Votação mostrou fracasso do projeto separatista, diz Madri
Chefe do governo espanhol classificou a consulta sobre a independência da Catalunha como "um ato de propaganda política" e "simulacro eleitoral"
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2014 às 16h24.
Madri - O chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, considerou nesta quarta-feira que a votação simbólica organizada na Catalunha mostrou "o profundo fracasso do projeto" dos separatistas, convocando-os a usar a via legal para fazer valer suas ideias.
Três dias depois de um silêncio criticado até nos altos escalões do governo, Rajoy classificou a consulta sobre a independência da Catalunha como "um ato de propaganda política" e "simulacro eleitoral".
Organizada no último domingo na região do nordeste da Espanha , essa votação simbólica "mostrou o profundo fracasso do projeto separatista" catalão - declarou Rajoy, em entrevista coletiva.
Após ter delegado aos seus ministros e a lideranças de seu Partido Popular (PP, de direita) a tarefa de reagir - para "deixar a poeira cair", segundo uma fonte próxima -, Mariano Rajoy parecia querer negar a imagem de "sucesso total" apresentada pelo presidente regional Artur Mas, bastante presente na mídia.
De acordo com resultados provisórios divulgados na segunda-feira pelo Executivo catalão, governado pelos nacionalistas conservadores da CiU ("Convergencia i Unio"), 2,3 milhões dos 7,5 milhões de catalães participaram da votação simbólica sobre a independência, apesar da suspensão do pleito por parte do Tribunal Constitucional.
Quase 80% dos votantes (perto de 1,8 milhão) disseram "sim" à independência.
Dois terços dos catalães não votaram
"Embora eles esperassem uma participação maciça e resultados arrasadores, mais de dois terços não quiseram apoiar a teimosia de Mas", afirmou Mariano Rajoy.
Ferrenho opositor da organização da consulta sobre a independência, a qual considera inconstitucional, Mariano Rajoy lembrou que Artur Mas dispõe, porém, "de um caminho para obter o que ele procura, um caminho legal".
"O Parlamento catalão pode tomar a iniciativa de um processo de reforma da Constituição", completou o chefe de governo.
"Do que ele não dispõe, aparentemente, é apoio necessário", alfinetou Mariano Rajoy.
Sacudida por divisões internas provocadas por sua aposta no referendo, sua coalizão CiU se fragilizou no Parlamento regional, onde depende do apoio da esquerda separatista (ERC).
Além disso, um projeto de reforma da Constituição apresentado pela CiU teria todas as chances de ser rejeitado pelo Parlamento Nacional, hoje dominado pelo PP.
'Imagem dramática para a Espanha'
Respondendo às críticas feitas por alguns membros da direita, insatisfeitos que um referendo suspenso pela Justiça tenha sido realizado mesmo assim, Mariano Rajoy disse ter agido "com bom senso".
"Respeitei minhas obrigações, entrando, duas vezes, com um recurso no Tribunal Constitucional", afirmou ele, alegando que "criar obstáculos para a votação teria servido apenas para criar mais tensões".
"A Justiça também agiu de maneira proporcional", acrescentou.
O Ministério Público ainda deve se pronunciar sobre eventuais ações contra líderes catalães, entre eles Artur Mas, que organizaram a consulta.
"Imagine a imagem que sairia para o mundo de um Ministério Público que age contra um governo por ter ido as urnas", ironizou Artur Mas no Parlamento regional, ressaltando que essa imagem seria "dramática para a Espanha".
Na terça-feira, Mas anunciou ter enviado uma carta a Mariano Rajoy para convidá-lo a um "diálogo permanente".
Hoje, Rajoy respondeu "estar sempre disposto a conversar".
"Mas a primeira coisa que ele quer me impor é a realização de um verdadeiro referendo (...) Ninguém pode esperar do governo que autorize uma convocação ilegal", já que não é prevista pela Constituição, completou.
Diante da queda de braço entre Madri e Barcelona, nesta quarta, os socialistas pediram a Mariano Rajoy que entre em contato com Artur Mas "para abrir um processo de diálogo e de reforma da Constituição". O tema pode estar entre os principais assuntos de campanha das próximas eleições legislativas, previstas para daqui a um ano.
