2015: o ano de demissões históricas nas grandes empresas
Reunimos os maiores anúncios de companhias feitos neste ano de crise dentro e fora do país
Tatiana Vaz
Publicado em 17 de dezembro de 2015 às 11h02.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h23.
São Paulo – O ano de 2015 não foi nada fácil para os empresários e suas empresas – muito menos para os funcionários e suas famílias. A estimativa é que apenas nos primeiros oito meses deste ano, cerca de 600 000 brasileiros tenham sido demitidos. O emprego industrial teve o pior semestre desde dezembro de 2000, início da série histórica da pesquisa realizada pelo IBGE. Outras áreas, como a de construção, petroleiras e varejo, também sentiram os efeitos da crise dentro e fora do país. No Brasil, as investigações da Lava Jato, que investiga um sistema de corrupção na Petrobras, também colocou em xeque grandes negócios. Veja, a seguir, algumas das maiores demissões anunciadas até este final de ano .
A mineradora britânica Anglo American, a quinta maior do setor no mundo em valor de mercado, havia anunciado um corte de 53.000 pessoas em junho – mas o número aumentou para 85.000, em novembro. Com a iniciativa, consequência de vendas de ativos e negócios, o quadro de funcionários da empresa será reduzido em 60%. O objetivo é deixá-la mais lucrativa.
Com os brasileiros comprando menos carro, e a concorrência mais acirrada do setor, as montadoras demitiram 13.300 funcionários até novembro. Além deles, outros 46.000 profissionais do setor estão hoje com alguma restrição em suas atividades, seja com menor salário em troca de estabilidade ou jornada de trabalho reduzida. Depois de abrir o programa de demissão voluntária em sua fábrica no ABC Paulista, a Ford abriu nesta semana o PDV também para os que trabalham na planta de Camaçari, na Bahia.
Em julho, a HP anunciou o que seria um dos maiores cortes da história: 55.000 pessoas seriam dispensadas em todo o mundo por conta da cisão da companhia em duas - operações de hardware e serviços corporativos. Meses depois, mais um anúncio: outros 33.300 funcionários devem ser demitidos nos próximos três anos, na medida em que empresa de tecnologia se ajusta à queda da demanda.
Lojas Marisa, C&A e Riachuelo foram algumas das grandes varejistas que promoveram demissões de pessoas, na tentativa de reduzir custos e melhorar os negócios em 2015. Apenas na Via Varejo, a estimativa é de que cerca de 2.000 funcionários tenham sido dispensados apenas neste ano. Além das demissões, muitas empresas do setor também fecharam lojas.
O HSBC anunciou que cortará quase 50 mil postos de trabalho e reduzirá seu banco de investimentos, para simplificar seu negócio. De acordo com o banco, metade dos cortes de postos de trabalho virão das vendas dos negócios no Brasil e na Turquia.
Outra redução de vagas motivada por plano de cortes nos gastos. A multinacional Coca-Cola demitirá cerca de 1.800 trabalhadores como parte do plano que busca economizar US$ 3 bilhões até 2019 - uma tentativa de reduzir o impacto da queda de vendas de refrigerantes. O processo, que se iniciou em janeiro deste ano, deverá levar alguns meses para ser concluído. A empresa conta no mundo todo com 130.000 empregados.
Sete fábricas da Kraft Heinz na América do Norte serão fechadas e 2.600 demitidos em 2016, o equivalente a quase 6% do quadro de funcionários da empresa. Além dessas, a companhia anunciou o corte de 2.500 pessoas, em agosto, depois de passar a ser controlado pelo fundo de investimentos brasileiro 3G Capital.
Nos próximos três anos, a Repsol planeja cortar 1.500 funcionários, ou 6% de todo seu quadro, como parte de seus esforços para reduzir custos. Assim como as concorrentes, a companhia foi afetada pela queda nos preços do petróleo nos últimos 12 meses, cenário acentuado pelo fato dela ter comprado a canadense Talisman Energy, por US$ 8,3 bilhões.
