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10 sinais de que a empresa é uma "assassina" de boas ideias

Especialistas mostram quais são os comportamentos que indicam que a empresa anda perdendo boas oportunidades de crescer (e ganhar dinheiro) com boas ideias


	“Se a mudança for só de fora para dentro acaba gerando uma esquizofrenia organizacional”, afirma Tennyson Pinheiro, sócio-fundador da Live|Work
 (MorgueFile)

“Se a mudança for só de fora para dentro acaba gerando uma esquizofrenia organizacional”, afirma Tennyson Pinheiro, sócio-fundador da Live|Work (MorgueFile)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2013 às 09h32.

São Paulo – Todo mundo fala em inovação, mas na prática, por que é tão difícil fazer sua equipe trazer boas ideias? Há comportamentos nocivos nos gestores que são verdadeiros assassinos da criatividade.

Para Tennyson Pinheiro, sócio-fundador da Live|Work, consultoria de inovação em serviços, a falta de protagonismo dos funcionários é ainda o maior impeditivo à criatividade. Inspirados por Google, Apple e afins diversas empresas pelo mundo andam repetindo modelos de arquitetura e decoração modernos, na ideia de construir ambientes e equipes mais criativos. Autor do livro "Design Thinking Brasil", Pinheiro já dá o recado. “Se a mudança for só de fora para dentro acaba gerando uma esquizofrenia organizacional.”

Veja, a seguir, quais são os assassinos da criatividade mais perigosos para a gestão da empresa.

1 Falta de clareza dos objetivos

Uma ideia descolada dos alvos da liderança nunca alcança ao alto escalão – nem recebe recursos. “Se não houver clareza de direcionamento, as ideias nunca sobem para o status decisório. Fica sempre fazendo looping na média gerência”, afirma Maximiliano Selistre Carlomagno, sócio-fundador Innoscience.

Antídoto: Uma estratégia formal de inovação tende a eliminar os ruídos que possam haver entre os interesse da alta gerência e a base da corporação.

2 Departamentalização

Dividir a empresa em departamentos é um perigoso resquício da revolução industrial na visão de Tennyson Pinheiro, que usa a Apple como exemplo. “A Apple funciona até hoje com o uma startup. Não tem divisão de budget por área de negócio”, afirma Pinheiro. 

Antídoto: Colocar todos os funcionários em torno do mesmo objetivo não só unifica as metas como também abre espaço para mais projetos interdisciplinares, misturando profissionais de diversas áreas. 


3 Excesso de previsibilidade financeira

Tudo bem, todo mundo sabe que empresas não têm tempo nem dinheiro a perder. Mas nem sempre uma ter uma ideia é sinônimo de garantir que ela vá funcionar. “Em lugares como esse, enquanto você não provar que vai dar certo, não vai conseguir mostrar a ideia para ninguém”, diz Carlomagno. 

Antídoto: Colaborar para que a ideia caminhe conceitualmente é a melhor alternativa. Carlomagno sugere questionar, antes do orçamento, quais são as informações ainda desconhecidas. “Gerir ideias é sempre um processo de descoberta”, afirma.

4 Falta de prioridades

Deixar todos os processos correndo em paralelo pode ser uma ótima saída para quem não tem segurança para abrir mão deste ou daquele projeto, mas é a pior forma de gerir novas ideias. “O empresário ou gestor nunca gosta de abrir mão dos projetos, então deixa tudo meio aberto, sem coordenação nem direcionamento claros”, afirma Carlomagno.

Antídoto: Olhar cada projeto de forma individual e profunda pode ajudar a eleger as prioridades. “Pergunte-se se esse projeto tem uma pegada alinhada com a estratégia da empresa ”, diz o especialista. 

5 Incoerência entre discurso e avaliação de desempenho

Para Pinheiro, programas de inovação com prêmios esporádicos em dinheiro não mudam o status quo criativo da empresa. “Essas ferramentas que funcionavam em uma época em que o funcionário odiava o trabalho. Hoje o que procuram é motivação e paixão pelo que se faz: isso não se conquista pagando prêmios eventuais para boas ideias.”

