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Zelensky chega 'de surpresa' ao G7 e busca apoio para a Ucrânia; grupo pressiona Lula

Presidente ucraniano busca ampliar apoio internacional e enfrenta desafios diplomáticos com líderes do G7

G7: Organizada às pressas, a visita de Zelensky fez com que os líderes do G7 divulgassem a declaração final um dia antes do previsto (LOUISE DELMOTTE/POOL/AFP/Getty Images)

G7: Organizada às pressas, a visita de Zelensky fez com que os líderes do G7 divulgassem a declaração final um dia antes do previsto (LOUISE DELMOTTE/POOL/AFP/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 21 de maio de 2023 às 09h10.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, roubou a cena da cúpula do G-7 ao chegar ontem ao Japão em um avião da França, após participar na véspera da cúpula da Liga Árabe, que tem entre seus membros nações pró-Rússia e neutras.

Organizada às pressas, a visita de Zelensky fez com que os líderes do G7 divulgassem a declaração final um dia antes do previsto, na qual condenaram a Rússia pela invasão da Ucrânia e pediram à China, aliada de Moscou e que nunca condenou a invasão que "pressione a Rússia para que encerre sua agressão" e "retire imediatamente, totalmente e sem condições suas tropas" do país do Leste Europeu.

Após uma chegada surpresa na cúpula do G-7, o presidente ucraniano, que tenta ampliar o círculo de apoio a seu país, se reuniu com o francês Emmanuel Macron, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, com os quais trocou abraços ou apertos de mão calorosos.

Encontro tenso

Também se encontrou com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, cujo país se nega a condenar a agressão russa na Ucrânia. Com ele, o encontro foi mais contido, tendo início com um protocolar aperto de mãos.

A Índia tem vínculos políticos, econômicos e militares estreitos com a Rússia e, apesar da pressão dos EUA, escolheu um meio termo que, dizem autoridades do país, centra-se em seus próprios interesses e crescente influência — posição que frustra Kiev e os aliados ocidentais de Modi.

Em seu primeiro encontro com Zelensky desde o início da invasão, o premiê indiano ressaltou a importância de resolver a guerra pelo diálogo e a diplomacia, e expressou seu desejo de contribuir para os esforços de paz. "Entendo perfeitamente seu sofrimento e dos cidadãos ucranianos. Posso te assegurar que, para resolver [esse conflito], a Índia, e eu pessoalmente, faremos todo o possível", disse Modi a Zelensky.

Em uma breve mensagem no Twitter, Zelensky disse que discutiu as necessidades humanitárias da Ucrânia e convidou Modi a unir-se à iniciativa de paz da Ucrânia. A iniciativa impõe como pré-condição para quaisquer negociações para acabar com o conflito a retirada da Rússia de todo o território ucraniano.

"Agradeço a Índia por apoiar a integridade territorial e soberania de nosso país, em particular nas plataformas das organizações internacionais, e por fornecer auxílio humanitário para a Ucrânia", escreveu. A linguagem ecoa as próprias declarações indianas sobre a guerra - termo que Nova Délhi evita usar - e sobre o território disputada da Caxemira.

A Índia há muito tempo tenta equilibrar seu laços com a Rússia e o Ocidente. Durante a Guerra Fria, mostrou relutância em aliar-se à União Soviética. Mas, embora desde então a Índia tenha cultivado relações mais próximas com os EUA, Moscou continua como uma parceiro de confiança, um fornecedor-chave de energia e fonte da maior parte do armamento militar indiano.

Além dos encontros deste sábado, Zelensky deve se reunir hoje com o presidente americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.

Lula pressionado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está cada vez mais emparedado pelos países-membros do G-7 na cúpula em Hiroshima. A presença inesperada do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky constrange o petista a aceitar o pedido por uma reunião bilateral, a que ele resiste. Hoje, no último dia da cúpula, Lula tem uma agenda cheia, com seis reuniões marcadas, entre chefes de governo e empresários, para além da visita dos chefes de governo ao Parque Memorial da Paz e da sessão conjunta "Rumo a um mundo pacífico, estável e próspero".

Lula escolheu participar do G-7 ao ter a garantia de que teria uma participação relevante no encontro, não apenas em painéis secundários, e após ter a convicção de que conseguiria se equilibrar na pauta da guerra na Ucrânia, sem ser pressionado a assinar qualquer declaração com tom crítico à Rússia.

Embora o comunicado conjunto endossado pelo País foque em segurança alimentar e evite endurecer contra Moscou, como queria o presidente, o espaço para Lula sair ileso do G-7 está cada vez menor. Ao trazerem Zelensky de surpresa para a cúpula, os organizadores — abertamente pró-Ucrânia — criaram uma saia justa diplomática para quem entende ser preciso adotar neutralidade no conflito, como Brasil, Índia e Indonésia. Uma verdadeira armadilha.

Zelensky pediu formalmente o encontro com o presidente brasileiro. Contudo, Lula se esquivou e ainda não aceitou o convite, apesar da pressão da comunidade internacional. O Brasil tenta adotar uma postura neutra no conflito no Leste Europeu.

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