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15 países irão a Brasília para trocar informações sobre Odebrecht

Os países investigam a atuação da empreiteira no financiamento ilegal de campanhas eleitorais, no pagamento de subornos e em operações financeiras ilegais

Odebrecht: os países solicitaram informações às autoridades brasileiras, que há mais de dois anos investigam a empreiteira (Sebastian Castaneda/Reuters)
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EFE

Publicado em 15 de fevereiro de 2017 às 12h49.

Brasília - Representantes de Ministérios Públicos de 15 países se reunirão a partir de quinta-feira em Brasília para trocar informações sobre as práticas corruptas da construtora brasileira Odebrecht .

Segundo a Procuradoria-Geral da República, que organiza a reunião, foram convidados delegados de Antígua e Barbuda, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, El Salvador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Portugal, Peru, República Dominicana e Venezuela.

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As reuniões serão a portas fechadas pois, segundo disse à Agência Efe um porta-voz da Procuradoria, existem investigações em curso por parte de cada um dos Ministérios Públicos que participarão da reunião, que considerou como um "inédito caso de cooperação regional".

Nesses 14 países, além do próprio Brasil, que foi onde começaram a ser reveladas essas práticas ilegais, é investigada a atuação do grupo Odebrecht, sobretudo no financiamento ilegal de campanhas eleitorais, no pagamento de subornos para obter contratos de obras públicas e em operações financeiras irregulares.

Todos esses países solicitaram informações às autoridades brasileiras, que há mais de dois anos iniciaram a chamada operação "Lava Jato", que começou com um simples assunto de lavagem de dinheiro e revelou o maior escândalo de corrupção da história nacional.

Desde então, dezenas de políticos e empresários foram presos pela participação nessa trama, que ainda pode atingir muitos outros dirigentes de quase todos os partidos, entre quais figuram membros do governo e o próprio presidente Michel Temer.

Essas práticas, no entanto, não se limitaram ao Brasil e foram além das fronteiras, para se expandir pelas mãos da Odebrecht por boa parte da América Latina e chegar até países da África e inclusive da Europa, como é o caso de Portugal.

Boa parte do dinheiro obtido com essas manobras ilegais passou por bancos dos Estados Unidos e Suíça, países que também entraram na investigação e com os quais Odebrecht assinou sendos acordos de leniência, como fez no Brasil, mediante os quais aceitou sanções que superam os US$ 2 bilhões.

A dimensão internacional do escândalo foi revelada no final do ano passado, quando o Departamento de Justiça dos EUA revelou que a construtora tinha admitido que pagou cerca de US$ 788 milhões em subornos em 12 países da América Latina e África, incluído o Brasil.

Os pagamentos se referiram a "mais de 100 projetos" realizados entre 2001 e 2014 e que, na grande maioria dos casos, correspondiam a obras públicas.

As investigações iniciadas por causa das informações do Departamento de Justiça dos Estados Unidos geraram uma ordem de captura contra o ex-presidente peruano Alejandro Toledo, declarado foragido, e envolveu os atuais líderes do Panamá, Juan Carlos Varela, e Colômbia, Juan Manuel Santos.

Também geraram um enorme rebuliço em cada um dos países citados, que em sua maioria pediram informações ao Brasil, já que 77 ex-diretores da Odebrecht envolvidos no assunto acordaram colaborar com a justiça e revelar detalhes sobre as operações da empresa no exterior.

Os testemunhos desses antigos executivos da construtora estão sob um estrito segredo judicial, mas a imprensa local afirma que podem envolver no assunto cerca de 200 políticos, por isso que os classifica como "delação do fim do mundo".

A Odebrecht, que opera em 28 países e tem cerca de 168 mil empregados, aceitou sua responsabilidade nesses fatos e se comprometeu tanto a colaborar com a justiça em todas as investigações como a eliminar definitivamente essas práticas corruptas.

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