Vitória de Hollande redefine mapa político da Europa
Nos 27 países do bloco europeu a esquerda aparece no poder em apenas dez países, em muitos casos como integrantes de uma coalizão
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2012 às 14h11.
Bruxelas - A vitória do socialista François Hollande na eleição presidencial francesa abre um novo ciclo para a esquerda europeia e encoraja aqueles que ansiavam por mais crescimento diante da austeridade imposta pela chanceler alemã, Angela Merkel.
A vitória de Hollande é um sopro de ar fresco para a esquerda europeia após as derrotas de Gordon Brown, na Grã-Bretanha, de José Luis Zapatero, na Espanha, de José Socrates, em Portugal, e da renúncia de Georges Papandreou, na Grécia.
Nos 27 países do bloco europeu a esquerda aparece no poder em apenas dez países, em muitos casos como integrantes de uma coalizão.
Os líderes socialistas na Europa consideraram como sua a vitória de Hollande e pediram uma mudança de rumo na política econômica do continente.
O primeiro-ministro belga, Elio Di Rupo, comemorou a vitória e pediu uma "estratégia ambiciosa" europeia.
O presidente eleito da França já tem uma batalha vencida. Sua proposta de incluir um capítulo de crescimento no pacto fiscal europeu tem cada vez mais adeptos.
Atualmente ninguém nega a evidência de que o rigor fiscal não basta para tirar o continente da crise, e até a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou que prepara uma agenda de crescimento para ser aprovada na cúpula europeia de junho.
O comissário de Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn, disse no sábado que a Europa precisa de um equilíbrio entre reduzir sua dívida com medidas para estimular o crescimento, já que a austeridade ameaça arrastar o bloco para sua segunda recessão em três anos.
"A consolidação fiscal, embora seja necessária, (deve ser) feita de uma maneira favorável ao crescimento e diferenciada, com o objetivo de conquistar um equilíbrio entre a consolidação fiscal necessária e as preocupações de crescimento", disse em um discurso na Universidade Livre de Bruxelas.
De qualquer forma, Hollande deverá enfrentar várias quedas de braço contra Merkel, para negociar, entre outros, seus planos de criar eurobônus (o que Merkel rejeitou repetidamente) ou reforçar o papel do Banco Central Europeu.
E, embora a chanceler alemã tenha dito que receberá Hollande "com os braços abertos", voltou a insistir que o pacto fiscal assinado em Bruxelas no início de março "não pode" assumir novas mudanças.
"O pacto fiscal não é negociável (...) não é possível renegociá-lo todo depois de cada eleição", caso contrário, "a Europa não funcionaria", repetiu.
O presidente italiano Mario Monti já se propôs como mediador.
"A Itália está em uma boa posição para ajudar a França e a Alemanha a encontrar um consenso", disse.
Neste contexto, muitos se perguntam como o socialista francês irá gerir sua ofensiva na Europa. Ele o fará seguindo o modelo do presidente atual Nicolas Sarkozy, que optou por uma gestão lado a lado com a Alemanha, batizada como o eixo Merkozy?
Ou se mostrará mais respeitoso com o papel das instituições europeias?
"François Hollande, herdeiro de Jacques Delors (ex-presidente da Comissão Europeia e um dos principais promotores do processo de integração europeia), é um aliado da Comissão Europeia. Não esperamos confrontos com ele", disse um diplomata.
A delegação socialista espanhola no Parlamento Europeu felicitou Hollande por sua vitória e se mostrou "convencida de que acarretará uma mudança de rumo nas políticas europeias, assim como o abandono da drástica austeridade dos últimos meses e a aposta por um impulso ao crescimento".
Para o presidente da delegação Socialista Espanhola na Eurocâmara, Juan Fernando López Aguilar, "nunca uma vitória de um candidato em um Estado membro foi tão europeia como no caso de François Hollande", que servirá "para melhorar a Europa e a esperança dos europeus".
Hollande está consciente do desafio que enfrenta. "A Europa nos observa. No momento em que o resultado foi proclamado, estou certo de que em muitos países europeus se sentiu um alívio, uma esperança, a ideia de que, por fim, a austeridade não pode ser uma fatalidade", declarou Hollande no domingo após ser eleito.