Em outubro, o banco alemão anunciou a demissão de 9.000 pessoas, além de cortes em filiais de dez países, entre eles Argentina, Chile, México, Peru e Uruguai, como parte de seu plano de reestruturação mundial. A maior parte das demissões – 4.000 delas – está prevista para acontecer na Alemanha.
Com o programa de concessão de aeroportos à iniciativa privada, a Infraero planeja demitir pelo menos 4.000 pessoas por meio de um programa de demissão voluntária. O governo irá pagar os encargos rescisórios dos trabalhadores desligados. No setor, as companhias aéreas TAM e GOL também tiveram de reduzir gente para cortar gastos.
A Ambev fechou uma cervejaria em Natal e demitiu cerca de 300 funcionários diretos, como impacto do aumento do ICMS no Estado do Rio Grande do Norte. O aumento de alíquotas e o fim do incentivo fiscal na região fizeram com que não valesse mais a pena manter a unidade.
Cerca de 2.000 metalúrgicos do Estaleiro Brasfels devem ser demitidos até o final deste ano, segundo a companhia, que enfrenta dificuldades há um ano. A empresa deixou de receber pagamentos de serviços contratos pela Sete Brasil, uma das empresas que está sendo investigada pela Operação Lava Jato. Os profissionais trabalham na construção de quatro das seis sondas de perfuração encomendadas ao estaleiro, localizado em Angra dos Reis (RJ).
Depois de ter de t ransferir seus 744 mil clientes para outras operadoras, a UnimedPaulistana teve de demitir 1.500 funcionários, quase metade do seu quadro profissional direto. O Sindicato dos Empregados de Cooperativas Médicas de SP entrou com liminar na Justiça pedindo o bloqueio dos ativos da Unimed para garantir o pagamento das verbas rescisórias.
Em outubro, dias depois de anunciar Jack Dorsey, co-fundador do Twitter, como novo CEO da empresa, a rede anunciou o corte de 336 pessoas, ou 8% de seu quadro de funcionários. Também naquele mês, Dorsey anunciou que doará 1% de suas ações aos funcionários que permanecerem e que investir em comerciais de TV voltou aos planos da companhia.
A filial espanhola da Vodafone cortou 1.300 empregos depois de comprar a rival Ono, maior operadora a cabo do país. A aquisição foi fechada por 7,2 bilhões de euros em março de 2014.
Depois de três anos de queda do lucro, o banco Standard Chartered decidiu cortar 15.000 funcionários, além de levantar US$ 5,1 bilhões com a venda de ações. O banco, um dos 30 mais importantes do mundo, precisa economizar US$ 2,9 bilhões até 2018, para voltar a ter equilíbrio financeiro.
Em 2015, a American Express irá cortar 4 mil empregos, o equivalente a quase 6% de sua força de trabalho total. As demissões são parte de um plano de reestruturação mais amplo destinado a melhorar a eficiência da empresa. A companhia de cartões de crédito vem tendo dificuldades em atingir as metas de vendas e teve de aumentar os gastos em 3% apenas no quarto trimestre do ano passado.
Até o fim do ano fiscal 2015-2016, a Sony fará 2.100 demissões na sua divisão de celulares, que vem apresentando resultados fracos. O total de funcionários da Sony Mobile Communications será reduzido em 30%, a 5.000 trabalhadores, até março de 2016. O grupo japonês tenta recuperar a lucratividade da operação. A companhia, que reduziu projeções de resultado por seis vezes, previu um prejuízo líquido de 230 bilhões de ienes (1,95 bilhão de dólares) para o ano fiscal que se encerra em março.
O grupo industrial alemão Siemens planeja cortar 7.800 funcionários em todo o mundo, ou cerca de 2% de sua força de trabalho. Cerca de 3.300 empregos serão cortados na Alemanha, onde o grupo que fabrica de trens a turbinas emprega 115 mil pessoas. A Siemens disse que os cortes iriam fazê-la economizar cerca de 1 bilhão de euros (1,14 bilhão de dólares), montante que reinvestirá para crescimento.
