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5 tropeços de Rupert Murdoch

Escutas ilegais, difamação e golpe em anunciantes estão entre as trapalhadas de empresas do grupo News Corp

Rupert Murdoch, magnata dono da News Corp. (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2011 às 15h20.

São Paulo – O empresário australiano Rupert Murdoch é um dos principais nomes da mídia. Dono do grupo News Corp., que controla os jornais The Wall Street Journal, The Times e a rede de TV Fox, entre outros, ele vem enfrentando nos últimos tempos uma série de trapalhadas que ameaçam a credibilidade de seus negócios. A última delas foi o escândalo de escutas ilegais, que levou ao encerramento do tradicional jornal News of The World, que contava com uma tiragem de 2,8 milhões de exemplares.

Murdoch já andava em baixa quando, em março, a Avaaz.org, rede de ativistas para mobilização social global via internet, iniciou uma campanha mundial para impedir que ele compre a totalidade da operadora de TV a cabo BSkyB e se torne ainda mais dominante no Reino Unido. Até agora 375.000 pessoas assinaram a petição, que será entregue ao governo britânico quando o número atingir meio milhão de assinaturas. No manifesto, a rede afirma que Murdoch usa de seu império midiático para enfraquecer governos democráticos, promover divisão, intolerância e guerra.

1 – Escutas ilegais

Cerca de 3.000 pessoas foram vítimas de escutas ilegais feitas pelo jornal News of the World, que buscava informações em primeira mão. O caso mais chocante aconteceu nesta semana com a denúncia de que um detetive que trabalhava para o jornal teria grampeado o telefone celular de Milly Dowler, uma adolescente de 13 anos morta em 2002. A interceptação teria dificultado as investigações da polícia. A descoberta fez o premiê britânico David Cameron pedir a abertura de novas investigações sobre as práticas ilegais do jornal, acusado também de interceptar ligações de vítimas do atentado de Londres, em 2005, e soldados mortos em guerras.

As suspeitas dessa prática ilegal vieram à tona em 2006. No ano seguinte, a Justiça condenou à prisão o correspondente do jornal para assuntos da Realeza Clive Goodman e o investigador Glenn Mulcaire por causa do grampo ilegal de telefones de membros família real. Em janeiro deste ano a Scotland Yard retomou as investigações após alegações de que artistas, políticos, jogadores de futebol e outras celebridades tiveram seus telefones invadidos. Depois de tantas denúncias, o tabloide admitiu em abril ter interceptado mensagens deixadas na caixa postal de celulares de pessoas envolvidas em casos cobertos pelo jornal.


2 – Má gestão do MySpace

Quando comprou a pioneira das redes sociais em 2005, Murdoch pagou 580 milhões de dólares. Seis anos depois, o magnata da mídia teve de vender a empresa. O negócio não foi bom para ele que se desfez do Myspace por apenas 38 milhões de reais em junho. O comprador foi o grupo de publicidade digital Specific Media, que tem o cantor Justin Timberlake como um de seus acionistas. A rede social entrou em constante declínio depois do surgimento do Facebook e, mais recentemente, o Twitter.

No ano passado, a empresa passou por uma grande reestruturação para se reinventar. O sistema ganhou ferramentas no intuito de transformar a navegação em uma experiência mais completa – em vão. Poucos meses após a reorganização, o MySpace cortou 47% de sua equipe, o equivalente a 500 funcionários. À época, a companhia disse que a decisão era um movimento estratégico, capaz de tornar o produto atrativo para possíveis compradores. Segundo Chase Carey, presidente da News Corp., o site só poderia alcançar seu pleno potencial sob a gestão de um novo comprador.

3 – Jornal para iPad que não faz sentido

Rupert Murdoch lançou em fevereiro deste ano o The Daily, com a pretensão de ser o primeiro jornal diário exclusivamente feito para o iPad, da Apple. O empresário destinou 30 milhões de dólares para desenvolver o projeto visto com ceticismo por analistas. O The Daily não é atualizado 24 horas por dia da mesma forma que outros sites e já existe conteúdo disponível na internet que pode ser acessado pelo iPad. Além disso, o The Daily vai contra a mobilidade que o iPad permite. Apesar de custar apenas 0,99 centavos de dólar por semana, o jornal pode ser acessado apenas nos Estados Unidos.

4 – Problemas por difamação

Não bastassem as escutas ilegais para buscar informações exclusivas, outro jornal do grupo, o The New York Post, enfrenta um processo de difamação pela empregada do hotel que acusou Dominique Strauss-Kahn, ex-chefe do Fundo Monetário Internacional, de agressão sexual. Em sua cobertura do caso, o jornal chamou a empregada de prostituta.


Não foi a primeira vez que um funcionário do grupo emitiu, digamos uma opinião ofensiva e infundamentada sobre alguém. Em 2009, o apresentador da Fox News Glenn Beck afirmou que o presidente americano Barack Obama era racista – ele também costuma afirmar que não existe aquecimento global. O fato provocou ira dos anunciantes que boicotaram o programa.

5 – Golpe em anunciantes

Em janeiro, a News Corp. pagou 500 milhões de dólares num acordo com a empresa de publicidade Valassis. A companhia acusava a subsidiária da News Corp, a News America, de divulgar falsas declarações sobre Valassis aos seus clientes e de usar táticas anti-concorrenciais e contratos restritivos em uma tentativa de criar um monopólio no mercado. A Valassis, cujos clientes incluem, Arby da Kellogg e Nivea, pede 1,5 bilhão em danos em danos. Em 2004, a News America enfrentou o mesmo problema com a Insignia Systems. O caso continua em julgamento.

