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Violência e greve geral antes das eleições em Bangladesh

Dezenas de centros de votação foram incendiados e um trem foi atacado neste sábado

Escola que deveria servir de centro de votação foi incendiada neste sábado, em Bangladesh. (REUTERS/Stringer)

Escola que deveria servir de centro de votação foi incendiada neste sábado, em Bangladesh. (REUTERS/Stringer)

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Da Redação

Publicado em 4 de janeiro de 2014 às 12h43.

São Paulo - Dezenas de centros de votação foram incendiados e um trem foi atacado neste sábado em Bangladesh, sacudido por atos de violência que deixaram um morto, na véspera das eleições legislativas boicotadas pela oposição.

Segundo a polícia, um manifestante morreu em Patgram (sul) em choques contra simpatizantes do partido do governo Awami League.

Manifestantes incendiariam ou tentaram incendiar 34 centros eleitorais neste sábado, no primeiro dia da greve geral de 48 horas convocada pelo Partido Nacionalista de Bangladesh (oposição), indicaram os responsáveis pelas eleições.

No entanto, estes ataques não impedirão a realização da votação, asseguraram. Por outra parte, militantes da oposição lançaram um coquetel molotov contra um trem na cidade de Natore (noroeste), ferindo seis passageiros, segundo a polícia.

O Partido Nacionalista de Bangladesh (PNB) convocou uma greve geral em uma tentativa de impedir as eleições de domingo, classificadas de "farsa escandalosa".

Os Estados Unidos, a União Europeia e a Comunidade Britânica desistiram de enviar observadores, o que enfraquece um pouco mais a credibilidade da votação.

Apesar deste boicote, a continuidade no poder da primeira-ministra Sheikh Hasina Wajed parece assegurada, ainda que sua legitimidade seja contestada sem a participação do PNB e de seus aliados.

Desde outubro, cerca de 150 pessoas morreram em meio à violência política, e há seis semanas que as greves paralisam regularmente a rotina do país.

Apesar da mobilização de 50.000 soldados em todo o país, a polícia indicou que ao menos dez centros de votação foram incendiados durante as últimas 24 horas.

A dirigente do PNB, Khaleda Zia, pediu na véspera que os eleitores boicotem as eleições e denunciou que se encontra em prisão domiciliar desde dezembro.


A oposição pede a renúncia do governo e a instauração de um governo neutro e provisório antes da organização de eleições, como aconteceu no passado, mas a premiê se nega a isso.

Na quinta-feira ela voltou a expressar na televisão a sua determinação em prosseguir com o processo eleitoral, acusado a chefe da oposição de "sequestrar o país" e organizar greves e boicotes antes da votação.

O partido governamental, Awami League, e seus aliados se apresentam sem adversários nas 153 dos 300 distritos deste país de 150 milhões de habitantes, o terceiro d mundo em densidade demográfica (1.000 habitantes por km2).

O jornal Dhaka Tribune escreveu em sua manchete deste sábado: "Tensões, eleições sob o medo", enquanto todos os outros jornais publicaram fotos das últimas vítimas da violÊncia, muitos entre eles com horríveis queimaduras.

A rivalidade entre Hasina e Zia impediu qualquer compromisso entre as duas mulheres, e a opositora foi colocada sob prisão domiciliar no final de dezembro.

Ameaça extremista

Bangladesh viveu este ano os episódios mais graves de violência desde a sua criação em 1971 (após sua independência do Paquistão), com entre 300 e 500 mortos, segundo as fontes.

Essa onda de violência também está ligada às condenações à morte pronunciadas por um polÊmico tribunal que julga os crimes de guerra cometidos em 1971.

Foram condenados os partidários do Jamaat-e-Islami, o principal partido islâmico que foi proibido de participar das eleições - aliado do BNP-- e cujos muitos líderes ou ex-líderes já foram enforcados.

Para Imitiaz Ahmed, professor da universidade de Dacca, "a violência poderia aumentar após as eleições, caso não haja um consenso" entre a maioria e a oposição.

A instabilidade e as greves que atingem há meses o oitavo país mais populoso do mundo tÊm prejudicado a economia e os 154 milhões de habitantes, um em cada três vivem na miséria.

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