amigos viesse de Florianópolis a São Paulo para acompanhar o jogo. Minhas principais impressões do espetáculo:
Pontos positivos:
- É de se ressaltar e aplaudir a iniciativa de trazer um grande evento como esse para o Brasil. Me impressionou a quantidade de estrangeiros presentes ao estádio, especialmente dos Estados Unidos. Encontrei inclusive muitos que vieram do estado de Wisconsin, no extremo norte dos Estados Unidos, torcedores, claro, do Green Bay.
- Sensação de segurança muito boa. Apesar do estádio ficar longe, o acesso por metrô ajuda muito no deslocamento.
- Fizeram algumas interações bacanas com o público utilizando o telão, a exemplo do que os americanos fazem.
- O staff no geral foi muito bem. Muitas pessoas trabalhando no evento ajudando a passar orientações gerais.
Pontos a melhorar:
- O estádio careceu muito de infra estrutura tanto física como tecnológica.
- A começar que o estádio é pequeno para padrões NFL. Cerca de 47.000 presentes é muito pouco se comparado com os próprios estádios do Eagles e do Packers.
- Sem infraestrutura de Wi-Fi. Reclamação geral. Muitas pessoas não conseguiam se comunicar e publicar nas redes sociais a experiência em que estavam vivendo. As redes das operadoras não estavam conseguindo dar conta.
- Infraestrutura de cattering uma vergonha. Tempo enorme na fila e já no início faltou cerveja. Depois a cerveja estava quente, somente mais para o final é que conseguiram ofertar cerveja gelada. Opções de comida muito restritas.
- Banheiros sujos, mau cheiro e alguns sem torneiras
- Pouquíssimas (senão raras) TVs espalhadas pelos espaços do estádio o que compromete a experiência quando você precisa se deslocar para o banheiro ou para o bar e não deseja perder um lance do jogo.
- Muitas poltronas quebradas. Pessoas eram obrigadas a ficarem em pé pois tiveram que mover as poltronas quebradas.
- A qualidade do som estava muito ruim. Não se entendia direito o que os árbitros falavam e acabou comprometendo o show da Anitta também. Mais um ponto negativo a respeito da experiência.
- O gramado também não estava bom. Muito escorregadio. Comprometeu diversas jogadas.
Enfim, valeu pela emoção e experiência de recebermos o primeiro jogo da NFL no Brasil. Ainda fomos agraciados por um belo jogo de futebol, disputado até o último segundo e com muitos touchdowns.
Entretanto para chegarmos a ter uma experiência mais próxima do que temos nos jogos realizados nos Estados Unidos, ainda teremos um longo caminho pela frente.
E a experiência é a nova moeda!!!