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A "Casa de Papel" brasileira não dá dinheiro e pode ser vendida

A Casa da Moeda do Brasil perdeu o monopólio da fabricação de dinheiro no país e está na lista de estatais a serem privatizadas pelo governo federal

Casa da Moeda: prejuízo em 2019 deve ultrapassar 200 milhões de reais (Germano Lüders/Exame)
DG

Denyse Godoy

Publicado em 22 de novembro de 2019 às 08h00.

Última atualização em 22 de novembro de 2019 às 19h27.

Rio de Janeiro -- Os funcionários da Casa da Moeda do Brasil já estão acostumados a ouvir todo tipo de brincadeira sobre o seriado espanhol La Casa de Papel . Lançado na plataforma de vídeos americana Netflix em 2017, trata do bem-sucedido roubo de cerca de 1 bilhão de euros da empresa que fabrica cédulas e moedas na Espanha.

O roubo fictício aumentou a curiosidade, mas não alterou a rígida rotina da Casa da Moeda brasileira. A fábrica fica ao lado de um batalhão da Polícia Militar, à beira de uma estradinha coberta de pedregulhos na zona industrial de Santa Cruz, o último bairro da zona oeste da capital fluminense.

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Antes de ter acesso à área interna da companhia, onde oito prédios baixos se espalham por uma área de 538.000 metros quadrados, jornalistas, prestadores de serviços e demais convidados têm bolsas e mochilas revistadas e seus antecedentes criminais checados por recepcionistas abrigadas em um cubículo de vidro blindado. Vigilantes seguem de perto os passos de quem é autorizado a entrar. O espaço aéreo acima da fábrica é controlado. Por essa rígida estrutura, ninguém diria que a Casa da Moeda do Brasil, instituição pública criada no país em 1694, está em perigo.

Mas a ameaça vem de outra frente. A empresa caminha para registrar em 2019 seu terceiro prejuízo anual consecutivo, de cerca de 206 milhões de reais, mais que o dobro das perdas de 2018. Nesse ritmo, ficaria sem caixa pouco antes do fim de 2020 — uma ironia: pode faltar dinheiro na Casa da Moeda.

O governo federal propôs uma solução: privatizar a Casa da Moeda, cuja exclusividade no fornecimento de notas para o Banco Central do Brasil foi quebrada no início de novembro, com um período de adaptação garantido até 2021.

Esse plano pode salvar a instituição e seus empregados — ou significar sua ruína, ameaçando a confiança no setor monetário do país. “A Casa da Moeda não se mantém. Quando a perda da exclusividade entrar em vigor, terá de conseguir contratos por ser competitiva ou terá de ser liquidada”, diz o empresário gaúcho Eduardo Zimmer Sampaio, apontado há cinco meses como o novo presidente.

“Esse é o pior dos cenários para uma instituição com 300 anos de história.” Desde junho, Sampaio está conduzindo uma reestruturação na Casa da Moeda. A ideia é ter uma empresa rentável, para venda ou não. “Temos uma estratégia de médio prazo para tornar a Casa da Moeda sustentável e competitiva, não importa quem será o dono, se o governo ou um ente privado”, afirma Sampaio.

O caso específico da instituição evidencia um dilema fundamental que a equipe econômica vai enfrentar para colocar em prática o projeto de privatizar no curto prazo diversas estatais: como avaliar a necessidade e a conveniência de vender essas empresas para além de seus (maus) resultados financeiros.

Areportagem completasobre os novos rumos da Casa da Moeda do Brasil estão naedição 1198de EXAME, disponível nas bancas, tablets e smartphones.

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