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São Paulo – O empresário australiano Rupert Murdoch é um dos principais nomes da mídia. Dono do grupo News Corp., que controla os jornais The Wall Street Journal, The Times e a rede de TV Fox, entre outros, ele vem enfrentando nos últimos tempos uma série de trapalhadas que ameaçam a credibilidade de seus negócios. A última delas foi o escândalo de escutas ilegais, que levou ao encerramento do tradicional jornal News of The World, que contava com uma tiragem de 2,8 milhões de exemplares.

Murdoch já andava em baixa quando, em março, a Avaaz.org, rede de ativistas para mobilização social global via internet, iniciou uma campanha mundial para impedir que ele compre a totalidade da operadora de TV a cabo BSkyB e se torne ainda mais dominante no Reino Unido. Até agora 375.000 pessoas assinaram a petição, que será entregue ao governo britânico quando o número atingir meio milhão de assinaturas. No manifesto, a rede afirma que Murdoch usa de seu império midiático para enfraquecer governos democráticos, promover divisão, intolerância e guerra.

1 – Escutas ilegais

Cerca de 3.000 pessoas foram vítimas de escutas ilegais feitas pelo jornal News of the World, que buscava informações em primeira mão. O caso mais chocante aconteceu nesta semana com a denúncia de que um detetive que trabalhava para o jornal teria grampeado o telefone celular de Milly Dowler, uma adolescente de 13 anos morta em 2002. A interceptação teria dificultado as investigações da polícia. A descoberta fez o premiê britânico David Cameron pedir a abertura de novas investigações sobre as práticas ilegais do jornal, acusado também de interceptar ligações de vítimas do atentado de Londres, em 2005, e soldados mortos em guerras.

As suspeitas dessa prática ilegal vieram à tona em 2006. No ano seguinte, a Justiça condenou à prisão o correspondente do jornal para assuntos da Realeza Clive Goodman e o investigador Glenn Mulcaire por causa do grampo ilegal de telefones de membros família real. Em janeiro deste ano a Scotland Yard retomou as investigações após alegações de que artistas, políticos, jogadores de futebol e outras celebridades tiveram seus telefones invadidos. Depois de tantas denúncias, o tabloide admitiu em abril ter interceptado mensagens deixadas na caixa postal de celulares de pessoas envolvidas em casos cobertos pelo jornal.


2 – Má gestão do MySpace

Quando comprou a pioneira das redes sociais em 2005, Murdoch pagou 580 milhões de dólares. Seis anos depois, o magnata da mídia teve de vender a empresa. O negócio não foi bom para ele que se desfez do Myspace por apenas 38 milhões de reais em junho. O comprador foi o grupo de publicidade digital Specific Media, que tem o cantor Justin Timberlake como um de seus acionistas. A rede social entrou em constante declínio depois do surgimento do Facebook e, mais recentemente, o Twitter.

No ano passado, a empresa passou por uma grande reestruturação para se reinventar. O sistema ganhou ferramentas no intuito de transformar a navegação em uma experiência mais completa – em vão. Poucos meses após a reorganização, o MySpace cortou 47% de sua equipe, o equivalente a 500 funcionários. À época, a companhia disse que a decisão era um movimento estratégico, capaz de tornar o produto atrativo para possíveis compradores. Segundo Chase Carey, presidente da News Corp., o site só poderia alcançar seu pleno potencial sob a gestão de um novo comprador.

3 – Jornal para iPad que não faz sentido

Rupert Murdoch lançou em fevereiro deste ano o The Daily, com a pretensão de ser o primeiro jornal diário exclusivamente feito para o iPad, da Apple. O empresário destinou 30 milhões de dólares para desenvolver o projeto visto com ceticismo por analistas. O The Daily não é atualizado 24 horas por dia da mesma forma que outros sites e já existe conteúdo disponível na internet que pode ser acessado pelo iPad. Além disso, o The Daily vai contra a mobilidade que o iPad permite. Apesar de custar apenas 0,99 centavos de dólar por semana, o jornal pode ser acessado apenas nos Estados Unidos.

4 – Problemas por difamação

Não bastassem as escutas ilegais para buscar informações exclusivas, outro jornal do grupo, o The New York Post, enfrenta um processo de difamação pela empregada do hotel que acusou Dominique Strauss-Kahn, ex-chefe do Fundo Monetário Internacional, de agressão sexual. Em sua cobertura do caso, o jornal chamou a empregada de prostituta.


Não foi a primeira vez que um funcionário do grupo emitiu, digamos uma opinião ofensiva e infundamentada sobre alguém. Em 2009, o apresentador da Fox News Glenn Beck afirmou que o presidente americano Barack Obama era racista – ele também costuma afirmar que não existe aquecimento global. O fato provocou ira dos anunciantes que boicotaram o programa.

5 – Golpe em anunciantes

Em janeiro, a News Corp. pagou 500 milhões de dólares num acordo com a empresa de publicidade Valassis. A companhia acusava a subsidiária da News Corp, a News America, de divulgar falsas declarações sobre Valassis aos seus clientes e de usar táticas anti-concorrenciais e contratos restritivos em uma tentativa de criar um monopólio no mercado. A Valassis, cujos clientes incluem, Arby da Kellogg e Nivea, pede 1,5 bilhão em danos em danos. Em 2004, a News America enfrentou o mesmo problema com a Insignia Systems. O caso continua em julgamento.

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