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Zona do euro se prepara para evitar o pior em 2011

Bloco fará "tudo o que for necessário" para garantir a estabilidade da moeda única

Sede do Banco Central Europeu: bloco deve criar fundo de resgate comum até 2013 (Alex Grimm/Getty Images)

Sede do Banco Central Europeu: bloco deve criar fundo de resgate comum até 2013 (Alex Grimm/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 28 de dezembro de 2010 às 13h58.

Bruxelas - A Eurozona viveu um ano terrível no plano econômico, com uma crise da dívida soberana que a obrigou a aprovar bilionários resgates para Grécia e Irlanda e a armar-se com uma bateria de medidas inéditas para prevenir a ameaça de um contágio para outros países membros em situação frágil, como Portugal e Espanha.

Os líderes europeus encerraram o ano com a promessa de "fazer tudo o que for necessário para garantir a estabilidade" da moeda única, durante uma cúpula celebrada em dezembro em Bruxelas. Durante o encontro, concordaram em criar um fundo permanente de resgate para os países da Eurozona em dificuldades a partir de 2013.

Esta foi a última de uma série de decisões com o objetivo de construir defesas sólidas o suficiente para assegurar o futuro do euro.

Desde 2008, a crise atinge o Velho Continente sem trégua.

Primeiro, a crise atingiu os setores bancário e financeiro, importada dos Estados Unidos após a quebra do Lehman Brothers; depois, espalhou-se para a economia, com a maior recessão desde 1945. Este ano, assumiu contornos orçamentários e sociais, com a escalada dos déficits públicos que obrigaram os governos a apertarem os cintos.

A austeridade tornou-se regra sobretudo em Atenas e Dublin, com uma redução das pensões sociais e dos salários dos funcionários, acompanhada por um aumento dos impostos.

Este é o alto preço que estes países estão pagando por terem recorrido em 2010 à ajuda financeira da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI): 110 bilhões de euros aprovados em maio para os gregos, 85 bilhões de euros em novembro para os irlandeses.


Já atormentada por seu declínio frente às potências emergentes, a Europa agora se pergunta como chegou ao ponto de precisar da ajuda do FMI para evitar o colapso financeiro.

Além do resgates dos bancos, que já pesava nas contas públicas europeias, os países do bloco agora colhem os frutos de três décadas do crescimento gradual de sua dívida.

Depois de se financiarem a crédito, vivendo acima de suas possibilidades, "os mercados alertaram para o fim do recreio" para os europeus, explica um diplomata de Bruxelas.

Para evitar um estrago ainda maior, a Eurozona iniciou uma verdadeira metamorfose para fechar as brechas que carrega desde seu nascimento, em 1999.

Por hora, a união monetária conseguiu derrubar o obstáculo alemão contra qualquer mecanismo de solidariedade financeira entre países.

Um fundo de resgate temporário de 440 bilhões de euros foi criado em maio para ajudar os países em apuros. Este instrumento será substituído posteriormente por um mecanismo permanente, graças a uma modificação do texto fundador da UE, o Tratado de Lisboa.

Aos fundos disponíveis somam-se 250 bilhões de euros do FMI e outros 60 bilhões da Comissão Europeia.

A disciplina orçamentária comum também será endurecida.

A partir de 2011, os países europeus precisarão submeter a Bruxelas seus projetos de orçamento nacional, antes da adoção do texto por seus respectivos parlamentos.

Apesar das reformas, a crise da dívida continuará tirando o sono dos europeus em 2011, acreditam analistas.

Países como Portugal e Espanha, cuja capacidade de sanar suas combalidas finanças públicas é cada vez mais questionada pelos investidores, podem ver-se forçados a pedir um resgate nos moldes do outorgado a Grécia e Irlanda, caso o custo de seu financiamento nos mercados continue aumentando exponencialmente.

Nos próximos meses, bilhões de euros da dívida pública dos países mais frágeis da Eurozona serão colocados à venda nos mercados.

"Se não aparecerem compradores num passe de mágica com juros viáveis", os bônus serão "adquiridos pelo Banco Central Europeu ou através de algum mecanismo da UE" ou então "poderíamos assistir a múltiplas suspensões de pagamentos", alerta Peter Boone, pesquisador associado da London School of Economics.

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