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Vitória de Kast no Chile deve impulsionar recuperação econômica, diz BTG

Novo presidente promete cortar gastos em US$ 6 bilhões e deve tentar avançar reformas já no início do mandato

Jose Antonio Kast, com a esposa, Maria Pia, ao chegar para reunião na segunda-feira, 15 de dezembro (Javier Torres/AFP)

Jose Antonio Kast, com a esposa, Maria Pia, ao chegar para reunião na segunda-feira, 15 de dezembro (Javier Torres/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de internacional e economia

Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 15h43.

Última atualização em 15 de dezembro de 2025 às 15h48.

A vitória do candidato de direita Jose Antonio Kast nas eleições presidenciais do Chile, neste domingo, 14, deverá dar impulso a uma recuperação econômica do país, segundo análise do banco BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

"O triunfo de Kast marca uma clara mudança em direção a um governo orientado para o mercado, sinalizando o fim de quatro anos dominados por debates polarizados sobre a reforma constitucional e por mudanças políticas de extrema-esquerda, que não conseguiram obter ampla aprovação popular", diz a análise.

"No âmbito externo, o Chile permanece parcialmente protegido das perturbações do comércio global – como as tarifas implementadas durante o governo Trump – enquanto se beneficia de uma significativa alta nos preços das commodities. Esses fatores externos favoráveis devem impulsionar o aumento das receitas de exportação durante o mandato do governo Kast, aumentando simultaneamente as entradas fiscais por meio de royalties e dividendos", aponta o BTG.

O PIB do Chile cresceu 0,5% em 2023 e 2,6% em 2024. Em 2025, deve avançar 2,5%, segundo projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI). A produção do país deve somar US$ 347 bilhões neste ano.

Reformas no começo do governo

O banco prevê, ainda, que as reformas prometidas por Kast deverão ser impulsionadas nos primeiros 100 dias de governo, pois seu apoio no Congresso é limitado. A posse deverá ser realizada em 11 de março de 2026.

"Embora tenha conquistado uma das maiores coalizões de direita dos últimos anos, ele não possui maioria absoluta em nenhuma das casas do Congresso. As eleições gerais mais recentes resultaram em ganhos predominantemente para facções moderadas de centro-direita, e não para a base principal de Kast", apontam os analistas.

O relatório lembra que o Senado está dividido igualmente entre partidos de esquerda e de direita, enquanto os votos decisivos na Câmara dos Deputados permanecem com o Partido Popular, populista, que detém o poder de decisão.

"Consequentemente, o governo Kast precisará aproveitar seu capital político inicial de forma eficaz para avançar com sua agenda legislativa", avaliam.

Uma das principais medidas de Kast na economia é a promessa de reduzir as despesas fiscais em cerca de US$ 6 bilhões, por meio da simplificação das operações governamentais e da eliminação de ineficiências nos órgãos públicos.

"Essa abordagem pode gerar protestos de setores da oposição de extrema-esquerda. No entanto, dado o significativo realinhamento político e social evidente no Chile, esses riscos parecem limitados", avalia o BTG.

O histórico no Chile sugere que o capital político se deprecia rapidamente. Pesquisas indicam que os índices de aprovação caíram fortemente em pouco tempo. Foram sete meses para que isso ocorresse no segundo mandato de Michelle Bachelet, seis meses para Sebastián Piñera e apenas cinco semanas para o atual presidente, Gabriel Boric.

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