A Ericsson irá demitir 2.200 pessoas na Suécia para aumentar a lucratividade. As demissões serão basicamente nas áreas de pesquisa e desenvolvimento e de fornecimento. O corte faz parte do plano da empresa, anunciado em novembro do ano passado, para economizar mais de 9 bilhões de coroas suecas em custos, ou US$ 1,1 bilhão, até 2017.
A Target cortou 1.700 vagas e deixou outras 1.400 sem reposição. O processo de demissões começou em março deste ano. Alguns vice-presidentes também deixaram a companhia. Os cortes fazem parte do plano da varejista de economizar US$ 2 bilhões em custos. A empresa, no entanto, não divulgou um cronograma para isso. Em janeiro, ela anunciou que iria fechar sua operação no Canadá depois de prejuízos de mais de US$ 2,5 bilhões. A rede de lojas de departamento começou a expansão no país em 2011, que custou US$ 4 bilhões. Desde 2011, 133 lojas tinham sido abertas no país, com 17.600 funcionários.
Não é de hoje que o Yahoo! enfrenta uma reestruturação – e parece que essa realidade não vai mudar tão cedo. Em fevereiro, a empresa demitiu entre 100 e 200 funcionários no mundo, principalmente no Canadá. A gestão de Marissa Mayer, atual presidente do Yahoo!, classifica as demissões como parte de um realinhamento organizacional ou reestruturação. Segundo analistas, cerca de 1.400 funcionários devem ser demitidos.
Para simplificar o modelo organizacional, a Natura realizou demissões em São Paulo. A ação envolveu cargos de chefia e outras posições administrativas. A empresa justificou as demissões com o cenário de maior competição no mercado. As demissões foram de quase 70 funcionários, representando menos de 1% dos cerca de 7 mil funcionários da Natura no país.
A Alcoa , uma das maiores produtoras de alumínio do mundo, com sede nos EUA, anunciou mais um corte de produção no Brasil. Cerca de 650 funcionários serão demitidos na unidade de São Luís, no Maranhão. Assim, a companhia irá deixar de produzir no país o alumínio primário, que serve de base. A medida é parte de uma estratégia global anunciada no início de março e que previa cortes de produção, fechamento de unidades e venda de ativos no mundo inteiro.
A companhia de energia do Estado de São Paulo (Cesp) está preparando um programa de demissão voluntária. O PDV tem como alvo cerca de 400 funcionários que estão próximos de se aposentar, segundo o diretor financeiro da empresa, Almir Martins. Ele afirmou que a expectativa é que cerca de 50% desse público opte pelo programa, que está sendo preparado para o final do primeiro semestre.
Os atrasos de pagamento da estatal Valec, ligada ao Ministério dos Transportes, ameaçam o andamento da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), na Bahia. O projeto vai ligar Barreiras, no oeste da Bahia, até Ilhéus, no litoral. A primeira a abrir caminho para a redução do ritmo das obras foi a Galvão Engenharia - empresa envolvida na Operação Lava Jato e que passa por sérias dificuldades de caixa. A empreiteira demitiu 700 funcionários em março. Até o fim do ano passado, a empresa mantinha no canteiro de obras da ferrovia 1.500 funcionários. Mas, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada da Bahia (Sintepav/PA), esse número já estava em 848 trabalhadores - ou seja, com as demissões desta semana, o número cai para 148.
A construtora Camargo Correa demitiu pelo menos metade de funcionários que trabalham no prédio administrativo da empresa. Além disso, está renegociando condições de pagamentos com fornecedores e encerrando uma série de projetos considerados não prioritários.
Cerca de 500 funcionários do Consórcio Complexo Deodoro, liderado pela construtora Queiroz Galvão, receberam aviso prévio de demissão no início do mês. Eles estavam envolvidos nas obras das instalações esportivas dos Jogos Olímpicos de 2016, localizado no bairro Deodoro, zona oeste do Rio de Janeiro. Outras 70 pessoas em fase de experiência já haviam sido demitidas pela Queiróz Galvão há pouco tempo e outras 400 correm o mesmo risc
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