O novo premiê do Japão: Yoshihide Suga é escolhido para substituir Abe
Visto como continuidade do atual governo, Suga foi eleito líder do partido. Agora, nomeação como premiê deve ser confirmada no Parlamento nesta semana
Fabiane Stefano
Publicado em 14 de setembro de 2020 às 06h07.
Última atualização em 14 de setembro de 2020 às 12h25.
O Partido Liberal Democrático do Japão elegeu na madrugada desta segunda-feira, 14, o provável novo primeiro-ministro do país: Yoshihide Suga, secretário-geral de gabinete do atual primeiro-ministro Shinzo Abe . Após quase oito anos à frente do governo japonês, Abe anunciou no final de agosto a saída do governo, um ano antes do previsto, por motivo de doença.
Antes de ser confirmado premiê do Japão, o nome de Suga precisa ser endossado numa votação no Parlamento na quarta-feira, 16. Mas a votação é considerada quase como simbólica, já que o partido de Suga e Abe domina o Legislativo.
Antigo aliado de Abe e visto como continuidade do atual premiê, Suga era o grande favorito a assumir o posto e recebeu 377 votos dos 535 membros de seu partido.
Antes da votação, a mídia japonesa já indicava que o secretário geral havia conquistado com folga 70% dos votos dentro do partido, em detrimento de seus concorrentes o ex-ministro da Defesa, Shigeru Ishiba, e o ex-ministro das Relações Exteriores, Fumio Kishida.
Aos 71 anos, o novo primeiro-ministro é considerado uma figura discreta que promete manter a linha econômica do atual governo. O problema é que o Japão enfrenta agora uma profunda recessão em função da nova pandemia do novo coronavírus . Com a crise, a economia do país no segundo trimestre registrou uma queda de 27,8%. A estimativa é que o país irá encolher 5,8% ao final deste ano, a pior recessão desde o fim da segunda Guerra Mundial.
Suga disse que suas principais prioridades são lutar contra o novo coronavírus e recuperar a economia, atingida pela pandemia. Apesar da imagem discreta como braço direito de Abe, Suga é conhecido por seu punho de ferro.
O sucessor de Abe terá que lidar com o legado do primeiro-ministro que agora deixa o governo. O Abenomics, conjunto de medidas concebidas para livrar o país de uma estagnação econômica que perdurava há duas décadas, ajudou o Japão a crescer moderadamente e promoveu mudanças significativas, como a redução do rombo fiscal para menos de 4% do PIB em 2019 (ainda que o país tenha a maior dívida pública do planeta, de 238% do PIB) e o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho.
Mas ficou devendo em outras searas. A promessa de uma inflação na meta de 2% ao ano nunca chegou a ser cumprida. Sob Abe, uma reforma constitucional também foi pretendida, sobretudo, para rever a proibição do país de usar seu exército para resolver disputas internacionais, após o Exército do país ter ficado em segundo plano diante dos acordos de desmilitarização pós-Segunda Guerra.
Ficou para Suga também lidar com a Olimpíada de Tóquio, cancelada pela pandemia e postergada para 2021. O evento fecharia com chave de ouro a gestão de Abe, a mais longa de um primeiro-ministro. Mas a pandemia e o delicado estado de saúde não permitiram que Abe encerrase como planejado o seu ciclo à frente da economia japonesa.