Mundo

WikiLeaks revela prática de tortura na Caxemira

Embaixada norte-americana em Nova Délhi foi informada pela Cruz Vermelha que centenas de presos na região eram submetidos a surras, choques e humilhação

Protesto na Caxemira: detentos da província se queixaram de maus-tratos 852 vezes (Daniel Berehulak/Getty Images)

Protesto na Caxemira: detentos da província se queixaram de maus-tratos 852 vezes (Daniel Berehulak/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2010 às 10h37.

Londres - A diplomacia americana estava a par da prática de torturas pelas forças de segurança indianas na Caxemira, segundo documentos diplomáticos vazados pelo WikiLeaks e publicados no jornal britânico "The Guardian".

As mensagens diplomáticas revelam que a Embaixada dos Estados Unidos em Nova Délhi foi informada em 2005 pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha de que centenas de presos estavam sendo submetidos a surras, choques elétricos e práticas de humilhação sexual.

Outros documentos, alguns de 2007, refletem a preocupação dos diplomatas americanos pelos abusos sistemáticos dos direitos humanos das forças de segurança indianas, que torturavam os detidos para obter confissões.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha realiza um trabalho sigiloso e repassa as informações que obtém diretamente aos Governos, e não à imprensa, e por isso mantém os dados em segredo, como ocorreu no caso da Índia.

Mas, segundo as revelações dos documentos, o Comitê informou os diplomatas americanos que tinha feito 177 visitas a centros de detenção em Jammu, Caxemira e outros pontos da Índia entre 2002 e 2004 e tinha entrevistado 1.491 presos.

Em 852 casos, os detentos se queixaram de ter sido objeto de maus-tratos. Cento e setenta e um disseram ter recebido surras e 681 relataram que haviam sido vítimas de uma ou várias formas de tortura.

Segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, todos os setores das forças de segurança indianas utilizam a tortura, um tipo de abuso que "acontece sempre na presença de oficiais".

Os presos "raramente são militantes, mas pessoas que se supõe que tenham informações sobre os insurgentes" e muitas delas morrem em consequência das torturas.

Segundo uma das mensagens norte-americanas, a situação na Caxemira "melhorou muito", já que as forças de segurança não acordam mais os habitantes de uma aldeia no meio da noite para prendê-los indiscriminadamente.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaDiplomaciaÍndiaWikiLeaks

Mais de Mundo

Autor de atentado contra Trump também fez buscas sobre Joe Biden, diz FBI

Ursula von der Leyen é reeleita presidente da Comissão Europeia

França faz hoje eleição para a Presidência da Assembleia Nacional

Autor do atentado contra Donald Trump postou sobre ataque dias antes em plataforma de jogos online

Mais na Exame