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Zika também é um desafio para a Ásia

Tailândia e Indonésia confirmaram cada um deles um caso deste vírus, principal suspeito da multiplicação recente de casos de microcefalia


	Zika: Índia teme ser a próxima, sobretudo nas zonas de grande densidade de população e condições de higiene precárias
 (Luis Robayo/AFP)

Zika: Índia teme ser a próxima, sobretudo nas zonas de grande densidade de população e condições de higiene precárias (Luis Robayo/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2016 às 10h57.

O vírus zika, que se espalha pela América Latina, também representa um desafio para a Ásia, região com subúrbios densamente povoados, mosquitos em abundância e uma história de transmissão rápida de doenças, advertem especialistas.

Tailândia e Indonésia confirmaram cada um deles um caso deste vírus, principal suspeito da multiplicação recente de casos de microcefalia, uma malformação congênita em crianças, que nascem com uma cabeça e um cérebro anormalmente pequenos.

Os casos na Ásia coincidem com o anúncio na terça-feira de outro caso no Texas (Estados Unidos) transmitido por via sexual, o que aumenta o temor de uma transmissão ainda mais rápida.

Na Índia, as autoridades temem ser os próximos na lista, sobretudo nas zonas de grande densidade de população e condições de higiene precárias, onde o mosquito Aedes aegypti que transmite não apenas o zika, mas também a dengue, está muito presente.

"Na Índia há uma grande ameaça de que o zika se propague rapidamente pela presença do mosquito Aedes e pelo ambiente favorável", afirma Om Shrivastav, um especialista em doenças infecciosas.

"Para os países asiáticos seria um grande desafio ter que controlar a propagação do vírus levando-se em conta o grande número de habitantes", acrescenta este especialista que vive em Mumbai, uma megalópole que inclui Dharavi, o maior bairro de favelas do continente.

Mais da metade dos 20 milhões de habitantes da cidade vivem em favelas - quase um milhão apenas em Dharavi - com pouca ventilação e sem serviços de saúde.

Além disso, a cada ano as chuvas de monções caem durante quatro meses e inundam parte da cidade, que se converte em terreno fértil para os mosquitos e as doenças tropicais.

"Levando-se em conta como a dengue se propagou nos últimos anos através de países e continentes e o fato de o zika ser uma doença transmitida por mosquitos, há um potencial para a propagação", disse Soumya Swaminathan, diretora do conselho indiano de investigação médica, à rede NDTV.

Aumento de ansiedade

Também existe o risco de que o zika passe despercebido, ao menos no início, e se confunda com a dengue e outras doenças transmitidas por mosquitos, explica à AFP Malik Peiris, um virologista da universidade de Hong Kong, que adverte que "o zika pode chegar sem ser reconhecido até que se propague a um ritmo alarmante".

Este vírus, identificado pela primeira vez em Uganda em 1947, provoca uma febre relativamente baixa e erupções cutâneas.

No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) o considera o "principal suspeito" pelo aumento de casos de microcefalia na América Latina e decidiu declarar uma emergência mundial.

Embora a América Latina, em particular o Brasil, seja por enquanto a região mais afetada, não há motivos para pensar que o vírus permaneça apenas nestes locais.

"Sabemos que os mosquitos que levam o zika estão em toda África, partes do sul da Europa e algumas partes da Ásia, em particular no sul", disse Anthony Costello, um especialista da OMS.

Os responsáveis da organização da ONU consideram, no entanto, que os riscos para a Ásia são baixos. "Agora mesmo não queremos aumentar o nível de ansiedade", afirma Eloi Yao, porta-voz da OMS em Manila.

Os governos da Ásia já tiveram que enfrentar outras emergências sanitárias. Em 2003 a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAS), um tipo de pneumonia, afetou várias zonas da região, principalmente a China continental e Hong Kong.

E no ano passado a Coreia do Sul declarou oficialmente o fim do surto de Síndrome Respiratória por Coronavírus do Oriente Médio (MERS, em inglês), que matou 36 pessoas.

Diante da ameaça, muitos governos asiáticos afirmam que os casos registrados recentemente, como o da Tailândia, são excepcionais. É o caso do Paquistão, que afirma que o risco não é significativo, embora tenha garantido que o governo acompanha a situação com atenção.

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