Tigre do zoológico de Detroit: hoje, alguns dos zoológicos mais antigos e bem-sucedidos do país operam como parcerias público-privadas, gerando bilhões de dólares em atividade econômica (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2016 às 21h00.
Rosey e Louise, hipopótamos do zoológico de Honolulu, deveriam passar o resto de seus dias passeando pela água filtrada de um lago. Mas Rosey morreu inesperadamente, interrompendo um projeto de US$ 1,8 milhão financiado pelos contribuintes para melhorar seu habitat.
Agora, a cidade dona do zoológico está gastando mais dinheiro público com novos funcionários, manutenção e uma exibição de répteis e anfíbios.
Sem as melhorias, o zoológico pode perder seus programas de reprodução e os animais emprestados, o que poderia ser desastroso para um negócio construído em torno do interesse dos clientes por criaturas raras e pelos recém-nascidos que viram sensação na mídia.
Para muitas cidades dos EUA, o desafio soa familiar.
Se há um século grandes cidades americanas consideravam as exibições de animais em cativeiro como um marco cultural é porque as autoridades da época não enfrentavam o peso atual desses animais sobre a base tributária.
Hoje, alguns dos zoológicos mais antigos e bem-sucedidos do país operam como parcerias público-privadas, gerando bilhões de dólares em atividade econômica e liderando esforços internacionais de conservação de espécies.
Outros, mais dependentes do apoio do contribuinte, estão competindo pelos dólares da população em cidades com dificuldades para pavimentar ruas e melhorar escolas.
“Eu tive que me sentar aqui e decidir se temos que manter nosso zoológico funcionando ou cumprir um termo de ajustamento de conduta com a EPA para consertar nosso sistema de esgoto, que estava desmoronando”, disse Melvin Priester Jr., vereador de Jackson, Mississippi, em referência a uma ordem da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, em entrevista por telefone.
Bem estar animal
De um total estimado de 10.000 zoológicos em todo o mundo, cerca de 230 são certificados pela Associação de Zoos e Aquários (AZA), entidade sem fins lucrativos com sede em Maryland que define padrões para o cuidado de animais, conservação e finanças. Os 216 membros dos EUA contribuíram com US$ 17,4 bilhões para a economia em 2014, segundo um estudo da associação.
Em uma pesquisa de 2014 com cerca de 150 membros, 38 por cento pertenciam ou eram operados pelo governo. Setenta e dois por cento receberam algum tipo de respaldo do contribuinte ou público para uma média de um terço de seu orçamento operacional. Quando chega o momento das renovações, o fluxo de caixa é examinado.
“Quando temos que remover alguma certificação, normalmente é por causa de preocupações financeiras”, disse o porta-voz da associação, Rob Vernon, em entrevista.
Proposta tributária
Foi o que aconteceu em março em Honolulu. Segundo as autoridades locais, o financiamento desigual dos governos anteriores afetou o corpo de funcionários e as instalações.
“Foi um grande sinal de alerta”, disse Guy Kaulukukui, diretor do Departamento Empresarial da cidade e do condado de Honolulu, que administra o zoológico.
O governo local ampliou o orçamento em cerca de US$ 800.000, além da alocação anual de cerca de US$ 6 milhões, para ajudar a recuperar a certificação.
Também está na mesa a proposta de um imposto especial sobre propriedade, que compreenderia um período de vários anos e que, segundo Kaulukukui, poderia remover o fator político das decisões orçamentárias.