Bruxelas - A vitória do socialista François Hollande na eleição presidencial francesa abre um novo ciclo para a esquerda europeia e encoraja aqueles que ansiavam por mais crescimento diante da austeridade imposta pela chanceler alemã, Angela Merkel.
A vitória de Hollande é um sopro de ar fresco para a esquerda europeia após as derrotas de Gordon Brown, na Grã-Bretanha, de José Luis Zapatero, na Espanha, de José Socrates, em Portugal, e da renúncia de Georges Papandreou, na Grécia.
Nos 27 países do bloco europeu a esquerda aparece no poder em apenas dez países, em muitos casos como integrantes de uma coalizão.
Os líderes socialistas na Europa consideraram como sua a vitória de Hollande e pediram uma mudança de rumo na política econômica do continente.
O primeiro-ministro belga, Elio Di Rupo, comemorou a vitória e pediu uma "estratégia ambiciosa" europeia.
O presidente eleito da França já tem uma batalha vencida. Sua proposta de incluir um capítulo de crescimento no pacto fiscal europeu tem cada vez mais adeptos.
Atualmente ninguém nega a evidência de que o rigor fiscal não basta para tirar o continente da crise, e até a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou que prepara uma agenda de crescimento para ser aprovada na cúpula europeia de junho.
O comissário de Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn, disse no sábado que a Europa precisa de um equilíbrio entre reduzir sua dívida com medidas para estimular o crescimento, já que a austeridade ameaça arrastar o bloco para sua segunda recessão em três anos.
"A consolidação fiscal, embora seja necessária, (deve ser) feita de uma maneira favorável ao crescimento e diferenciada, com o objetivo de conquistar um equilíbrio entre a consolidação fiscal necessária e as preocupações de crescimento", disse em um discurso na Universidade Livre de Bruxelas.
De qualquer forma, Hollande deverá enfrentar várias quedas de braço contra Merkel, para negociar, entre outros, seus planos de criar eurobônus (o que Merkel rejeitou repetidamente) ou reforçar o papel do Banco Central Europeu.
E, embora a chanceler alemã tenha dito que receberá Hollande "com os braços abertos", voltou a insistir que o pacto fiscal assinado em Bruxelas no início de março "não pode" assumir novas mudanças.
"O pacto fiscal não é negociável (...) não é possível renegociá-lo todo depois de cada eleição", caso contrário, "a Europa não funcionaria", repetiu.
O presidente italiano Mario Monti já se propôs como mediador.
"A Itália está em uma boa posição para ajudar a França e a Alemanha a encontrar um consenso", disse.
Neste contexto, muitos se perguntam como o socialista francês irá gerir sua ofensiva na Europa. Ele o fará seguindo o modelo do presidente atual Nicolas Sarkozy, que optou por uma gestão lado a lado com a Alemanha, batizada como o eixo Merkozy?
Ou se mostrará mais respeitoso com o papel das instituições europeias?
"François Hollande, herdeiro de Jacques Delors (ex-presidente da Comissão Europeia e um dos principais promotores do processo de integração europeia), é um aliado da Comissão Europeia. Não esperamos confrontos com ele", disse um diplomata.
A delegação socialista espanhola no Parlamento Europeu felicitou Hollande por sua vitória e se mostrou "convencida de que acarretará uma mudança de rumo nas políticas europeias, assim como o abandono da drástica austeridade dos últimos meses e a aposta por um impulso ao crescimento".
Para o presidente da delegação Socialista Espanhola na Eurocâmara, Juan Fernando López Aguilar, "nunca uma vitória de um candidato em um Estado membro foi tão europeia como no caso de François Hollande", que servirá "para melhorar a Europa e a esperança dos europeus".
Hollande está consciente do desafio que enfrenta. "A Europa nos observa. No momento em que o resultado foi proclamado, estou certo de que em muitos países europeus se sentiu um alívio, uma esperança, a ideia de que, por fim, a austeridade não pode ser uma fatalidade", declarou Hollande no domingo após ser eleito.