Veja os 6 discursos que estabelecem o legado de Barack Obama
Professor de direito constitucional, Barack Obama sempre participou ativamente na elaboração de seus discursos
AFP
Publicado em 10 de janeiro de 2017 às 12h50.
O presidente Barack Obama fará seu último discurso à nação e, com isso, encerrará uma série de pronunciamentos que marcaram seus oito anos à frente da Casa Branca.
Em seus dois períodos de quatro anos de governo, Obama encarou cada discurso como "uma forma de contar uma história", explicou à AFP o principal redator dessas mensagens, Cody Keenan.
Professor de direito constitucional, Obama sempre participou ativamente na elaboração de seus discursos.
"No geral, sentamos no Salão Oval e ele fala. Transcrevemos tudo e isso me dá material para trabalhar", contou Keenan.
"Ao final de alguns dias, entrego o rascunho. Se ele não gosta, sempre pega um bloco de papel amarelo e começa a escrever suas próprias ideias. Se ele gosta, começamos a definir o texto", explicou ainda.
Normalmente, são necessários três ou quatro rascunhos para se chegar a um produto final, que poderá sofrer alterações de última hora.
Estes são os seis discursos mais memoráveis pronunciados pelo 44º presidente dos Estados Unidos.
Boston: o aparecimento no cenário político
27 de julho de 2004
"Não existe um Estados Unidos progressista e um conservador, e sim um Estados Unidos. Não há um Estados Unidos negro, um branco, um hispânico e um asiático, e sim um Estados Unidos", afirmou.
Nessa ocasião, o jovem senador por Illinois, Barack Hussein Obama - filho de um queniano e uma americana branca - era praticamente desconhecido, e irrompeu com toda a força durante a Convenção do Partido Democrata em 2004.
Segundo Keenan, foi "provavelmente seu discurso mais bem sucedido, no qual se apresentou ao país pela primeira vez. Tudo que fez foi contar a história do país, contar a própria história e unir as duas coisas".
Cairo: apelo ao mundo muçulmano
4 de junho de 2009
"Vim a Cairo em busca de um novo começo entre os Estados Unidos e os muçulmanos de todo o mundo, que esteja baseado no interesse e no respeito mútuos", expressou na ocasião.
Em uma mensagem aos mais de 1,5 bilhão de muçulmanos e que começou com o tradicioal "Salam alaikum", Obama pediu para que se colocasse fim ao "ciclo de suspeitas e discórdia" depois de anos de ingerência americana no Oriente Médio.
Oslo: guerra e paz
10 de dezembro de 2009
Menos de um ano depois de assumir a Casa Branca, Obama recebeu o Prêmio Nobel da Paz com um discurso em que abordou o uso da força.
"Dizer que às vezes a força pode ser necessária não é cinismo: é um reconhecimento da HIstória, da imperfeição humana e dos limites da razão", afirmou.
Obama também se referiu à "considerável controvérsia" oriunda de sua premiação, apesar de pedir um voto de confiança. "Estou no início, e não no final, de minhas tarefas no cenário mundial", afirmou.
Selma: a marcha continua
7 de março de 2015
"Só precisamos abrir nossos olhos e nossos ouvidos e nossos corações para saber que a história racial de nossa nação ainda lança sua longa sombra sobre nós", manifestou.
Obama falou na ponte de Edmund Pettus, 50 anos depois da brutal repressão contra um protesto pacífico, e com isso transmitiu a uma nova geração de americanos o espírito das lutas pelos direitos civis.
Acompanhado de sua esposa, Michelle, e suas filhas Malia e Sasha, Obama cruzou a pé a ponte sobre o rio Alabama.
Charleston: "Amazing Grace"
26 de junho de 2015
"Durante muito tempo, fomos cegos à forma com que as injustiças do passado continuam dando forma a nossopresente", afirmou.
Obama falou durante uma cerimônia religiosa em memória de nove membros de uma igreja mortos por um supremacista branco.
Em um de seus mais recordados discursos, Obama se referiu à interminável luta contra o racismo e o porto de armas com um tom quase religioso, até que, em um determinado momento, depois de uma longa pausa, começou a cantar o hino religioso "Amazing Grace".
De acordo com Keenan, o discurso que foi preparado tinha a letra da canção. "Naquela manhã, estávamos já no helicóptero quando ele me disse: sabe de uma coisa? É possível que eu cante uma parte". Eu olhei pela janela e pensei: "Claro que vai cantar".
Havana: irmãos reunidos
22 de março de 2016
"Em muitos aspectos, Estados Unidos e Cuba são como dois irmãos que ficaram separados por muitos anos, mesmo compartilhando o mesmo sangue", afirmou Obama no histórico discurso no Gran Teatro de Havana.
Em um gesto elaborado para deixar para trás meio século de confrontos e desconfianças, Obama viajou a Cuba e pronunciou um discurso concebido como uma mensagem aos cubanos para iniciar um novo capítulo nas relações bilaterais.
O presidente cubano, Raúl Castro, acompanhou atentamente o discurso de um dos balcões do teatro e aplaudiu a calorosamente a mensagem de Obama.