Antídoto: Coerência é fundamental para que as equipes continuem gerando ideias e não se sintam vencidas pelo descritivo de funções. Se criatividade for cobrada, é importante que ela também apareça nas avaliações de desempenho e, é claro, na política de salários e cargos da empresa. 


6 Ansiedade

O comportamento da liderança é sempre o principal condutor da ação das equipes. No processo criativo não é diferente. Carlomagno afirma que inovação e criatividade são setores “orientados pela ansiedade”. Ao primeiro sinal de que a ideia não foi tão bem recebida quanto esperado, líderes e funcionários já abrem mão daquele projeto que, inicialmente, parecia a galinha dos ovos de ouro da companhia. “As pessoas pulam fora do projeto antes dele mesmo acontecer”, diz. 

Antídoto: É essencial ter paciência e, principalmente, estar pronto para fazer pequenas alterações nos projetos a cada frustração o erro identificado. 

7 Competitividade entre as equipes

Criatividade não combina com competitividade – dentro do mesmo time, é claro. Em vez de estimular os funcionários a melhorar o desempenho, a criação de ambientes competitivos dentro da mesma “casa” gera conflito, o que não favorece em nada a inovação. “Criar é um processo colaborativo”, afirma Tennyson Pinheiro. 

Antídoto: Se cada funcionário for cobrado individualmente – e não por presença, influência, capacidade de persuasão, entre outros -, o ruído tende a diminuir. Evitando inclusive a sensação de injustiça que acontece diante da promoção deste ou daquele colega.

8 Desconfiança e excesso de crítica

Se quando um empregado vem com uma nova ideia, o líder desconfia se vale a pena investir hora de trabalho do funcionário no projeto, pode ter certeza: a gestão de criatividade pode estar em perigo.  Confiar que cada um fará sua parte é fundamental para quem pretende ter uma gestão criativa. “Quando as pessoas se sentem livres para fazerem seus trabalhos, elas retribuem essa liberdade com amor e paixão pelo que fazem, o que naturalmente amplia a capacidade criativa”, diz Pinheiro. 

Antídoto: Uma primeira oportunidade está na redução de elementos desmotivadores, como atitudes que reduzam a autoconfiança e a independência do funcionário. “A fogueira da motivação já está acesa normalmente. Basta os gestores não desmotivarem o empregado.”


9 Comportamentos padronizados

Tem gente que vira até piada na equipe: “fulano é o pessimista” ou “beltrano acha que tudo pode dar dinheiro”. Pois é, o fato é que esses comportamentos padronizados tendem a ser uma corrente de chumbo para a capacidade criativa dos funcionários. “Se o líder for sempre o ´advogado do diabo` na hora da ideia, ele nunca executará nada”, diz Carlomagno. 

Antídoto: Cada estágio do processo criativo merece um tipo de comportamento de toda a equipe. Há o momento certo de ser entusiasta assim como há o momento ideal para o olhar crítico. Técnicas para gerar melhores ideias podem ser boas ferramentas.

10 Chicotes psicológicos

Por falar em papéis errados, é fundamental lembrar que nenhum funcionário estará confortável para criar quando precisa compor um personagem que não o representa. Desde a obrigatoriedade do terno e a proibição do piercing até casos mais graves como exigir comportamentos que não deixem o funcionário à vontade, qualquer desencaixe pode ser nocivo. “Como você pretender ter um cara motivado se o empregado é obrigado começar o dia negando a si mesmo?”, diz Pinheiro, da Live|Work. “Uma pessoa que tem de rejeitar seus princípios ou sua imagem para começar o dia não poderá criar de forma eficiente.”

Antídoto: Empresas devem sempre evitar rotular o seu estilo de funcionário – seja pelo comportamento ou até mesmo pelo visual. Prevalecerá sempre o bom senso, evitando assim empregados quadrados, que dificilmente terão ideias “fora da caixa”.

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