Em resposta, Mariano Rajoy ressaltou que "seu governo não vê, nesse momento, [a necessidade] de uma reforma da Constituição".
Madri - O chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, considerou nesta quarta-feira que a votação simbólica organizada na Catalunha mostrou "o profundo fracasso do projeto" dos separatistas, convocando-os a usar a via legal para fazer valer suas ideias.
Três dias depois de um silêncio criticado até nos altos escalões do governo, Rajoy classificou a consulta sobre a independência da Catalunha como "um ato de propaganda política" e "simulacro eleitoral".
Organizada no último domingo na região do nordeste da Espanha , essa votação simbólica "mostrou o profundo fracasso do projeto separatista" catalão - declarou Rajoy, em entrevista coletiva.
Após ter delegado aos seus ministros e a lideranças de seu Partido Popular (PP, de direita) a tarefa de reagir - para "deixar a poeira cair", segundo uma fonte próxima -, Mariano Rajoy parecia querer negar a imagem de "sucesso total" apresentada pelo presidente regional Artur Mas, bastante presente na mídia.
De acordo com resultados provisórios divulgados na segunda-feira pelo Executivo catalão, governado pelos nacionalistas conservadores da CiU ("Convergencia i Unio"), 2,3 milhões dos 7,5 milhões de catalães participaram da votação simbólica sobre a independência, apesar da suspensão do pleito por parte do Tribunal Constitucional.
Quase 80% dos votantes (perto de 1,8 milhão) disseram "sim" à independência.
Dois terços dos catalães não votaram
"Embora eles esperassem uma participação maciça e resultados arrasadores, mais de dois terços não quiseram apoiar a teimosia de Mas", afirmou Mariano Rajoy.
Ferrenho opositor da organização da consulta sobre a independência, a qual considera inconstitucional, Mariano Rajoy lembrou que Artur Mas dispõe, porém, "de um caminho para obter o que ele procura, um caminho legal".
"O Parlamento catalão pode tomar a iniciativa de um processo de reforma da Constituição", completou o chefe de governo.
"Do que ele não dispõe, aparentemente, é apoio necessário", alfinetou Mariano Rajoy.
Sacudida por divisões internas provocadas por sua aposta no referendo, sua coalizão CiU se fragilizou no Parlamento regional, onde depende do apoio da esquerda separatista (ERC).
Além disso, um projeto de reforma da Constituição apresentado pela CiU teria todas as chances de ser rejeitado pelo Parlamento Nacional, hoje dominado pelo PP.
'Imagem dramática para a Espanha'
Respondendo às críticas feitas por alguns membros da direita, insatisfeitos que um referendo suspenso pela Justiça tenha sido realizado mesmo assim, Mariano Rajoy disse ter agido "com bom senso".
"Respeitei minhas obrigações, entrando, duas vezes, com um recurso no Tribunal Constitucional", afirmou ele, alegando que "criar obstáculos para a votação teria servido apenas para criar mais tensões".
"A Justiça também agiu de maneira proporcional", acrescentou.
O Ministério Público ainda deve se pronunciar sobre eventuais ações contra líderes catalães, entre eles Artur Mas, que organizaram a consulta.
"Imagine a imagem que sairia para o mundo de um Ministério Público que age contra um governo por ter ido as urnas", ironizou Artur Mas no Parlamento regional, ressaltando que essa imagem seria "dramática para a Espanha".
Na terça-feira, Mas anunciou ter enviado uma carta a Mariano Rajoy para convidá-lo a um "diálogo permanente".
Hoje, Rajoy respondeu "estar sempre disposto a conversar".
"Mas a primeira coisa que ele quer me impor é a realização de um verdadeiro referendo (...) Ninguém pode esperar do governo que autorize uma convocação ilegal", já que não é prevista pela Constituição, completou.
Diante da queda de braço entre Madri e Barcelona, nesta quarta, os socialistas pediram a Mariano Rajoy que entre em contato com Artur Mas "para abrir um processo de diálogo e de reforma da Constituição". O tema pode estar entre os principais assuntos de campanha das próximas eleições legislativas, previstas para daqui a um ano.
Em resposta, Mariano Rajoy ressaltou que "seu governo não vê, nesse momento, [a necessidade] de uma reforma da Constituição".