Mundo

Xi Jinping tem consenso entre as facções comunistas

De personalidade aberta e seguro de si, o recém-confirmado presidente da China soube fazer carreira nas províncias, longe do centro de poder em Pequim

Hu Jintao (E) aperta a mão do presidente recém-eleito da China, Xi Jinping, durante a reunião plenária da Assembleia Popular Nacional (APN), em Pequim (REUTERS / China Daily)

Hu Jintao (E) aperta a mão do presidente recém-eleito da China, Xi Jinping, durante a reunião plenária da Assembleia Popular Nacional (APN), em Pequim (REUTERS / China Daily)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de março de 2013 às 08h10.

Pequim - Xi Jinping, eleito sem surpresa nesta quinta-feira o novo presidente da China - cargo ao qual estava destinado após ascender ao Comitê Central do Partido Comunista (PCCh) em novembro de 2012 -, é um nome de consenso entre as facções de poder, a quem soube agradar.

Alto, de personalidade aberta e seguro de si, soube fazer carreira nas províncias, longe do centro de poder em Pequim, e criou para si mesmo uma imagem de pragmático, capaz de resolver problemas difíceis, e também discreto, a ponto de ser mais conhecido por ser casado com Peng Liyuan, uma famosa cantora chinesa.

Em seus contatos com o exterior, deixou a impressão de ser um homem com quem se pode dialogar.

Embora Xi ainda não tenha dado pistas sobre como planeja governar a China, há indícios de que seu estilo de comando será diferente do escolhido pelo tecnocrata Hu Jintao.

Nos cinco meses passados desde que sucedeu a Hu como líder máximo do Partido Comunista, mostrou seu lado mais familiar, por exemplo, ao publicar na imprensa oficial fotos suas quando jovem e ao lado de seus parentes (na China é raro ver os líderes fora das cenas oficiais).

Os analistas destacam também que, ao contrário de Hu Jintao - de quem não se sabe com segurança dados básicos como seu local de nascimento -, vários detalhes biográficos do novo líder já são conhecidos, entre eles o seu gosto pelos filmes de ação de Hollywood e até sua ausência no nascimento de sua filha, Xi Mingze, por motivos de trabalho.

Nascido em Pequim em 1953, Xi é um dos "principezinhos", ou seja, filho de uma família de altos dirigentes do regime. Seu pai, Xi Zhongxun, foi um dos fundadores do PCCh.


Em 1962, porém, a sorte familiar daria uma reviravolta, quando Xi Zhongxun, então vice-primeiro-ministro, caiu em desgraça e acabou preso. Seu filho, como ocorreu com outros tantos jovens durante a Revolução Cultural, foi enviado ao campo, à província de Shaanxi, no norte do país, para reeducar-se e "aprender com a massa".

A solidão que ali viveu e o duro trabalho físico fizeram-no criticar a Revolução Cultural. Mas, ao mesmo tempo, decidiu durante sua etapa em Shaanxi "sobreviver sendo mais vermelho do que todos".

Em seu retorno a Pequim, estudou Engenharia Química na Universidade de Tsinghua. Em 1974, tornou-se membro do PCCh, que o transferiu à província de Hebei na condição de secretário local da formação.

Durante os anos 80, visitou o estado agrícola de Iowa, nos Estados Unidos, uma viagem que reviveria um quarto de século depois, em sua primeira visita oficial como vice-presidente chinês à maior potência do mundo.

Depois de Hebei, foi promovido a postos de cada vez maior relevância nas províncias de Fujian e Zhejiang, na próspera costa leste do país.


Em Fujian, Xi, divorciado de sua primeira esposa, Ke Lingling, com quem foi casado por três anos, conheceu Peng, já então uma cantora de renome e com quem contraiu matrimônio em 1987. Sua filha, Xi Mingze, estuda na Universidade de Harvard sob um pseudônimo, segundo a imprensa americana.

Em 2007, foi nomeado secretário do PCCh em Xangai, a segunda maior cidade do país, depois que seu antecessor, Chen Liangyu, foi destituído por corrupção.

Nesse mesmo ano, passou a fazer parte do Comitê Permanente do Politburo, o principal órgão do Partido. Um ano depois se tornou vice-presidente.

Xi permanecerá à frente do país nos próximos dez anos, uma etapa primordial na qual se espera que a China passe a ser a primeira economia mundial.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaComunismoGoverno

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia